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Estado de Minas

Empregos que mais sofreram na crise devem brilhar em 2019

Setor da construção civil, comércio varejista, serviços e tecnologia são apostas de geração de vagas nos próximos meses. CNC prevê maior efetivação de temporários


postado em 09/11/2018 06:00 / atualizado em 09/11/2018 11:50

Obras prediais devem ser retomadas no primeiro semestre do ano que vem, com abertura de postos de trabalho(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press 16/4/15)
Obras prediais devem ser retomadas no primeiro semestre do ano que vem, com abertura de postos de trabalho (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press 16/4/15)

São Paulo – Durante todo o ano, o empresário catarinense Luciano Hang dividiu seu tempo entre administrar as mais de 100 lojas da rede varejista Havan, dona de um faturamento de R$ 4 bilhões e 15 mil funcionários, e atuar como uma espécie de cabo eleitoral de Jair Bolsonaro (PSL), especialmente em vídeos publicados na internet e nas redes sociais.


Com a eleição definida, Hang afirma que agora tem outras duas missões: contratar e contratar. O empresário promete investir até R$ 500 milhões na expansão de sua empresa, com a abertura de outras 20 megalojas no próximo ano. Até 2022, a meta é ter 200 endereços. “É hora de tirar os projetos de crescimento da gaveta para que o Brasil volte a crescer e saia da crise em definitivo”, diz. “Chega de demitir e cortar gastos. Vamos investir, ampliar e contratar como nunca.”


A ofensiva de Hang reflete um movimento crescente no varejo. A Riachuelo e a C&A, as maiores do segmento de roupas, já confirmam que criarão novas vagas. “Contratamos aproximadamente 7,5 mil temporários no ano passado e devemos ampliar em 5% esse número em 2019”, informou a Riachuelo. Os novos empregados preencherão, principalmente, vagas para auxiliar de logística, assistente de vendas, auxiliar de estoque e operador de caixa. Na C&A, os empregos deverão atender à alta da demanda da Black Friday, no fim deste mês, e para o Natal. Parte desse contingente ajudará a compor o quadro de funcionários fixos em 2019.


A Confederação Nacional do Comércio (CNC) projeta que 19% dos trabalhadores que entrarem agora serão efetivados após o fim do ano. Além disso, há um clima mais favorável alimentado pelos números do Ministério do Trabalho e Emprego. De janeiro até outubro deste ano, o Brasil gerou 719.089 vagas com carteira assinada, segundo o MTE. No acumulado em 12 meses, são 459.217 postos. Se mantiver a tendência no encerramento do atual exercício, o país breca uma sequência de três anos de queda – entre 2015 e 2017, foram perdidos mais de 2,88 milhões de empregos formais, em todos os setores, com exceção da agropecuária.


No varejo, a perspetiva de reaquecimento da economia anima empresários a investir em novas lojas e na ampliação das contratações (foto: Gladyston Rodrigues/EM)
No varejo, a perspetiva de reaquecimento da economia anima empresários a investir em novas lojas e na ampliação das contratações (foto: Gladyston Rodrigues/EM)

Assim como o varejo, o mercado da construção promete voltar a ser a locomotiva da geração de vagas em 2019. Como a turbulência econômica fez com que os consumidores adiassem a decisão de comprar um imóvel novo e obrigou as construtoras a adiar lançamentos, os canteiros de obras ficaram escassos. “O emprego foi afetado porque percebemos claramente que os projetos foram represados neste ano”, diz Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). “O mercado voltará a crescer forte em 2019, principalmente no primeiro semestre, com a empolgação do mercado com o novo governo”, acrescenta Leonardo Paz, CEO da Imovelweb.


