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Estado de Minas DIANTE DO CENÁRIO

Empresas respondem à queda da demanda com baixa nos preços dos serviços

Gastar com passagem aérea, hotéis e cabeleireiros virou luxo para o brasileiro. Renda disponível para consumo está desabando e levando muitas famílias a reduzir os gastos com serviços


postado em 31/07/2016 06:00 / atualizado em 31/07/2016 07:51

Brasília – Ainda que de maneira perversa, a crise está, aos poucos, fazendo sua parte para controlar os preços na economia. Com o aumento do desemprego, a renda disponível para consumo está desabando e levando muitas famílias a reduzir os gastos com serviços. A inflação desse grupo de despesas registrou alta de 7% no acumulado em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O resultado é o menor desde setembro de 2010. Diante desse cenário, o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, prevê alta de 6% para este ano. Se confirmada, será a menor em quase uma década, contribuindo para que o IPCA fique em 7,1%. Tal recuo na demanda do setor, que inclui cabeleireiro e refeições fora do lar, resulta em alívio sobre o custo de vida. Como os serviços respondem por 30% do IPCA, analistas acreditam que o arrefecimento dos preços contribuirá para amenizar o arrocho que se tem sentido no orçamento familiar.

É uma boa notícia que demorou para chegar, porque essas atividades estão entre os itens de consumo que não podem ser favorecidos, por exemplo, pelo comércio exterior. Quando o dólar cai, vários produtos da prateleira dos supermercados ficam mais baixos.

Cada vez menos intensa, a inflação de serviços tem se concentrado em poucos itens. Gastos com refeição, empregado doméstico e aluguel residencial respondem por 1,06 ponto percentual da inflação média em 12 meses, de 8,84%, o que significa 12% do custo de vida. Para Bentes, o recado é simples: não há mais fôlego para manter os serviços pressionados. “Se tem alguma certeza na economia é de que falta demanda”, avalia.

SEM DIARISTA
Que o diga a comerciante Patrícia Rodrigues, de 52 anos. Acostumada com o conforto de ter uma empregada doméstica, ela  arregaçou as mangas e se tornou responsável pelas tarefas de casa. “Lavo, passo e cozinho. Não tem mais ninguém para ajudar”, conta. Quando o orçamento da família apertou, Patrícia trocou a empregada de carteira assinada por diaristas. Com dificuldades, não conseguiu sustentar a situação e abriu mão do serviço. “Uma diária hoje é cerca de R$ 140. Se pago isso, fico sem dinheiro. A prioridade é a alimentação e as contas de casa.”

Patrícia deixou outros hábitos para aliviar o bolso. Toda semana, ela e a família escolhiam um restaurante ou passeio para aproveitar as horas de lazer. O que se tornou  impossível em meio à limitação da renda. Para manter a coloração nos cabelos, ela buscou a ajuda da filha. “Toda semana ia ao salão. Agora, compro a tinta e pinto em casa mesmo”, afirma.

Com o aprofundamento da crise, os brasileiros estão reduzindo ao máximo os custos com viagem. Com isso, gastos com passagem aérea reduziram 21,2% no ano. Gastos complementares ao turismo também apresentam recuo de preços. Despesas com hotel e aluguel de veículos recuaram, em média, 3,7% e 3,5%, respectivamente.

NA PONTA DO LÁPIS
A esteticista Bárbara de Abreu Nunes, de 26, se esforçou para conseguir aproveitar as férias de julho. Com pouco dinheiro, se programou com 30 dias. Viajou para a casa de um amigo em Balneário Camboriú (SC), andou de ônibus e bicicleta e encontrou passagem aérea em aplicativo de descontos. Lá, optou por fazer passeios gratuitos e conhecer pontos turísticos da cidade, além de uma única refeição fora de casa. As demais eram feitas em casa. Com tantas alternativas para poupar, ela calcula que os gastos com a viagem, que durou cinco dias, somaram R$ 550.


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