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Estado de Minas ECONOMIA

Na crise, jatinho usado vira 'estrela' da aviação executiva

''O perfil do consumidor mudou. Antes tinha muita gente que só comprava novo. Agora, estão mais maleáveis'', afirma representante de empresa mineira de jatinhos executivos


16/08/2018 07:30 - atualizado 16/08/2018 09:35

(foto: Pixabay)
Ainda abalado pela crise econômica - que fez a frota brasileira de aviões estancar entre 2015 e 2017 -, o setor de aviação executiva viu parte de suas vendas se deslocarem de modelos novos para usados. No ano passado, das 180 aeronaves executivas que se incorporaram à frota do País, 74% eram seminovas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Aviação. Esse número ficava ao redor de 30% antes da recessão, de acordo com Leonardo Fiuza, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag).

Na Líder Aviação, empresa de Minas Gerais que vende e freta aeronaves, por exemplo, a participação dos seminovos na venda total saltou de 10% para 50%. "O perfil do consumidor mudou. Antes tinha muita gente que só comprava novo. Agora, estão mais maleáveis", afirma a diretora-superintendente da empresa, Júnia Hermont Corrêa. Na Tam Aviação Executiva, comandada por Fiuza, a expectativa é que os usados correspondam a 40% do total comercializado neste ano; antes eles representavam 25%.

Uma das fabricantes de jatos executivos mais luxuosos do mercado, com modelos cujos preços variam entre US$ 30 milhões e US$ 60 milhões, a francesa Dassault vendeu três unidades no Brasil no ano passado. Duas delas eram usadas. O vice-presidente de vendas para América Latina, Rodrigo Pesoa, conta que, com o aquecimento dos mercados europeu, asiático e, principalmente, americano, sobraram aeronaves usadas nos últimos dois anos, num movimento que pressionou o preço desses modelos para baixo.

"O brasileiro, em geral gosta de comprar avião novo. Mas os preços mais acessíveis e a crise fizeram o consumidor daqui pensar mais na hora de gastar", diz. Hoje, segundo Pesoa, o mercado de usados já está se esgotando, e os preços ficando mais estáveis.

Apesar de muito bem-vinda em tempos de marasmo, a demanda por aeronaves usadas resulta em lucros menores que a por modelos novos. Fiuza explica que a negociação dos seminovos é mais difícil, pois depende da união do interesse do vendedor com o do comprador, além de exigir um trabalho de verificação da situação do avião. O valor da aeronave também é inferior, apesar de a margem ser semelhante à dos aviões novos. "Por outro lado, temos um ganho maior na área de manutenção", diz.

Retomada

Com uma movimentação 17% maior em 2017 nos aeroportos do País, mas com uma frota praticamente inalterada, o mercado de aviação executiva espera começar a elevar suas vendas após as eleições, para consolidar essa tendência em 2019.

"Ano de eleições costuma ser complicado, mas, mesmo assim, estamos conseguindo algo. A perspectiva é boa", diz Richard Marelli, presidente da fabricante de helicópteros Helibras, do grupo Airbus. Nos tempos de euforia do setor, a companhia vendia entre 25 e 30 unidades por ano. Em 2016, quando o mercado chegou ao fundo do poço, foram apenas duas. Neste ano, porém, os sinais são de melhora - no acumulado até agosto, a empresa vendeu 33% a mais do que em todo 2017.

A Tam espera comercializar 45 aviões neste ano, 15% a mais do que em 2017. Até 2014, porém, a média ficava entre 50 e 60. "Mas 2019 deverá ser melhor. Se tiver estabilidade política, a economia também volta", afirma Fiuza.

Um dos termômetros da aviação executiva, a Labace - maior feira do setor na América Latina, que termina hoje em São Paulo - recebeu neste ano 47 aeronaves, o mesmo número do ano passado. A presença de empresas prestadoras de serviços para o setor, no entanto, cresceu 20%.


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