Brasília – Com queda no volume transportado de 13% nos últimos 12 meses, o setor de cargas e logística enfrenta tarifas defasadas em até 22,9% na comparação com os custos operacionais, aponta pesquisa divulgada ontem, durante o Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercados (Conet), promovido pela associação nacional do setor, a NTC&Logística. O levantamento mostra que 11,5% da frota nacional, em média, estão parados para se adequar à retração na demanda.
Para Lauro Valdívia, assessor técnico da NTC, os dois segmentos de maior peso do setor, o de cargas fechadas, com transporte direto de um ponto a outro, e o de fracionadas, com entrega em vários locais, estão sofrendo com a queda da atividade econômica. “A defasagem parece maior nas cargas fechadas, principalmente de grãos, que é de 22,9%. Nas fracionadas está em 9,8%, mas como ela tem custos bem mais elevados, acaba tendo quase a mesma relevância”, explicou.
Para se ajustar ao encolhimento da demanda e à defasagem nas tarifas, já que o momento econômico não suporta aumento de taxas, as empresas de transporte de cargas estão demitindo e vendendo ativos, como caminhões, ressaltou Valdívia. “Houve uma redução nos custos com insumos de 7,3%, mas a queda na demanda de alguns segmentos, como transporte de cimento, com recuo de mais de 40% em um ano, tem impacto muito maior. Além disso, como o setor opera com certa ociosidade, não há espaço para correção de tabelas de frete”, disse.
O setor de transporte de cargas é responsável por quase 6% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país), revelou Valdívia. “E está operando no prejuízo. O que, no longo prazo, é muito perigoso. Existem segmentos que estão com 30% da frota parada, isso significa muitos motoristas e carregadores sem trabalho”, ressaltou. De acordo com o assessor da NTC, o único segmento que ainda não se ressente da crise é o de transporte de alimentos.