O local, com 18 mil metros quadrados, tem quadras para práticas esportivas, além de ser arborizado. Em agosto deste ano, o prédio foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio de Belo Horizonte (CDPCM-BH), na 104ª Sessão Extraordinária, por meio de videoconferência.
Segundo o copresidente e fundador do Bernoulli Educação, Rodrigo Fernandes Domingos, já tinha um tempo que a instituição procurava um prédio para instalar uma nova unidade. “Havia um tempo que buscávamos possíveis locais, mas coincidiu da edificação ficar disponível, já que o Colégio Pitágoras o devolveu. Com isso, surgiu a oportunidade e, por ser um prédio escolar, ter uma área grande e está bem localizado, percebemos que era o ideal”, explicou.
As atividades na nova unidade do Bernoulli estão previstas para iniciar em 2024. “Existem alguns trâmites necessários. Faremos uma revitalização de algumas partes possíveis para o projeto de funcionamento, mas respeitando as normas do tombamento. Afinal, é um prédio histórico”, disse.
História do prédio
Com mais de 72 anos de história, segundo documentos da Fundação Municipal de Cultura, o prédio abrigou, inicialmente, uma unidade do Colégio Sacré Coeuer de Jesus de Belo Horizonte. A edificação foi erguida em partes dos lotes 31, 33, 35 e 37, da ex-Colônia Afonso Pena.
As colônias foram incorporadas à zona suburbana da cidade e nunca serviram ao propósito inicial, que era de abastecimento da capital, inaugurada em 12 de dezembro de 1897.
Em 1952, a primeira parte da edificação foi estendida entre as ruas Iraí até a Rua Santa Madalena de Sofia. Já em 1958, foi adicionado um bloco lateral esquerdo e parte do bloco central é direcionada para a Avenida Prudente de Moraes. Em 1969, as construções foram concluídas com a instalação da capela, projetada por Vicente Buffalo, aluno da primeira turma da Escola de Arquitetura de Belo Horizonte, fundada em 1930.
O fundador do Bernoulli conta que a instalação da unidade no prédio influencia na educação dos alunos. “Trabalhamos na prática com os nossos estudantes a questão da preservação da nossa história, da nossa memória e passado. O prédio, em si, é muito importante para uma escola, então ficamos muito felizes em adquirir um local tão importante historicamente e com características tão relevantes. Afinal, colabora com o nosso propósito de oferecer uma educação de qualidade”, contou.
O colégio Sacré Coeur de Jesus ficou instalado no prédio até a década de 1970, quando foi cedido o lugar para o Colégio Pitágoras Cidade Jardim, pertencente ao grupo fundado em 1960 e formado pelos jovens Evando Neiva, Júlio Cabizuca, Marcos Mares Guia, João Lucas Mazoni Andrade e Walfrido Mares Guia.
“Muitas pessoas estudaram ali, tem memórias. Por isso, ter essa oportunidade de dar continuidade a educação em um patrimônio histórico é motivo de muita alegria para nós. É um prédio lindo e trabalharemos para a manutenção das características históricas dele, o preservando”, afirmou Rodrigo.
Colégio Pitágoras encerrou suas atividades este ano
A unidade do Colégio Pitágoras tem mais de 55 anos de atividade e atuava do ensino infantil ao ensino médio. Em novembro do ano passado, o colégio anunciou que encerraria suas atividades em 2022 e firmou uma parceria com o Coleguium — outra escola de ensino tradicional de BH — para garantir vagas aos alunos interessados.
Além de várias unidades de ensino na capital mineira, incluindo de educação universitária, a Rede Pitágoras abriu escolas em vários países, como Iraque, Peru, Angola, Congo Francês, Mauritânia e Equador. Outros estados brasileiros, como Rondônia, Pará, Goiás, Bahia, Maranhão e Amazonas, também abrigaram instituições do grupo.
Para o copresidente do Bernoulli, os moradores do entorno se sentiram felizes com a instalação da unidade no patrimônio. “O prédio praticamente fez o bairro. Então, ele tem uma história muito forte, sobretudo ligada às questões religiosas. Além disso, por muitos anos, abrigou o Colégio Pitágoras, que é muito conhecido e importante para a história da cidade. Então, tenho a impressão que as pessoas ficaram felizes em saber que instalaremos uma nova escola no local”, contou.
Em 2019, o Colégio Pitágoras se tornou a segundo escola de Minas Gerais certificada como Escola de Referência do Google, que reconhece instituições de ensino, públicas e privadas, que usam as ferramentas Google for Education.