Na carona do varejo e construção civil, o setor de tecnologia da informação também deve impulsionar a criação de empregos. “O movimento de contratações, que está há anos aquecido no nosso setor, com certeza está mais intenso agora” diz a professora da FGV Anna Cherubina. Segundo ela, as vagas são expressivas em termos de quantidade e qualidade.
A consultoria Catho, uma das principais em classificados de emprego na internet, endossa a afirmação da professora da FGV. Com base nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego, as vagas para profissionais de TI cresceram 22% nos doze meses, com alta média de 6% nos salários. Para o gerente de inteligência da Catho, Fabrício Kuriki, o aumento sinaliza uma tendência crescimento de contratações, principalmente de engenheiros da computação, diretores de sistemas, especialistas em informática e gerentes de TI.


Na Zona Franca de Manaus, existem hoje 5 mil vagas de emprego abertas, segundo o sindicato dos metalúrgicos (foto: Antonio Milena/ABR - 1312/04)
Na Zona Franca de Manaus, existem hoje 5 mil vagas de emprego abertas, segundo o sindicato dos metalúrgicos (foto: Antonio Milena/ABR - 1312/04)

Há vários outros exemplos. A Almaviva do Brasil, uma das principais empresas do segmento de contact center, gestão de relacionamento com os clientes e trade marketing, anunciou a contratação de quase 700 funcionários para sua unidade em Teresina, no Piauí. A ampliação de pessoal é necessária para atender a um grande player de telecomunicação do país, que passa a contar com os serviços da companhia, segundo a empresa.

Vagas abertas
A Zona Franca de Manaus, que observou empresas locais promoverem demissões em massa nos últimos anos, está com mais de 5 mil vagas abertas neste mês, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal). De acordo com o presidente da entidade, Valdemir Santana, no Polo Industrial de Manaus (PIM) as empresas de eletrônicos e as novas fábricas de lâmpadas de LED estão liderando esse movimento.


“Uma série de vagas que haviam sido congeladas e projetos que tinham sido colocados na gaveta estão sendo retomados, estimulando novas contratações”, explicou a gerente de recrutamento da Robert Half, Isis Borge, destacando que há uma grande procura por profissionais de vendas, compras, controladoria, marketing e do setor financeiro, em funções como analista de crédito e risco.


A recuperação do emprego também é resultado do crescimento do empreendedorismo, segundo o Sebrae. Um levantamento da entidade constatou que, só em setembro, os pequenos negócios geraram 85,8 mil novos postos de trabalho no mercado, 37% a mais no comparativo do mesmo período levantado no ano passado. É inegável a força dos pequenos negócios para a geração de empregos no Brasil. As pesquisas só confirmam que o micro e o pequeno empresário devem ser prioridade nas políticas públicas, porque somente pelo fortalecimento do empreendedorismo é que o país terá chance de voltar a crescer”, afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

A força das exportações

 

Embora as perspectivas sejam positivas no horizonte, o grande motor do emprego, a indústria de transformação, ainda patina em contratações neste 2018. Depois de melhorar no fechamento de 2017, o mapa do emprego industrial enfrenta um momento de instabilidade que deve durar no mínimo seis meses, segundo o gerente de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.


O executivo, porém, observa uma rara exceção neste ramo: a indústria automobilística. “Houve uma recuperação expressiva na produção e nas vendas, mas são as exportações que estão puxando o emprego”, afirmou. O ritmo seria maior, segundo ele, se não fosse a crise na Argentina. É para lá que segue grande parte dos produtos brasileiros enviados ao exterior.


O professor Antonio Jorge Martins, coordenador do curso de cadeia automotiva da Fundação Getulio Vargas (FGV), é outro que vê nas exportações o canal mais forte do emprego. Segundo o especialista, as montadoras tentam recuperar os espaços internacionais porque apostavam no aquecimento do mercado interno.


“Hoje temos a metade do que já produzimos e há uma corrida pela eficiência para encarar o nível de competitividade aqui e fora do país”, comenta. Martins conta que há enormes investimentos em automação que impactam o nível do emprego. “Há necessidade de mais gente na inteligência de tecnologia, mas isso reduz a empregabilidade na linha de produção”, explica. (NC)


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