São Paulo – A pouco mais de um mês da abertura da Copa da Rússia, uma equipe de profissionais já está a postos para combater a pirataria nas transmissões dos jogos do torneio. Com a capacidade quase imensurável da internet, os piratas estão se apropriando ilegalmente dos direitos para transmitir eventos esportivos em sites, em troca de valores irrisórios cobrados dos usuários.
Atualmente, a Irdeto é responsável pela proteção de 500 milhões de filmes Blue Ray e cinco bilhões de dispositivos eletrônicos. Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, a empresa holandesa identificou e conseguiu tirar do ar mais de 3,7 mil transmissões ao vivo, os chamados streamings ilegais. No total, 10 milhões de usuários tiveram o serviço pirata interrompido, uma perda estimada de US$ 120 milhões para as empresas que investiram enormes somas na compra dos direitos de transmissão das partidas de futebol.
O trabalho de segurança é complexo e começa com o rastreamento da internet mundial, antes e minutos depois do jogo começar. Identificados os sites piratas, são disparadas mensagens aos canais que estão com maior audiência para que desativem imediatamente o serviço. “Focamos campeões de audiência como o YouTube e ferramentas de buscas”, diz Gabriel Ricardo Hahmann, diretor de vendas para o Cone Sul da Irdeto. “Falando em nome das empresas que adquiriram os direitos de transmissão, pedimos para interromperem o serviço.”
Para a Copa da Rússia, a empresa vai entrar em campo com uma solução nova, mais inteligente e que funciona de forma autônoma. Além de novos componentes, o programa utiliza inteligência artificial (AI). Funciona assim: a ferramenta consegue identificar os logos dos canais e dos clubes, alertando os analistas para interromperem a transmissão de qualquer programa pirata.
Eventos esportivos ao vivo, como é o caso dos jogos de futebol, Premier Ligue – a milionária liga inglesa – e basquete (NBA) são mais explorados pelos piratas porque têm maior valor e a necessidade de serem assistidos enquanto estão acontecendo (ao contrário dos filmes, que podem ser vistos quando as pessoas quiserem).
“Por isso, precisamos ter analistas dedicados a monitorar a rede o tempo todo e, se for o caso, interromper imediatamente a transmissão. Nesses casos, é essencial ter agilidade”, diz o executivo, lembrando que, apesar de toda a parafernália eletrônica para conter a ilegalidade, a pirataria não deverá diminuir. “Ela está sempre crescendo e os piratas em constante evolução, buscando novas ferramentas para continuar distribuindo conteúdo ilegal. É uma batalha eterna.”
Além do trabalho de campo, a Irdeto também fornece soluções que ajudam a proteger os conteúdos de clientes como produtores de conteúdos tradicionais – operadoras de TV aberta e a cabo e provedores de internet que oferecem conteúdos em vídeo. Segundo Hahmann, são soluções automatizadas que detectam e interrompem transmissões de vídeos, utilizando indexadores de pesquisa e até marcas d’água que são aplicadas nos filmes.
A empresa, controlada pelo grupo sul africano Naspers (que no Brasil também controla a OLX e Buscapé), utiliza as mesmas ferramentas para ajudar organizações sem fins lucrativos no combate aos crimes de tráfico de crianças e pornografia infantil.