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Estado de Minas

Economista do Bradesco aposta na redução dos juros; leia entrevista

Especialista do segundo maior banco privado do país alerta para os custos e benefícios de cortes e altas dos juros no país


postado em 20/11/2017 06:00 / atualizado em 20/11/2017 08:50

Fernando Honorato Barbosa, diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas do Bradesco(foto: Egberto Nogueira/Imã Galeria/Divulgação)
Fernando Honorato Barbosa, diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas do Bradesco (foto: Egberto Nogueira/Imã Galeria/Divulgação)

Brasília – Há 11 meses no comando da Diretoria de Estudos e Pesquisas Econômicas do Bradesco, o economista Fernando Honorato Barbosa foi um dos primeiros a apostar em que o Banco Central (BC) levaria a taxa básica de juros – a Selic, que remunera os títulos do governo e serve de referência para as operações nos bancos e no comércio – para um patamar abaixo de 7% ao ano.

Para o especialista, política monetária é uma “arte bastante imprecisa”, com custos e benefícios das decisões tomadas. Barbosa ressalta que a equipe do presidente do BC, Ilan Goldfajn, adotou estratégia que se mostrou vencedora, ao manter os juros mais altos por um tempo para ancorar as expectativas de inflação.

“Exatamente daí é que vem nossa projeção de juros de 6,75% no próximo ano. Uma vez que ele incorreu no custo, que foi importante para ancorar as expectativas, por que razão ele não vai usar a favor dele, neste momento, este bônus que ele ganhou?”, afirma.

O diretor do segundo maior banco privado do país ressalta que juros abaixo de 7% ao ano terão um simbolismo importante para o país, uma vez que o Brasil teria, pela primeira vez, uma taxa menor que a do México.

Os principais indicadores da economia ainda apresentam dados sem conclusão. O pior ficou para trás?
Sim. Qualquer recuperação econômica nunca é linear. Isso ocorreu nos Estados Unidos e na Europa no pós-crise. Você vê que os dados começam a melhorar, depois fraquejam um pouquinho. Mas, o que importa é a direção e ela é de melhora. Nesse sentido, dizemos que o pior ficou para trás. Temos três teses básicas que fundamentam nosso cenário de retomada do crescimento, liderado pelo consumo. Primeiro percebemos uma melhora do balanço das famílias, com queda do endividamento. Segundo, há uma melhora do balanço operacional das empresas. Há o fato de os estoques estarem muito baixo nas indústrias. Se o consumo crescer, haverá produção, porque os estoques caíram, além de o nível de emprego na indústria já ter alcançado patamar de estabilidade.

O consumo já foi o motor do crescimento econômico no passado recente. Não corremos o risco de ter um novo voo de galinha?
A má notícia, nesse caso, é que o governo não escolhe como será a retomada do crescimento. O governo concede os incentivos, com o Banco Central cortando a taxa de juros, autoriza saques de contas inativas do Fundo de Garantia (do Tempo de Serviço – FGTS – e do PIS/PASEP) que são incentivos ao consumo. Mas, quando há uma reorganização da política econômica, por meio da aprovação de medidas como o teto dos gastos, cria Taxa de Longo Prazo (TLP), reduz os juros e tenta ajustar as contas públicas, não fica claro por onde virá o crescimento. Gostaríamos que fosse uma composição mais equilibrada, mas o fato é que a vida é como ela no caso da recomposição da economia. Esse ponto traz um olhar de cautela para 2019. Mas a pergunta é: é um voo de galinha ou não é? Eu acho que depende do exercício de esticar as perspectivas.

Como o reequilíbrio das contas públicas entra nesse processo?
Como o Brasil é um país que tributa demais e é pouco produtivo, discutir alta de impostos para resolver o problema fiscal não é adequado. O cenário onde as coisas dão certo, a reforma da Previdência é aprovada até 2019 e há ganho de tempo para esbarrar no teto em 2020 ou 2021. E, nesse momento, teremos de discutir a aplicação de punições previstas na Constituição ou, dependendo das condições econômicas, há um reforço da reforma da Previdência e o governo pode excluir, por exemplo, o investimento do teto dos gastos. O que é fundamental é que a despesa caia em relação ao PIB no Brasil.

Há quem diga que o BC foi conservador e demorou a reduzir os juros. O que levar a crer que os juros ficarão abaixo dos 7% ao ano?
Tudo em política monetária tem custos e benefícios. No começo, o BC tinha uma estratégia, que se provou vencedora, de manter as expectativas super ancoradas. E isso teve um custo. O custo disso foi manter os juros mais altos por um tempo. Dado que a inflação ficará perto de 3%, poderiam ter começado a cortar mais cedo. Mas política monetária é uma arte bastante imprecisa. O bônus de terem mantido os juros altos foi ter garantido a ancoragem das expectativas de inflação. Exatamente daí que vem nossa projeção de juros de 6,75% no próximo ano. Uma vez que ele incorreu no custo, que foi importante para ancorar as expectativas, por que razão ele não vai usar a favor dele, neste momento, este bônus que ele ganhou.? Ora, vou usar esse bônus.


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