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Estado de Minas CRISE

Com sufoco financeiro, 13º deve ser usado para quitar dívidas e poupança

É o que avaliam especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, que preveem queda de gratificações natalinas, ante corte e suspensão de jornada após a COVID-19


02/12/2020 04:00 - atualizado 02/12/2020 08:58

Esperada redução das remunerações natalinas, neste ano, deve frustrar as expectativas de vendas do comércio(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 12/11/20)
Esperada redução das remunerações natalinas, neste ano, deve frustrar as expectativas de vendas do comércio (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 12/11/20)
O pagamento do 13º salário dos trabalhadores formais, aposentados e pensionistas deve injetar cerca de R$ 19 bilhões na economia de Minas Gerais neste ano, valor que representa quase 3% do Produto Interno Bruto (PIB,  conjunto da produção de bens e serviços) do estado.

Entretanto, segundo avaliação do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a quantia é praticamente a mesma que foi paga em 2019 e representa frustração quando comparado às projeções iniciais.

Além dos impactos sobre o mercado de trabalho impostos pela crise sanitária e econômica, que levaram a recuo no emprego formal e a aumento da informalidade, a queda prevista no total pago em 2020 também decorre das medidas do governo que permitiram a redução da jornada de trabalho e a suspensão temporária do contrato de trabalho como forma de preservar os empregos.

Márcio Antônio Salvato, doutor em Economia e professor da instituição especializada de ensino Ibmec-BH, considera que 2020 é um ano muito atípico e que o montante de 13º salário pago deve ser menor que o estimado.  A perda de renda esperada reflete “o fato de as pessoas não terem conseguido trabalhar por todos os meses consecutivos neste ano ou mesmo porque ficaram fora do mercado em algum momento”, como destaca Salvato.

O economista acredita que o pagamento da remuneração adicional trará aquecimento ao comércio, mas de uma forma mais comedida, porque parte dos recursos do 13º está comprometidos com o pagamento de dívidas.

Leia também: Apertamos a tecla SAP pra você entender as regras de 2020 do 13º

 “Há muitas famílias, e talvez um percentual maior neste ano de pandemia e de contenções de consumo, que foram para o endividamento e neste momento usam esse recurso extra, e já estavam contando com ele pra isso, pra liquidar suas dívidas. O volume pago de 13º será menor e um percentual maior desse valor pago será direcionado para pagamento de dívidas contraídas durante o ano”, completou.

Para o economista Fernando Duarte, supervisor técnico do Dieese-MG, a economia já funciona antevendo o pagamento do 13º e neste ano e há uma expectativa frustrada com o pagamento desse abono, que não deverá injetar mais que R$ 19,5 bilhões na economia mineira, dado o número de demissões registradas e a suspensão de contrato de trabalho.

Duarte, assim como Salvato, enxerga que há cautela para gastos ambiciosos por parte do trabalhador e que o pagamento de dívidas deverá ser o fim principal da gratificação de fim de ano.

“Projetamos que, para o trabalhador, este ano será provavelmente de demanda para pagamento de dívidas ou de poupança. Dificilmente as pessoas vão utilizar o 13º salário para contrair mais dívidas neste momento, tendo em vista que a economia ainda se encontra em dificuldades”, observa Duarte.

Funcionalismo

O governo de Minas anunciou na sexta-feira que pagará parte do 13º dos seus servidores (ativos e inativos) antes do Natal. Segundo nota do Executivo, a medida, que vai quitar 39% da folha do mês, representará custo de R$ 1,1 bilhão.

Para Fernando Duarte, a notícia, mesmo que referente a pagamento parcial, deve ser comemorada e observada de perto pelos analistas econômicos.

“Como temos um processo de inflação de alimentos, quando é pago em dia um valor nominal, se preserva a massa salarial do trabalhador e não se permite a corrosão do salário que a postergação desse pagamento poderia trazer”, afirma o economista do Dieese-MG.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) também anunciou o pagamento em dia da remuneração adicional, além da liquidação dos débitos com o benefício de férias-prêmio contraídos desde 2017. Somados, salário do mês, 13º integral e concessão de férias-prêmio significam cerca de R$ 652 milhões injetados na economia em dezembro.

* Estagiário sob a supervisão da subeditora Marta Vieira

A caminho do fim


O pagamento do auxílio emergencial alcançou menos domicílios em outubro. O benefício chegou a 29 milhões de lares, ante 29,9 milhões em setembro, segundo os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID (Pnad COVID-19) mensal, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A proporção de domicílios que recebeu algum auxílio relacionado à pandemia diminuiu de 43,6% em setembro para 42,2% em outubro. O valor médio do benefício recebido foi de R$ 688 por domicílio em outubro, ante R$ 902 em setembro. A ajuda financeira diminuiu de R$ 600 em agosto para R$ 300 em setembro.


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