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Estado de Minas ECONOMIA

Otimista, varejo de construção vende mais durante a pandemia que no ano passado


31/07/2020 16:05

De março a maio, 42% dos varejistas de construção perceberam crescimento nas vendas em relação ao mesmo período de 2019. Os que apontaram queda foram 20% e aqueles que registraram um faturamento constante foram 38%. O fato do setor ter conseguido autorização para permanecer aberto desde o fim de março foi essencial para a percepção de melhora do lojistas do ramo. Os dados são do Termômetro Anamaco, pesquisa da Associação Nacional de Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas. O levantamento, adiantado ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), foi realizado durante o mês de junho.

Mesmo com a percepção de melhora dos comerciantes de varejo, a indústria de materiais de construção não vive um bom momento. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), o primeiro semestre de 2020 deve apresentar queda de 14,2% no faturamento do setor na comparação com o mesmo período de 2019. Em maio, último mês revisado, a queda em relação ao ano passado foi de 21,5%. No varejo em geral, a situação só começou a melhorar em maio.

Segundo o IBGE, após duas fortes quedas em março e abril (14% e 17,5%, respectivamente), o volume de vendas no varejo ampliado teve alta acentuada em maio, de 19,6%. No acumulado do ano até maio, esse indicador registrou queda de 8,6%.

Para o superintendente da Anamaco, Waldir Abreu, é esperado que o varejo seja mais positivo em suas percepções e expectativas. "O comerciante é otimista por natureza, repõe estoques, faz compras. A indústria, por outro lado, é sempre menos otimista", explica. Na visão de 45% dos varejistas pesquisados, por exemplo, haverá crescimento nos próximos três meses. Apenas 11% esperam queda e 44% dos participantes acreditam na estabilidade. O ânimo dos comerciantes de materiais de construção tem algumas razões de existir. Segundo o Termômetro Anamaco, a hipótese mais razoável é de que as medidas de sustentação da renda, com destaque para o Auxílio Emergencial, favoreceram a demanda por materiais de construção.

A pesquisa indica ainda que a continuação do otimismo desses varejistas no segundo semestre depende do arrefecimento da pandemia e da rápida recuperação das atividades econômicas. Como esse cenário é "pouco provável", um caminho apontado pelo levantamento para dar manutenção às boas expectativas é a "combinação de uma lenta recuperação da economia, com prorrogação - ainda que parcial - das medidas de sustentação da renda".

Diferenças

Ainda que a maioria dos pesquisados tenha indicado aumento de vendas na comparação com o ano passado, as empresas menores foram as que mais relataram um cenário oposto. Das firmas com 1 a 4 funcionários, 33% reportaram queda nas vendas. Nas empresas com mais empregados, essa porcentagem variou de 14% a 20%. Além disso chamou a atenção o fato do segmento de cerâmica ser um dos que apresentou melhor desempenho.

Das casas de construção especializadas em revestimentos, 67% declararam ter um resultado positivo de março a maio. Dentre as focadas em produtos básicos, esse índice foi de 46%. A pior percepção foi das casas voltadas para material elétrico, apenas 30% registraram resultados positivos.

"Uma parte do aumento de vendas, sem dúvida, vem do auxílio emergencial. Mas quando vemos que o setor de cerâmicas se destacou, percebemos que esse consumo é maior do que o incentivo do governo. As pessoas não pararam suas obras e sentiram vontade de mexer com a casa por passar mais tempo nela", diz Waldir Abreu. Ele lembra ainda que, tradicionalmente, o segundo semestre costuma ser melhor para o setor. No mês de junho, aliás, quando foi realizada a pesquisa, 46% dos lojistas já assinalava mais uma alta de vendas para o mês. Mesmo assim, Abreu chama a atenção para o fato de que o aumento do número de desempregados é preocupante para o setor.

"A preocupação de agora é que, no setor de comércio e serviços, o desemprego chegou a 30%. Se não houver desoneração da folha de pagamento e prorrogação das medidas de suspensão de contratos e redução de jornada, esse nível de desemprego pode subir", diz o superintendente da Anamaco.


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