Torres de energia

Ao fim de setembro a carga total de energia consumida no país deve chegar a 75.234 megawatts (MW), segundo projeção do operador nacional do Sistema. Reservatórios estão cheios

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 29/6/21

A onda de calor extremo provocada pelo fenômeno El Niño vai trazer mais impactos do que somente a sensação térmica. Um relatório do Operador do Sistema Elétrico (ONS) estima que a demanda média de carga elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), ao fim do mês de setembro, alcançará o valor de 75.234 MW, valor recorde para o período e que representa o crescimento de 5,8% em relação à demanda de setembro do ano passado. Segundo o ONS, o aumento seria influenciado pela onda de forte calor que atinge o país na última semana do mês.
 
Dados fornecidos pelo ONS mostram que a média da demanda energética de setembro de 2023 – até o domingo – era de 76.235 MW, um recorde para o período segundo a série histórica. Antes disso, o maior valor médio demandado no período tinha sido de 70.073 MW, em setembro de 2021
 
“A previsão de crescimento da carga para setembro é a maior dos últimos meses, reflexo do calor mais intenso e também de uma economia mais aquecida. Em termos de operação e atendimento da demanda, seguimos preparados para atender a sociedade brasileira. O sistema é robusto, seguro e o cenário é favorável”, afirma Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS.
 
Dentre as regiões, o Norte deve ter o maior crescimento na demanda média, com 10,6% (7.707 MW), o que se relaciona não só ao calor, mas também à retomada das atividades de consumidor livre da região. A área abarcada por Sudeste e Centro-Oeste deverá ter aumento de 6,1% (42.756 MW), seguida pelo Nordeste, com 4,2% (12.350 MW). A menor projeção de crescimento é da região Sul – que vem sofrendo com constantes chuvas durante o mês –, com 3,8% (12.421 MW). Os valores refletem aumentos comparativos relacionados ao período de setembro de 2022.
 
Segundo o ONS, o Subsistema Sudeste/Centro-Oeste – que abrange reservatórios como a usina hidrelétrica de Furnas e Emborcação – apresenta uma condição favorável de armazenamento que, no domingo era de 73,96%, a maior verificada para o dia em 24 anos. Dessa forma, o operador afirma que o fornecimento de energia está garantido apesar da alta demanda.
No varejo, o sentimento é de otimismo em relação à indústria de ar-condicionado, que já projeta fechar o ano com alta de até 10% nas vendas, depois de fechar 2022 com queda de 26% na produção de ar-condicionado do tipo split e de 81%, entre os de janela. “Nosso principal influenciador é São Pedro e ele está nos ajudando muito neste ano”, brinca Jorge do Nascimento, presidente-executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
As temperaturas elevadas dos últimos dias levaram o consumidor às compras. Entre os dias 10 e 20 de setembro, a plataforma Shopee registrou alta de 400% no volume de buscas por ventiladores em seu site e aplicativo, na comparação com o mesmo período do ano passado. As vendas desse produto cresceram 200%. Por ar-condicionado, o aumento nas buscas foi de 250%. Em uma grande rede varejista, as vendas de ares-condicionados aumentaram 72%, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste. No ecommerce, a empresa registrou crescimento de 49% nas vendas em setembro. A baixa umidade relativa do ar também turbinou a procura por aparelhos umidificadores, que subiu 80%. 

Diesel

A decisão da Rússia de suspender, na última quinta-feira, as exportações de diesel e gasolina, em meio a uma escassez interna desses produtos, deve impactar o mercado brasileiro e pressionar a Petrobras por reajustes de preços nas refinarias, o que pode ter efeito sobre a inflação. Sob sanções comerciais da Europa após a invasão da Ucrânia, os russos se tornaram, neste ano, o maior fornecedor externo de diesel ao Brasil, deixando para trás os Estados Unidos, tradicionais exportadores do combustível. Apenas em agosto, o diesel russo foi responsável por mais de 70% do volume importado pelo Brasil, que ainda tem forte dependência externa, importando entre 25% e 30% de sua necessidade desse combustível.