Fachada do banco Bradesco

Sem o efeito Americanas, as provisões do banco seriam de R$ 10,562 bilhões

Bradesco/Divulgação
O Bradesco anunciou nesta quinta-feira (9) que fez uma provisão extraordinária de R$ 4,9 bilhões para cobrir sua exposição total à Americanas, que pediu recuperação judicial no mês passado.

 

A medida, que é uma forma de se proteger contra um eventual calote, teve forte impacto no resultado do banco no quarto trimestre. O lucro recorrente, de R$ 1,595 bilhão, ficando bastante abaixo da projeção média de analistas consultados pela Refinitiv, que esperavam R$ 4,4 bilhões. Na comparação frente ao mesmo período de 2021, o lucro caiu 75,9%.

 

O lucro contábil do Bradesco, que leva em conta efeitos extraordinários, ficou em R$ 1,44 bilhão. O número é o menor registrado pelo banco desde o terceiro trimestre de 2006, quando o Bradesco teve ganhos de R$ 219 milhões, segundo levantamento feito pelo TradeMap, sem correção pela inflação.

 

A provisão total do Bradesco para inadimplência foi de R$ 14,9 bilhões, mais do que o dobro do reservado um ano antes.

 

Sem o efeito Americanas, as provisões do banco seriam de R$ 10,562 bilhões, que representaria um avanço de 23% ante o terceiro trimestre de 2022, e de 108% em relação ao fim de 2021.

 

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Além do Bradesco, Santander e Itaú também elevaram as provisões em razão da Americanas. Conhecida como PDD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa), a despesa representa um colchão que o banco é obrigado a fazer para proteger seu capital contra possíveis atrasos nos empréstimos que concedeu.

 

No caso do Itaú, o aumento foi de R$ 1,7 bilhão em três meses, passando de R$ 8,2 bilhões no terceiro trimestre de 2022 para R$ 9,9 bilhões na parte final do ano passado. No caso do Santander, a despesa com provisão aumentou 14% em três meses.

 

Com o resultado, a rentabilidade do Bradesco, medida pelo Retorno sobre Patrimônio Líquido, caiu de 13% entre julho e setembro para 3,9% no quarto trimestre de 2022.

O Bradesco fechou o ano passado com uma carteira de crédito expandida de quase R$ 892 bilhões, crescimento de 1,5% em três meses, e de 9,8% em um ano.

 

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O maior crescimento foi registrado nos empréstimos para pessoas físicas, com avanço de 2,4% no trimestre e de 12,6% no ano. Para grandes empresas, os financiamentos tiveram aumento de 0,9% em três meses, e de 7,9% em 12 meses.

 

O cenário de inadimplência do Bradesco piorou no final do ano passado. Os créditos com atraso superior a 90% passaram de 3,9% para 4,3% da carteira total entre setembro e dezembro.

 

Nas pessoas físicas, a inadimplência atingiu o patamar de 5,5% no fim de 2022, ante 5,1% no terceiro trimestre. Nas micro, pequenas e médias empresas, os atrasos passaram de 4,5% para 5,3% em três meses.

 

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O destaque positivo do balanço do Bradesco ficou com a área de seguros, que teve lucro líquido recorrente de 1,893 bilhão no quarto trimestre de 2022, crescimento de 26,6% em relação ao terceiro trimestre, e de quase 25% na comparação anual.