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Estado de Minas

Um promotor dedicado e rigoroso

Henry Wagner Vasconcelos ingressou no Ministério Público de Minas Gerais em 2004. Ainda estudante de direito no Rio Grande do Norte, já se destacava.


postado em 25/11/2012 07:08 / atualizado em 25/11/2012 07:13

O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, que ficou conhecido pela atuação no caso Bruno, sempre se destacou pelo rigor e pela dedicação. Nascido em Natal (RN), ele ingressou no Ministério Púbico de Minas, em 16 de agosto de 2004. Antes de ser transferido para Contagem foi promotor em cinco comarcas no interior e atuou em mais de 300 julgamentos do Tribunal do Júri.

Já como estudante de direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) se destacou como orador da turma ao se formar em 2000. O jeito didático de explicar aos jurados toda a trama sobre o desaparecimento e a morte de Eliza talvez venha das aulas que o promotor deu às turmas da 5ª à 8ª séries em uma escola pública de Natal. Ainda estudante de direito na UFRN, onde ingressou como primeiro lugar no curso e na terceira colocação geral, Henry dava aulas de história e geografia. Com memória fotográfica e facilidades para decorar datas, nomes, páginas e trechos contados em livros – ou depoimentos – durante a última semana o promotor mostrou que conhecia a fundo o processo de mais de 15 mil páginas sobre o caso Bruno.

O testemunho é do advogado e ex-professor dele Paulo Lopo Saraiva, de 74 anos. “O Henry sempre foi um jovem muito brilhante e muito bom orador. Tanto é que eu mesmo pedia para ele fazer palestras para os outros alunos”, relata Saraiva, doutor em direito constitucional pela Universidade de Coimbra (Portugal). Localizado no interior do Rio Grande do Norte, o professor chorou ao falar do ex-aluno. “Ele sempre demonstrou ser um rapaz muito corajoso e firme. Fico muito feliz e emocionado quando vejo o crescimento de um ex-aluno”, afirmou.

Henry trabalhou como advogado de bancos e em 2002 tornou-se procurador da Procuradoria-Geral Federal, vinculada à Advocacia-Geral da União. No MP de Minas, iniciou na carreira de promotor em Resplendor, no Leste do estado, em 2004. Passou por São Francisco, no Norte, Diamantina, na Região Central, e Itabira, no Vale do Aço. Em 2008, assumiu o Tribunal do Júri em Montes Claros, onde permaneceu até junho, quando foi transferido para Contagem e assumiu o caso Bruno.

“É um promotor dedicado ao ofício, que não se envolve em questões políticas”, afirma o juiz Isaias Caldeira Veloso, da 1ª Vara Criminal de Montes Claros, onde atuou em julgamentos de traficantes. Ele conseguiu também a condenação de dois jovens que mataram um casal durante um pega em uma das avenidas mais movimentadas da cidade, em dezembro de 2003.

Henry assumiu a acusação em julho, mas desde março já procurava se aprofundar. Diariamente, em feriados e fins de semana inclusive, usava o tempo disponível para entender a história que envolvia Bruno, suas mulheres, seu melhor amigo, dois parentes e um ex-policial.

Atuação no júri

Vasconcelos diz que gostou da atuação no Tribunal do Júri de Contagem. Do experiente promotor Francisco Santiago, que acumula 1.653 júris em 20 anos de Ministério Público, mereceu nota 10. A encenação e as palavras divididas em sílabas para enfatizar uma ideia motivaram cumprimentos de advogados, defensores públicos e estudantes de direito nos intervalos. Na abertura dos debates, Henry citou Carlos Drummond de Andrade, com o poema Os homens suportam o mundo.

Em casa, o torcedor do América-RN, com simpatia pelo Atlético Mineiro, filho de militar reformado, planeja ser pai. Aos 35 anos, tem menos de dois anos de casamento com uma psicóloga, a quem teve que contar detalhes do interrogatório de Macarrão, que acabou às 4h de quinta-feira, antes de dormir um pouco, das 7h30 às 10h45. Ainda assim, sequer parecia cansado. E mantinha o cabelo impecavelmente arrumado.

Três perguntas para Francisco de Assis Santiago promotor de justiça

O que o senhor achou da atuação do promotor Henry Wagner Vasconcelos?

Esse menino é muito bom. A defesa poderia ficar um mês falando que não conseguiria reverter tudo o que ele apresentou ao conselho de sentença. Para fazer isso, no mínimo, eles precisariam conhecer o processo todo, o que nem todos conheciam.

Qual o ponto de maior destaque?

Contra ele pesava o fato de não existir cadáver, mas seu trabalho foi técnico. Eu coloco folhas soltas, para não ter que procurar, mas ele sabia de cabeça volumes e páginas e chegou ao final sem errar, mostrando que estudou. Trabalhar com prova testemunhal é muito fácil, mas o cruzamento de telefones é difícil de fazer e ninguém costuma usar muito. Ele mostrou o que aconteceu desde o Rio de Janeiro até Minas Gerais e fez um trabalho extraordinário. Foi melhor técnica do que emocionalmente, mas cumpriu muito bem seu trabalho.

O promotor criticou alguns advogados. Como o senhor avalia essa postura?

Ele não fez uma crítica à Ordem dos Advogados, mas à falta de providências ao comportamento antiético e desrespeitoso do advogado Ércio Quaresma. Não dá para analisar as frases dele soltas, porque fazem parte de um contexto, que é verdade.

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