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Estado de Minas

Relembre as confissões de Macarrão que complicam goleiro Bruno


postado em 05/03/2013 06:41 / atualizado em 05/03/2013 07:43

Eliza Samudio foi levada para a morte. A afirmativa que responde à pergunta que há mais de dois anos desafia policiais, advogados e a opinião pública é de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço direito do goleiro Bruno. Após se ver isolado no julgamento sobre o sequestro e morte da ex-amante do atleta, ele declarou que ela realmente foi assassinada. E foi além: pela primeira vez um dos envolvidos no caso, que se transformou no de maior repercussão da Justiça mineira, envolveu o jogador diretamente na trama do homicídio. Em suas declarações, Macarrão – que sustentava a versão de que Eliza de Bruno foi deixada em um ponto de táxi antes de sumir – se esforçou para demonstrar que teve participação mínima no episódio.

Era madrugada quando Macarrão, depois de quase três horas do depoimento mais aguardado do dia, se perdeu em sua fala e mudou o tom de voz ao responder a uma pergunta da juíza Marixa Fabiane. “Aquele dia havia muita coisa estranha.” Com voz embargada, ele contou que, no dia apontado como o do assassinato, pediu a Bruno para deixar Eliza em paz, depois que o patrão pediu que ele levasse a jovem até a Pampulha. “Eu falei para o Bruno que pensasse bem o que ia fazer, pois a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco e tudo que acontecesse iria cair em minhas costas. ‘Sua família vai me culpar de estragar sua carreira e vida.’ Ele falou: ‘Deixa comigo!’, e bateu no peito. ‘Cara, me conta o que você está fazendo’, e ele disse: 'Larga de ser bundão'. Eu estava pressentindo que estava levando a senhorita Eliza para morrer”, afirmou Luiz Henrique, admitindo que houve o crime.

Segundo Macarrão, Bruno tinha dito a Eliza que ela seria levada ao apartamento que ganharia. Ao chegar ao destino com a mulher e o primo de Bruno, que na época do crime era menor, Macarrão disse que tudo ocorreu de forma muito rápida. “Fui eu e o adolescente J. no EcoSport levar Eliza em frente à Toca da Raposa e deixá-la lá, que alguém iria pegá-la. Uma pessoa desceu de um Palio preto, pegou Eliza de dentro do Eco Sport e deixou a criança”, relatou Macarrão. “Ela desceu voluntariamente (do carro). Eu não via a pessoa (que pegou a jovem) e arranquei o carro rápido. Saí do local e quase bati no poste.”

Dizendo ter guardado as declarações por mais de dois anos, Macarrão afirmou ter ficado abalado com o que ocorreu. “Voltei para o sítio chorando muito, preocupado. O J. (o menor primo de Bruno) estava tranquilo e dizia que eu era bundão. Chegamos no sítio por volta das 22h. Eu estava apavorado e nunca tinha lidado antes com essa situação”.

No longo depoimento que entrou pela madrugada, Macarrão revelou detalhes sobre os quais não havia ainda falado, admitiu fatos que constam das investigações, mas também negou muitas acusações levantadas pela polícia na fase de inquérito. O braço direito de Bruno não assumiu ter sequestrado Eliza no Rio, mas admitiu ter levado a jovem até a casa de Bruno, no Recreio dos Bandeirantes, na capital fluminense, e confirmou que ela sofreu uma agressão na Land Rover do goleiro, o que explicaria as manchas de sangue encontradas pela perícia no carro. Luiz Henrique admitiu que a mulher foi agredida no trajeto pelo primo de Bruno, na época menor de idade, mas negou que ela tivesse sido vítima de uma coronhada, como afirmou o rapaz à polícia.

CERCO

A pressão para a confissão de Macarrão começou a ser articulada cedo. Em nova reviravolta no julgamento, o goleiro Bruno, que na véspera havia destituído seu defensor Rui Pimenta e nomeado o advogado Tiago Lenoir, anunciou que o jurista Lúcio Adolfo da Silva assumiria sua defesa. Com a iniciativa, o atleta teve seu julgamento desmembrado, já que o novo advogado pediu vista do processo, por não conhecer o caso. Ao ver Bruno deixando o tribunal, Macarrão chorou, segurou a cabeça com as mãos e a pôs entre as pernas, aparentando abandono e desespero.

Após conversar com o réu – agora respondendo isoladamente por homicídio, já que Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também teve seu julgamento adiado – o assistente da acusação, José Arteiro, anunciava ter fechado um acordo para a confissão. Para aumentar a pressão, o promotor Henry Wagner apresentou vídeos, ontem à noite, com reportagens sobre o caso. No banco dos réus, a estratégia pareceu dar certo. Luiz Henrique, que nos dias anteriores se mantinha impassível, dava sinais de inquietação e nervosismo antes do depoimento em que revelou sua versão para a trama. (Colaboraram Pedro Ferreira, Daniel Camargos e Carolina Lenoir)

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