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Estado de Minas

Celulares usados criam chances de ótimos negócios

Aumento na procura por smartphones de segunda mão, seminovos ou consertados, faz com que os celulares se tornem astros do e-commerce e conquistem cada vez mais brasileiros


postado em 10/04/2019 06:00 / atualizado em 10/04/2019 08:26

Especializada em reparação de aparelhos, a Yesfurbe estima vender 20 mil unidades até o fim do ano(foto: Dinho Rodrigues/Divulgação )
Especializada em reparação de aparelhos, a Yesfurbe estima vender 20 mil unidades até o fim do ano (foto: Dinho Rodrigues/Divulgação )

São Paulo – O mercado de produtos usados nunca esteve tão aquecido no Brasil. Imóveis, carros, peças, eletrodomésticos e, principalmente, smartphones fizeram com que a indústria dos produtos de segunda mão atingisse cifras recordes.

Dos segmentos, o que mais tem chamado a atenção é o de smartphones usados ou restaurados. Um termômetro desse movimento é o desempenho da empresa Yesfurbe, especializada em reparação e venda de aparelhos usados.

A empresa, líder no setor, estima vender 20 mil aparelhos neste ano, cinco vezes mais do que os 3,8 mil contabilizados no ano passado.

“Sentimos uma mudança no comportamento de compra do consumidor em adquirir um modelo seminovo, mas é preciso ressaltar que o conceito de ‘refurbishing’ não é o de um smartphone velho. É um aparelho refabricado, em que suas características técnicas e estéticas voltam a ser semelhantes às de fábrica”, diz Danilo Martins, sócio-fundador da empresa (leia mais na entrevista abaixo).

Segundo ele, há três bons apelos baseados na compra, venda e assistência técnica, que, apesar de tudo, oferece preços menores do que se cobra pelo similar novo.

“Os frequentes lançamentos e as inovações dos smartphones motivam o cliente a trocá-los, em média, a cada 13 meses. O descarte incorreto do produto inutilizado provoca muitos estragos ambientais. No Brasil, há pelo menos 1,4 milhão de toneladas de celulares danificados todo ano”, afirma Martins.

Apenas como comparação, os carros são substituídos a cada três anos, em média.

AQUECIMENTO  O potencial do mercado é imenso. Um levantamento da PNAD Contínua mostra que 138,3 milhões de brasileiros – ou 77,1% da população – têm no mínimo um celular. Já os consumidores que mantêm veículo próprio não atingem nem 50% da população.

A mesma pesquisa revela que as transações de veículos usados no Brasil são rotineiras. O crescimento é de 7% no primeiro bimestre de 2019, comparativamente ao mesmo período contabilizado no exercício anterior.

Apenas em janeiro e fevereiro deste ano foram comercializados 2,28 milhões de veículos usados, segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

Enquanto isso, a maioria dos celulares usados é substituída pelos novos aparelhos. Assim, pelo menos 1,4 milhão de toneladas de aparelhos são descartados incorretamente a cada ano.

Com os consumidores ficando com seus smartphones por mais tempo do que o esperado pelas fabricantes, o efeito provocado é parecido com o dos carros: aumentam os preços dos novos e, com isso, aquecem também os dos usados.

De acordo com uma previsão da consultoria IDC, o mercado de smartphones seminovos é estimado em US$ 52,7 bilhões em 2022, com preço médio de US$ 180 por aparelho.

“Por se tratar de investimento inacessível para grande parte da população, os smartphones mais tecnológicos e de preços mais elevados acabam se tornando artigos de consumo cobiçados no mercado de usados”, afirma o economista Pedro Silva Carvalho, coordenador do núcleo de pesquisadas de varejo da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

INCENTIVO  É diante desse cenário que vem o crescimento também da Trocafone, empresa que compra e vende smartphones usados no Brasil.

Funciona como em uma concessionária, em que se pode oferecer o usado como parte do pagamento por um celular novo em um dos parceiros da empresa, como Samsung, Sony e LG, que oferecem a troca em suas lojas físicas em shoppings.

O valor normalmente é mais baixo do que é obtido por meio da venda entre pessoas na internet, mas pode ser um incentivo adicional para quem quer trocar de smartphone o quanto antes.

A empresa então recondiciona o aparelho e o coloca à venda no seu site oficial, com preços mais baixos do que os que são oferecidos pelo varejo. Na Trocafone, os dispositivos são divididos nas categorias “bom”, “muito bom” e “excelente”, que dizem respeito à situação estética dos aparelhos.

A página ainda indica quais são os sinais de uso, como arranhões, riscos e partes amassadas. Comprados de outros consumidores, os telefones passam por reparos no centro técnico, e depois são colocados para recompra novamente.

Entrevista/Danilo Martins, sócio-fundador da Yesfurbe

“Encontramos na telefonia uma grande oportunidade”


(foto: Dinho Rodrigues/Divulgação)
(foto: Dinho Rodrigues/Divulgação)

Como surgiu a ideia de apostar em uma atividade de celulares usados?
A Yesfurbe surgiu para buscar uma forma de tornar acessível celulares modernos e desejados, mas com preço menor do que é vendido originalmente. Encontramos no mercado de telefonia uma grande oportunidade para abrir um e-commerce para venda e compra de celulares novos, seminovos e reformados. Além da necessidade do mercado de ser um braço para fechar o ecossistema, e da necessidade das seguradoras de ter uma venda direta de aparelhos seminovos.

Vender smartphone usado é como vender uma casa ou um carro usado?
A comparação é também sobre o investimento. As pessoas não têm dúvida ao decidir comprar um carro seminovo, pelo custo/benefício, mas quando se trata da compra de um smartphone, elas têm certo receio, mesmo o custo/benefício sendo tão bom quanto o da compra de um veículo.

Não é arriscado adquirir um aparelho eletrônico de segunda mão?
Já sentimos uma mudança no comportamento de compra do consumidor em adquirir um modelo seminovo, mas é preciso ressaltar que o conceito de ‘refurbishing’ não é o de um smartphone velho. É um aparelho refabricado, em que suas características técnicas e estéticas voltam a ser semelhantes às de fábrica.

Qual é o potencial de crescimento no setor?
A venda de aparelhos novos cresceu 9,7% entre 2016 e 2017. As franquias de reparo cresceram 32,2% e os serviços de reparo de aparelhos cresceram 50%. O mercado de venda de smartphones seminovos segue em grande expansão no Brasil. Os analistas dizem que a demanda por consertos de smartphones é recorrente e continuará crescendo.

E quanto ao desempenho atual?
Em 2018, comercializamos 3,8 mil celulares seminovos vendidos. Para 2019, estamos investindo em uma experiência de compra mais rápida e completa para o consumidor. Tudo muito alinhado com o que o mercado tem entregado em termos de experiência do usuário e identificação de novos players. Além de grandes parcerias com B2W e Amazon, nosso processo de refabricação segue numa estimativa de crescer cerca de cinco vezes, ultrapassando 20 mil aparelhos até o fim do ano.


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