São Paulo – A XP Investimentos decidiu ampliar seu portfólio ao agregar o serviço de pesquisa sobre empresas para qualquer investidor interessado – incluindo seus mais de 550 mil clientes pessoas físicas. Com essa estratégia, entra em um mercado até agora dominado por empresas independentes, como Empiricus, Eleven Financial e Suno Research.
O time de research é a mais nova peça do supermercado financeiro da XP, cuja principal base de clientes é justamente o segmento do mercado que mais sofre de déficit de informação: as pessoas físicas que investem na bolsa.
Para criar o time, a XP foi atrás de profissionais com experiência em grandes bancos. O chefe da equipe é Karel Luketic, que trabalhou por 10 anos no Bank of America Merrill Lynch, a maior parte do tempo cobrindo mineração, siderurgia e papel e celulose. “Nosso sonho é democratizar a informação”, diz Luketic. “O acesso que estamos dando ao varejo no Brasil tem um nível de conteúdo que qualquer investidor institucional tem, aqui ou no resto do mundo.”
NOVO TIME A equipe de análise de renda variável conta com seis analistas: Gabriel Francisco (elétricas e petróleo) veio da Goldman; Betina Roxo (alimentos e varejo) trabalhou na Merrill com Luketic e teve uma passagem pela Stone; Bruna Pezzin (transportes, shoppings e bens de capital) era do Santander.
Dois analistas vieram da própria XP: Sérgio Berruezo (incorporadoras e telecomunicações), já foi da área de relações com investidores do IRB e estava na Divisão de Vendas da corretora; André Martins (serviços financeiros) administrava uma das mesas de renda fixa e já passou pela GP Investimentos e pelo Credit Suisse. Além de comandar a equipe, Karel manteve a cobertura de mineração, siderurgia e papel e celulose.
Ainda sem muita familiaridade com as câmeras, os analistas resumem a tese de investimento de cada empresa em um vídeo de até dois minutos, seguido por um texto mais detalhado de alguns parágrafos para quem quer se aprofundar no assunto. Assim como fazem outras corretoras, o time da XP monta uma carteira recomendada de 10 papéis que é recalibrada no início de cada mês.
Além da plataforma de renda variável, a XP também está reforçando a cobertura de fundos imobiliários, um dos investimentos mais procurados pelas pessoas físicas. Gustavo Bueno, que trabalhava na consultoria imobiliária Cushman & Wakefield, foi contratado para liderar a análise dos FIIs.
Os relatórios de ações também atendem ao exército de 3.200 assessores financeiros da XP, reforçando a oferta de serviços em um momento em que outras plataformas de investimento brigam para atrair os melhores agentes autônomos.
A regulação impede que os agentes autônomos recomendem investimentos, mas agora eles poderão encaminhar as recomendações dos analistas aos clientes – que antes ficavam completamente no escuro quando questionavam sobre o investimento em determinada ação. Celson Plácido, um dos sócios mais antigos da XP, segue como estrategista-chefe, mas agora ficará responsável pela interface com a rede de agentes.
COMPETITIVIDADE Criada em um momento em que a maior parte dos bancos e corretoras está reduzindo suas áreas de research, a iniciativa da XP – cuja equipe também terá interface com os clientes institucionais da corretora – fecha um ecossistema de serviços que tende a dar a ela mais competitividade para ir atrás de negócios típicos de um banco de investimentos, como fusões e aquisições, além das ofertas iniciais de ações, os IPOs, na sigla em inglês.
Hoje, a XP já cultiva os investidores institucionais, dando amplo acesso à sua equipe de política e macroeconomia, pesquisas proprietárias e uma plataforma de ‘corporate access’ – que organiza eventos que colocam empresas e investidores frente a frente – reconhecida como uma das mais ativas do mercado.