(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Cuidado: o seu azeite pode estar adulterado

Teste de associação de consumidores mostra que há problemas em 11 marcas vendidas no país. Entidade quer a retirada imediata do mercado de oito delas. Fabricantes questionam


postado em 05/09/2016 06:00 / atualizado em 05/09/2016 08:24

Integrante do Movimento das Donas de Casa, Darcy Mattos de Azevedo se preocupa com a qualidade e quer fiscalização em Belo Horizonte(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Integrante do Movimento das Donas de Casa, Darcy Mattos de Azevedo se preocupa com a qualidade e quer fiscalização em Belo Horizonte (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Apontado como um item fundamental para uma alimentação saudável, o azeite virou alvo de denúncia. Consumidores brasileiros, acostumados a sempre tê-lo à mesa, estão, em muitos casos, comprando “gato por lebre” e podendo contrair problemas prejudiciais à saúde. A conclusão é do teste feito, este ano, pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), que mostrou que de 20 marcas oferecidas no mercado, 11 apresentam problemas. Entre as reprovadas, em quatro foram encontrados óleos vegetais adicionados, o que é ilegal e não pode ser considerado azeite; e sete não são o que dizem ser, o que os tornam, inclusive, arriscados para o consumo. Por causa da reincidência no teste, a entidade pede às autoridades no assunto a retirada de oito marcas do mercado.

Desde 2002, a Proteste realiza esse tipo de análise e, de acordo com a coordenadora institucional da entidade, Maria Inês Dolci, foi constatado durante esses anos que os problemas são persistentes. Este ano, aqueles que não podem ser considerados azeite (veja arte) foram eliminados do teste após a análise do laboratório comprovar a adulteração. Segundo a entidade, as propriedades antioxidantes do azeite de oliva são o principal atrativo do produto, devido ao efeito benéfico à saúde. Mas, para que o produto mantenha suas características, é importante que ele não seja misturado a outras substâncias. Os quatro produtos desclassificados pela entidade são, na verdade, uma mistura de óleos refinados, com adição de outros óleos e gorduras.

Das quatro marcas que apresentaram adulteração, três já tinham sido reprovadas pelo mesmo motivo no último estudo, em 2013. Na época, eles foram desclassificados pela fraude ter sido detectada. Na análise, são levados em conta a umidade, as impurezas e a presença de metais, entre outros parâmetros. Assim, as marcas Pramesa, Figueira da Foz, Tradição e Quinta d'Aldeia foram tidas como de má qualidade.

Com exceção dos eliminados, o restante foi bem classificado no quesito estado de conservação. Segundo a entidade, cada um dos produtos passou por três painéis de especialistas treinados pelo Conselho Oleico Internacional (COI). E, segundo eles, sete marcas não podem ser consideradas extravirgem. As marcas Figueira da Foz, Tradição e Quinta d'Aldeia, e Filippo Berio apresentaram, segundo o teste, fraude por ter características para uso industrial, e não doméstico.

Segundo a pesquisa, o tipo de azeite benéfico para a saúde é o extravirgem, ideal para finalização de pratos e saladas. Já o virgem é mais apropriado para o preparo de alimentos quentes – como refogados e cozidos –, enquanto o lampante não deve ser consumido diretamente em casa. “Quando você compra um azeite adulterado, acaba comprando gato por lebre: paga o equivalente a um produto mais caro, mas leva outro para casa”, afirma Dolci.

Darcy Mattos de Azevedo, de 78 anos, uma das fundadoras do Movimento Dona de Casa (MDC), diz que sempre se preocupa com o azeite que põe em casa. “Sempre olho a marca, a qualidade e o preço. Observo muito a cor do óleo na embalagem”, conta. Ela se diz preocupada com a conclusão da pesquisa da Proteste e afirma que o MDC deve ir aos supermercados em Belo Horizonte para conferir se as marcas reprovadas continuam à venda. “Tudo que é adulterado faz mal à nossa saúde”, reforça.

