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Estado de Minas

Fábricas brasileiras ficam para trás na corrida por uma nova revolução industrial

Cenário de crise financeira dificulta a volta de investimentos ao país


postado em 15/10/2017 06:00 / atualizado em 15/10/2017 08:08

Apenas 36% das empresas inovam em produtos e não mais de 3% o fizeram voltadas para o mercado competidor(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Apenas 36% das empresas inovam em produtos e não mais de 3% o fizeram voltadas para o mercado competidor (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Brasília  – As tecnologias disruptivas — aquelas que rompem com modelos anteriores — são responsáveis pelo desmonte de algumas cadeias produtivas, mas também representam a tábua de salvação para outras tantas. Quem não se adaptar às inovações e utilizá-las, o quanto antes, a seu favor corre o risco de perder competitividade e até desaparecer. No Brasil, a crise econômica e a incerteza política são obstáculos imensos no caminho dos investimentos em modernização. Ainda assim, há exemplos de empresas de todos os portes que apostam no futuro e começam a colher os frutos da inovação.

O grande desafio, explica Paulo Mól, diretor de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é ganhar produtividade para se tornarem mais competitivas. “Temos que entender de que maneira as tecnologias disruptivas estão mudando o modo de produção da indústria. Não existe mais condições de continuarmos sem adotá-las. Mas é uma agenda de longo prazo”, afirma. Como a inovação é uma imposição, os setores mais ligados ao mercado internacional precisam correr na frente para competir em nível global.

“Porém, há uma diversidade enorme de pesquisa em vários setores, e não necessariamente nos mais tradicionais. A preocupação é maior entre líderes que entendem a importância da inovação”, avalia Mól. As estatísticas disponíveis apontam que 36% das empresas brasileiras são inovadoras em relação a produtos novos ou alterados a partir de atualizações tecnológicas. “Agora, quantas fizeram inovação para o mercado? Só 2% a 3%. Se for para o mercado internacional, cai para 1%. O Brasil não se coloca como um player internacional. Precisamos reduzir a defasagem”, ressalta o diretor da CNI.


Na corrida contra o tempo, o setor industrial brasileiro, que encolhe há anos diante do cenário recessivo do país, desenvolve o projeto Indústria 2027, a fim de preparar os principais segmentos para a próxima década e incentivar o salto tecnológico em direção à quarta revolução industrial. Marcada pela convergência das tecnologias físicas e digitais, a chamada indústria 4.0 é incipiente até mesmo nas nações mais desenvolvidas do mundo. A Europa e os Estados Unidos querem dominar os novos processos em 2020. A China, em 2024. No Brasil, o projeto recém começou e mira 2027.

Neste ano, representantes da academia e da CNI iniciaram estudos sobre o impacto de clusters tecnológicos, como inteligência artificial, robótica conectada, nanotecnologia, internet das coisas, redes de comunição, big data, manufatura avançada e armazenamento de energia, em várias cadeias produtivas. O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João Carlos Ferraz explica que o projeto quer identificar como as tecnologias podem modificar os processos de produção, o modelo de negócios e a cadeia de fornecedores. “Estamos falando desde equipamentos mais eficientes, que promovem redução de custos e novos produtos, até tecnologias mais genéricas, com internet das coisas A característica central dessas inovações é que são convergentes e podem ser usadas de forma integrada”, afirma.

Como no Brasil existe uma combinação de resistência e falta de dinheiro para investir, o projeto pretende apontar quais são as tecnologias mais relevantes para cada setor e o que elas oferecem. O professor garante que, apesar da crise, há uma mobilização empresarial pela inovação. “Eles estão vendo que vem um trem que vai atropelá-los. Claro que, diante da incerteza, a maioria não investe. Mas quem se preparar para o amanhã estará numa posição competitiva muito melhor”, diz.


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