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Estado de Minas

União da Bayer e Monsanto provoca temor nos agricultores brasileiros

Anúncio da compra da multinacional americana pela empresa alemã por US$ 66 bi cria gigante do setor. Concentração preocupa agricultores


postado em 15/09/2016 06:00 / atualizado em 15/09/2016 07:58

Sede da Bayer: valor da compra foi considerado recorde na Alemanha(foto: Patrik Stollarz/AFP)
Sede da Bayer: valor da compra foi considerado recorde na Alemanha (foto: Patrik Stollarz/AFP)

Nasceu nesta quarta-feira (14) uma gigante do agronegócio. O anúncio da compra da norte-americana Monsanto pela alemã Bayer por US$ 66 bilhões (cerca de R$ 220,4 bilhões) representa a junção de duas grandes conhecidas dos agricultores brasileiros. No cardápio dos cultivos, há os que usam, há anos, os defensivos da Bayer, e também as sementes e herbicidas da Monsanto. Justamente por essa necessidade de insumos das duas empresas é que os produtores rurais estão receosos com a notícia da aquisição, que foi a mais cara da história de uma companhia da Alemanha.

 

“A transição une duas atividades diferentes, mas fortemente complementares” em termos de sementes, fertilizantes e pesticidas, destacou a Bayer no comunicado que anunciou a concretização do negócio. Juntas, Bayer e Monsanto se converterão na gigante mundial com um volume de negócios anual de US$ 25,8 bilhões (R$ 86,17 bilhões) e quase 140 mil funcionários. “A operação representa um grande passo para nossa divisão agrícola e reforça a posição de liderança da Bayer em inovação e em seus principais segmentos, entregando substancial valor de mercado para seus acionistas, clientes, funcionários e sociedade em geral”, declarou o CEO da Bayer, Werner Baumann. “Acreditamos que a combinação (dos nossos negócios) com a Bayer representa o mais atraente valor para nossos acionistas. O anúncio de hoje (ontem) é a confirmação de tudo o que temos alcançado e do valor que temos criado para todos os públicos da Monsanto”, afirmou o presidente e CEO da Monsanto em nota, Hugh Grant.

De acordo com a assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, como o namoro da Bayer com a Monsanto não teve início da noite para o dia, os homens do campo já estavam discutindo os reflexos do casamento das duas multinacionais. Ela lembra que a transação na qual a Bayer pagou US$ 128 (R$ 427) por ação da Monsanto ainda deve passar por diversos crivos, a começar pelo posicionamento dos acionistas. Depois, vem o parecer dos órgãos reguladores dos países onde as companhias atuam. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deverá fazer um estudo detalhado da fusão, antes de emitir um parecer e estabelecer restrições para a atuação da nova gigante.

De toda forma, Bayer e Monsanto juntas representam o temor decorrente das fortes concentrações. “Pode dificultar as relações, dá mais poder, o que pode representar impacto nos preços dos insumos vendidos por elas”, observa Aline Veloso. Ela conta que agricultores mineiros, principalmente, das áreas de grãos e cana-de-açúcar, estão preocupados com a notícia divulgada ontem. A expectativa, no entanto, é de que os impactos da aquisição ainda não sejam percebidos no decorrer deste ano. “Não dá para determinar um prazo”, diz Aline. Ela lembra que, apesar dos problemas que podem surgir com um negócio desta magnitude, também pode haver reflexos positivos, como na possibilidade de aumento dos investimentos para pesquisas na área agrícola.

O Brasil é um mercado-chave para os setores de sementes e defensivos agrícolas. Na área de proteção contra pragas e ervas daninhas, cerca 20% da demanda global é concentrada no país. Syngenta, Bayer e Basf são as líderes em defensivos no país. Já a Monsanto tem uma presença importante em sementes. O faturamento da Monsanto no Brasil foi de US$ 1,7 bilhão (R$ 5,67 bilhões) no ano passado. A Bayer Crop Science, divisão de agronegócio da alemã, faturou R$ 7,46 bilhões em 2015, ou 73% da receita da subsidiária brasileira da alemã.

CORTEJO O namoro entre as duas empresas foi longo. A Monsanto, que domina mundialmente o setor de sementes transgênicas de milho, trigo e soja, não se deixou convencer com facilidade: a primeira oferta apresentada em maio foi de US$ 122 (R$ 407) por ação, um total de 55 bilhões de euros. O negócio empacou. Mas desde então a Bayer passou a aumentar os lances gradativamente. O grupo americano se mostrava aberto a negociar mas indicava a existência de outras propostas sobre a mesa. Mas os misteriosos pretendentes jamais se materializaram.

Apesar disso a valorização dos lances continuou. “Não gosto dessa transação”, chegou a afirmar o analista Peter Spengler, do DZ Bankr. “Realmente, a Bayer está pagando muito caro, assim terá que obter o maior benefício possível da fusão”, completou. O outro grande nome da indústria química alemã, a Basf, que também é forte no mercado do agronegócio brasileiro, se recusou a entrar na disputa. Mas acompanha com atenção as eventuais vendas que as autoridades de concorrência podem exigir nas análises que serão feitas a partir de agora. (Com agências)


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