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Estado de Minas

PIB cresce 1% no trimestre, abaico da previsão do mercado

Puxado pelo setor de serviços, resultado ficou abaixo da previsão do mercado, mas Ministério da Economia vê expansão robusta e especialistas alerta para riscos


03/06/2022 04:00 - atualizado 03/06/2022 00:40

Pessoas em mesas de restaurante à noite
Reação de setores após a pandemia favoreceu atividade econômica e geração de riqueza soma R$ 2,25 trilhões (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Pres - 7/4/22)

Puxado pelo setor de serviços, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano passado, divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, a recuperação do crescimento ainda foi abaixo do esperado pelo mercado, de pelo menos 1,2%. Esse é o terceiro resultado positivo, depois do recuo de 0,2% no segundo trimestre de 2021. O PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país, chegou a R$ 2,249 trilhões em valores correntes. Com esse resultado, ficou 1,6% acima do patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia, e 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica, registrado no primeiro trimestre de 2014. O patamar atual está próximo do registrado no primeiro trimestre de 2015.

O setor de serviços, com o relaxamento das medidas de restrição sanitária, puxou a economia pelo lado da oferta, com avanço de 1% ante o quarto trimestre de 2021, enquanto a indústria cresceu apenas 0,1%. Já a agropecuária, que sempre funcionou como motor do PIB, caiu 0,9%, devido à quebra da safra de soja pela seca que atingiu a região Sul. Do lado da demanda, o consumo das famílias avançou 0,7%. O Ministério da Economia considerou que o crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre foi “robusto” e mostrou que a economia brasileira está resiliente.

Ao Estado de Minas, Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, explicou que o resultado do período veio abaixo das expectativas do mercado, que eram de 1,5% – mais pessimista, a Austin projetava 0,6%. “Esse PIB não está contaminado com o processo de elevação das taxas de juros globais. Teve pouca contaminação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que começou no final de fevereiro. Também não foi contaminado com as expectativas de reduções do crescimento dos Estados Unidos e da China, cujo debate começou no início de abril”, explicou Agostini.

De acordo com o economista da Austin Rating, o governo federal deve comemorar por pouco tempo esse resultado. “É algo momentâneo e dificilmente o país conseguirá sustentar esse crescimento no segundo semestre. Até pode ter algum crescimento positivo no segundo trimestre, mas na segunda metade do ano poderá haver algum trimestre negativo, pois teremos maior incidência de impactos negativos da alta de juros”, explicou.

A Austin Rating publicou ontem que o resultado do PIB deste primeiro trimestre fez o Brasil ficar na 9ª posição no ranking internacional de desempenho econômico entre 32 países, à frente do Reino Unido (0,8%), Coreia do Sul (0,8%) e Suíça (0,5%), por exemplo.

Retomada 

A economista Natalie Verndl destacou ainda que a expectativa do mercado estava atrelada à retomada do setor de serviços, mesmo considerando a variante ômicron da COVID-19. “O agronegócio, que não estava muito bom, puxou um pouco para baixo, mas estava dentro da conta”, explicou. “Estamos dentro da tempestade perfeita, no cenário das altas inflacionárias e de juros, garantindo pouco crescimento, com eventos como copa, carnaval e eleição”, disse. “Há ainda a questão da guerra da Ucrânia, que dificulta o abastecimento em escala global”, reiterou.

No espectro político, o resultado do PIB repercutiu dentro do Senado. Na oposição, o senador Jean Paul Prates (PT-RJ) avaliou que o que pesou no resultado foi a alta inflacionária. “A economia está parada com a inflação. O PIB não consegue deslanchar até porque estamos em uma situação crítica com os combustíveis e nesse processo todo de tarifa de energia”, afirmou.

Já o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que o crescimento de 1% é resultado da retomada de muitos setores, como o turismo interno e o próprio agronegócio, mas ainda assim, a expectativa era um resultado melhor. “Com o aquecimento do mercado de turismo interno, o agronegócio, a agroindústria, já esperava um crescimento até maior”. disse. “Por outro lado, a expectativa de continuar o crescimento não é muito boa. Com inflação e juros altos, é impossível que se pense em um país com tanta insegurança política e fiscal”, afirmou.

Para Alencar, o cenário eleitoral é o que pode pesar no PIB no futuro. “Com a eleição se aproximando e um governo que toma atitudes que colocam em risco o equilíbrio fiscal do país, há uma chance de recuo até desse crescimento. O governo se mobiliza para ter como prioridade a reeleição, e não para estabelecer uma política de crescimento, de geração de renda e empregabilidade”, destacou. “Em nossa inflação, há ainda o descontrole das contas públicas, nosso orçamento está muito apertado e nosso teto pode ruir. Há uma pressão para que haja mais gastos para ganhar a eleição”, corroborou a economista Verndl. 


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