Postos de combustível

Diretora do Setcemg afirmou que postos de combustível já não estão recebendo das distribuidoras os pedidos de diesel integralmente

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
O estresse dos representantes dos postos de combustíveis com relação à política de preços da Petrobras já é sentido também entre grandes consumidores. Um dia depois do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro) divulgar nota apontando risco de desabastecimento de diesel no estado, representante de empresas de transporte de carga afirma que uma certa escassez já é realidade. Postos de combustíveis e donos de transportadoras consultados isoladamente pelo Estado de Minas, entretanto, afirmam não ter verificado nenhum problema relacionado ao abastecimento até o momento.

Seguindo o mesmo raciocínio usado pelo Minaspetro em nota divulgada na terça-feira (8/8), Juliana Martins, diretora do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg) afirma que o descompasso dos preços do diesel no mercado interno em relação aos praticados internacionalmente desestimulam a importação do produto por parte das distribuidoras, necessária para complementar os volumes consumidos no país, que ultrapassam a produção nacional.
 
“Isso pode causar uma redução de "aproximadamente 25% a 30% na oferta do diesel”. Em consequência, o transporte poderá ser afetado, afirma. “Se você não tem combustível para rodar, como é que você vai transportar", questionou. De acordo com ela, já há escassez do combustível em postos sem bandeira e empresas que vendem diretamente para transportadoras e fazendas. A Petrobras garante que “o mercado tem plena capacidade de atender demandas adicionais”.

A companhia vem sendo questionada pelo mercado por praticar preços dos combustíveis bem abaixo das cotações internacionais nas últimas semanas. Na terça-feira, entretanto, o diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, afirmou que a empresa ainda vê muita volatilidade no mercado de petróleo e que sua política comercial ainda consegue absorver as defasagens nos preços dos combustíveis.

Ele repetiu o argumento de que a nova estratégia comercial da companhia não prevê o repasse imediato de oscilações no mercado externo e considera também fatores internos na definição dos preços, como o custo de combustíveis concorrentes e o valor marginal de produção. As cotações internacionais do petróleo cederam nos últimos dias, mas permanecem em patamares bem superiores aos verificados quando a Petrobras anunciou a mudança na política de preços, reduzindo os valores cobrados por suas refinarias nas vendas de gasolina e diesel.

Contudo, conforme alegado pela Minaspetro, com o fim da política de Paridade de Preços de Importação (PPI), que baseia o valor do combustível interno pelo barril de petróleo, a compra não está compensando para as distribuidoras, pois o combustível no exterior está mais caro do que no Brasil. De acordo com o relatório diário da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem no decorrer deste mês começou em R$ 0,79 até atingir os atuais R$ 1,01.

Em nota enviada ontem ao Estado de Minas, a Petrobras informa que “está cumprindo integralmente suas obrigações contratuais junto às distribuidoras. Destaca-se ainda que, atualmente, o mercado brasileiro é atendido por diversos atores além da Petrobras (distribuidoras, importadores, refinadores, formuladores), que produzem e importam derivados com frequência e têm plena capacidade de atender demandas adicionais”.

Confira na íntegra as notas do Minaspetro e da Petrobras:

Petrobras corta bombeio, e há risco de desabastecimento no diesel em Minas Gerais

O Minaspetro recebeu informações de diversos revendedores que as bases distribuidoras estão cortando pedidos, especialmente no diesel S10 e S500. Isso se deve, possivelmente, pela defasagem do preço interno em comparação com os valores praticados no mercado internacional, alertada amplamente pelos especialistas do mercado. 

O risco de desabastecimento é algo que deve ser fortemente combatido por todos os elos da cadeia. O Minaspetro vem alertando que o abandono à Paridade de Preços de Importação (PPI) seria um risco para o mercado de combustíveis e, sobretudo, para a própria estatal. 

O Minaspetro irá notificar os órgãos reguladores e reforça o alerta à população sobre o risco de desabastecimento para o diesel, um problema grave para o andamento harmônico da economia e da sociedade. Caso a situação permaneça, haverá postos, especialmente do interior e Marca Própria, sem combustível para a venda ao longo da semana.

Petrobras

A Petrobras informa que está cumprindo integralmente suas obrigações contratuais junto às Distribuidoras. Destaca-se ainda que, atualmente, o mercado brasileiro é atendido por diversos atores além da Petrobras (distribuidoras, importadores, refinadores, formuladores), que produzem e importam derivados com frequência e têm plena capacidade de atender demandas adicionais.