Das reprovadas, a Proteste pede imediatamente a retirada de oito do mercado. De acordo com a entidade, é inadmissível que o consumidor continue sofrendo com a adulteração do azeite pela adição de outros óleos vegetais. Além disso, ser enganado levando para casa um produto que se proclama extravirgem – mas não o é. “Ambos os casos são infrações gravíssimas ao Código de Defesa do Consumidor e outras legislações que tratam de crimes de consumo”, diz o texto do teste.

Diante disso, a Proteste pede ao Ministério da Agricultura e ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) a retirada dessas marcas. O problema também foi comunicado ao Ministério Público. “E denunciamos os problemas às associações de supermercados. Desaconselhamos ainda a compra dessas marcas, enquanto não readequarem seus produtos”, comenta Dolci.

Questionamento

O Estado de Minas entrou em contato com as oito marcas acusadas pela Proteste, mas não obteve retorno dos responsáveis pela Pramesa, Figueira da Foz e Beirão. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a marca Tradição. Em sua página no Facebook, a Quinta d'Aldeia informou que a empresa Sales, responsável pela distribuição, não foi notificada e que não teve ciência sobre a realização de qualquer teste nos azeites e acusa a Proteste de fazer análises tendenciosas, “com o objetivo de prejudicar uma empresa séria e idônea. Desta forma, novamente as medidas judiciais cabíveis serão tomadas”, diz o texto.

Sobre a Carrefour Discount, a companhia informou, por meio de nota, que também não foi notificada sobre o teste nem teve acesso ao lote testado. E também afirma que, na última análise feita, em janeiro deste ano, no produto da marca, “testes laboratoriais comprovaram que o lote era extravirgem, resultado diferente portanto do apresentado pela Proteste”.

O grupo Pão de Açúcar, responsável pela distribuição da marca Qualitá, informou à reportagem , por meio de nota, cumprir rigorosamente as normas em vigor e que o azeite Qualita é importado, e o fornecedor cumpre com todas as especificações legais e de qualidade necessárias para a comprovação da pureza do produto. “A Qualitá informa também que, a partir setembro de 2016, a embalagem de coloração verde escura já estará disponível no mercado”, diz o texto. A marca Filippo Berio informou que a empresa iria se manifestar, porém, até o fechamento desta edição não houve retorno.

No laboratório

AS MARCAS QUE MELHORARAM

>> De acordo com a pesquisa da Proteste, foi percebida uma melhora em algumas marcas. São elas: La Española, Carbonell, Serrata, Gallo e Borges foram tidos como virgens nos últimos testes. Desta vez, contudo, eles provaram ser extravirgens.

RÓTULOS E EMBALAGENS
>> A Proteste considera inadequada a embalagem de vidro transparente. Para melhor conservação do produto, segundo a entidade, o melhor é que ele seja armazenado em embalagem preferencialmente de vidro escuro. No geral, os produtos se saíram bem diante dos testes em relação aos rótulos. No entanto, a Proteste alerta que a maioria deles não traz o prazo de conservação após a abertura da embalagem e alguns pecam quando o assunto é estreitar e facilitar a interação entre o consumidor e a empresa: falta e-mail e telefone para contato.

MELHOR NO TESTE
>> O Cocinero foi escolhido como O Melhor do Teste e A Escolha Certa. Segundo a Proteste, ele é o autêntico azeite extravirgem e apresentou qualidade excelente, além do melhor custo/benefício entre os produtos avaliados. Porém, a embalagem de plástico foi apontada como ponto negativo. Outra observação é que o rótulo precisa de adequações, uma vez que não informa a data de envase do produto.

NÃO SÃO EXTRAVIRGEM
>> Qualitá, Beirão, Carrefour Discount, Filippo Berio, Figueira da Foz, Tradição e Quinta d'Aldeia.


NÃO SÃO AZEITES
>> Pramesa, Figueira da Foz, Tradição e Quinta d’Aldeia. Eles foram eliminados do teste após a análise em laboratório comprovar adulteração.

LONGE DA MESA
>>  Figueira da Foz, Tradição e Quinta d'Aldeia. Segundo a Proteste, essas marcas apresentaram fraude, têm características sensoriais de azeite lampante, o qual nem poderia ser levado à mesa, devido à sua acidez intensa, só devendo ser destinado para uso industrial.
Fonte: Proteste


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)