De acordo com projeção da Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços, (Abecs), no decorrer de todo ano de 2019, as vendas por cartões de crédito, débito e pré-pagos no país deverão chegar a R$ 1,84 trilhão. Deste total, as vendas por cartão de crédito poderão chegar a R$ 1,154 trilhão (63%).
Os cuidados para se evitar as "furadas" no uso da modalidade de crédito são alertados pelo advogado Alexandre Braga, coordenador do Programa de Orientação e Proteção do Consumidor de Montes Claros (Procon). "Uma dica é acompanhar diariamente os gastos realizados, evitar a utilização do crédito rotativo, limitar as despesas com o cartão a um percentual não superior a 20% da renda mensal, além de cuidar da segurança de senhas, evitando, de tal maneira, a ocorrência de fraudes ou golpes", orienta Braga.
Segundo dados da Abecs, nos primeiros seis deste ano, os cartões movimentaram R$ 850 bilhões, com crescimento de 18% em relação ao primeiro semestre de 2018. Os cartões de crédito somaram R$ 534,4 bilhões (alta de 18,8% em relação ao mesmo período do ano anterior), respondendo por 63% de todo o volume movimentado pelas vendas por cartões.
Com base nos resultados do primeiro semestre, a Abecs divulgou em setembro uma nova projeção, apontando que todas as compras com o "dinheiro de plástico" no decorrer de 2019 devem movimentar em torno de R$ 1,84 trilhão – crescimento entre 17,5% e 19% em relação ao anterior, sendo que antes a previsão era um intervalo de alta entre 15% e 17%.
Nesse cenário, observa o representante do Procon, aumentam também as chances das armadilhas que o consumidor pode encontrar ao utilizar o cartão de crédito. Ele lembra que são recorrentes os relatos de pessoas que contraíram altas dívidas devido ao mau uso da ferramenta financeira. Nesse sentido, pesquisas apontam que os débitos com cartões de crédito representam 30% da inadimplência de pessoas físicas, ocupando o primeiro lugar no ranking das modalidades de endividamento dos brasileiros.
Para os comerciantes, o cartão de crédito é visto como uma ferramenta para a garantia do recebimento do consumidor que recorre a modalidade. "Um ponto positivo é que o cartão de crédito oferece mais segurança para o pagamento. Praticamente, elimina a inadimplência", afirma o Ricardo Alencar, diretor da Center Pão – supermercado e rede de padarias de Montes Claros, que tem 60% das vendas por cartão de crédito, segundo ele próprio.
Dono de uma loja de departamentos em Venda Nova, na Região Norte de Belo Horizonte, Agmar de Souza, revela que em torno de 35% das vendas do estabelecimento são feitas por cartão de crédito, com o pagamento dividido em até 10 vezes. “O cartão de crédito virou um elemento facilitador para o cliente, que pode comprar pelo preço à vista sem nenhuma adicional”, pontua.
Por outro lado, ele reclama dos juros cobrados pelos bancos das dívidas dos clientes de cartão de crédito. “As taxas de juros das dívidas do cartão de crédito são muito altas, chegando a quase 300% ao ano. Tem que ser feita uma readequação dessas taxas. Seria bom tanto para o consumidor como para os lojistas”, opina o comerciante.
Souza informa que também recorre aos financiamentos bancários da linha de capital de giro e outras necessidades no comércio. “Quando há necessidade, buscamos (os financiamentos bancários), para o pagamento em dia das despesas fixas, obrigações sociais e tributos”, diz o empresário. "O financiamento ajuda na manutenção de qualquer negócio, que tem como objetivo gerar emprego e renda. Os empreendedores são a base da sociedade”, destaca.
Diversificação do uso do cartão de crédito
O uso do cartão de crédito está cada vez mais difundido, alcançando os mais variados tipos de negócios e serviços. Há dois anos, a professora aposentada Marlene Pereira montou um ateliê de aluguel de trajes femininos para festas em sua casa simples no Bairro Morrinhos, em Montes Claros. Em frente casa, o letreiro da placa destaca: “recebemos cartões”.
Marlene conta que divide o “preço à vista” do aluguel dos vestidos finos em até três vezes. “Hoje, as pessoas não usam mais dinheiro em espécie. É quase tudo (pago) na base do cartão”, afirma a microempresária. Ela disse que a metade dos pagamentos que recebe pelo aluguel de roupas é feita por intermédio de cartões, sendo pelo menos 40% pelo cartão de crédito. “Com o cartão de crédito, tenho uma segurança de que vou receber o pagamento”, destaca a microempresária.
Benefícios para o comércio
A Abecs enfatiza que a venda pelo cartão de crédito gera inúmeros benefícios para o comerciante, citando "a garantia de recebimento e, com isso, a eliminação de riscos e custos de inadimplência – por exemplo, cheque sem fundo". Além disso, divulga a entidade, com o sistema, o empreendedor “consegue atrair mais clientes, aumentar as vendas e oferecer parcelamentos por meio do cartão”.
Ainda segundo a Abecs, outro grande benefício é o acesso ao sistema financeiro por parte do lojista, abrindo possibilidade de novas linhas de crédito para o incremento do seu negócio. "É possível, por exemplo, antecipar os recebíveis do cartão para ampliar o capital de giro. O recomendado é o comerciante verificar as opções existentes no mercado e escolher a solução mais adequada à sua necessidade", orienta a Associação das Empresas de Cartão de Crédito.