display do eVtol

Um display do eVtol foi apresentado no Austin Convention Center durante a Conferência e Festival SXSW 2023 em março

Suzane Cordeito/AFP - 12/3/23


A Eve Air Mobility e a Embraer anunciaram, ontem, que escolheram a cidade de Taubaté, no interior de São Paulo, para a produção das aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVtols), da Eve, que possui mais de US$ 8 bilhões em encomendas. A Eve é uma subsidiária da Embraer na área de mobilidadade urbana. A nova fábrica dos veículos elétricos voadores será instalada em uma área dentro da unidade existente da Embraer, na cidade paulista, e ainda sujeita a aprovação final das autoridades. Questionada, a empresa ainda não informou quantos empregos podem ser gerados com o empreendimento.

De acordo com o comunicado das duas empresas, o local se beneficia de uma logística estratégica, oferecendo fácil acesso por meio de rodovias e proximidade de uma linha ferroviária. Outra vantagem significativa é a localização próxima à sede da Embraer em São José dos Campos (SP) e da equipe de engenharia e recursos humanos da Eve, o que facilitará o desenvolvimento e a sustentabilidade de novos processos de produção, aumentando a agilidade e a competitividade da empresa.

“Quando começamos a procurar um local para fabricar nossa eVTOL, quisemos repensar como a aeronave poderia ser construída utilizando as mais recentes tecnologias e processos de fabricação, combinados com outros aspectos, como a cadeia de suprimentos e logística”, disse André Stein, co-CEO da Eve, no comunicado. Segundo ele, a nova linha de montagem está sendo projetada para "priorizar segurança, qualidade, eficiência, produtividade e sustentabilidade."

“Essa decisão está alinhada ao nosso plano estratégico de crescimento baseado em inovação e sustentabilidade”, disse Francisco Gomes Neto, Presidente e CEO da Embraer. Ele informou que acredita no potencial do mercado global de Mobilidade Aérea Urbana e aposta na Eve como uma das principais empresas desse setor.

Encomendas 

As cartas de intenções recebidas pela Eve para a compra da eVtol somam, até o momento, 2.850 unidades, o que corresponde a uma carteira superior a US$ 8 bilhões, de acordo com a companhia. Entre os 28 clientes da Eve, destacam-se operadores de helicópteros, companhias aéreas, empresas de leasing e plataformas de voos compartilhados. No Brasil, dos 2.850 eVTOLs encomendados, são 285 veículos dos quais 100 são para a Avantto, 50 para a Helisul, 40 para a FlyBIS, 25 para a Flapper e 70 para a Voar, segundo a empresa.

Em maio de 2022, a Eve anunciou uma parceria com a Porsche Consulting para definir a estratégia macro global de produção, cadeia de suprimentos e logística do eVTOL. “Desde então, as empresas têm trabalhado juntas para pesquisar conceitos avançados de fabricação e inovação, utilizando suas expertises em aeronáutica e automobilismo para projetar um conceito de industrialização para aeronaves eVTOL baseado em padrões elevados de segurança, qualidade e eficiência”, acrescentou o comunicado.

Em junho, durante a feira Paris Air Show, a Eve anunciou a escolha de três fornecedores. A Nidec fará o sistema de propulsão do eVtol, a BAE Systems, o sistema de baterias, e a DUC, os rotores. No mesmo evento, a companhia divulgou novas parcerias. Um acordo com a United Airlines pretende levar a tecnologia para a região de San Francisco, nos EUA. Na Europa, as parcerias com a Blade e a Widerøe Zero foram ampliadas. Houve também uma nova encomenda da irlandesa NAC.

A Eve continua progredindo no desenvolvimento de seu eVTOL e está desenvolvendo um software de Gerenciamento de Tráfego Aéreo Urbano (Urban ATM) "para otimizar e expandir as operações de Mobilidade Aérea Urbana em todo o mundo".

Produção 

O eVtol (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, na sigla em inglês), ainda não existe. Está em fase de projeto e os primeiros protótipos estão sendo montados a partir de agora. Se tudo correr como previsto, o primeiro voo experimental ocorrerá em 2024 – embora a empresa prefira não cravar a data do primeiro teste real. A expectativa é de que o eVtol seja entregue aos compradores em até três anos. Embora ainda esteja sendo criado, já existem quase 3.000 encomendas. Pelo cronograma atual, os primeiros veículos devem ser entregues em 2026.

A Eve espera que os voos iniciais custem de US$ 50 a US$ 100 (cerca de R$ 250 a R$ 500) por passageiro, para trajetos de 10 a 15 minutos. Neste tempo, seria possível ir de Campinas a São Paulo, por exemplo. Se o custo baratear muito, os novos veículos voadores poderiam competir até com o transporte urbano em carros autônomos. Mas esse cenário ainda deve demorar a acontecer, pois depende de uma série de fatores.