O Grupo Meet, que reúne nove empresas focadas em eventos – incluindo espaço, bufê, distribuidora de bebidas, restaurante, produtora, entre outros – prevê crescimento de até 10% em relação ao ano passado. “Considerando a inflação, estou na mesma, mas crescer 10% em tempos de crise é muito bom”, reforça o presidente do grupo, Fernando Júnior.
Os eventos sociais são o carro-chefe do aumento nas vendas. “O cara que fica adiando casamento vai criar uma crise no relacionamento. A vida não tem bis. Isso gera uma menor influência em momentos de crise, mas traz uma responsabilidade grande para nós, pois participamos de um momento muito especial para os clientes”, afirma o empresário, que também tem feito eventos corporativos com foco em motivação das equipes.
Chef proprietário do bufê Bravo Catering, Paulo Vasconcellos acredita que a empresa não tenha sofrido tanto com a crise porque atende a um segmento com maior poder aquisitivo. No bufê não houve redução da demanda, mas crescimento abaixo do esperado. “Vamos crescer 20% e esperávamos 35%. Houve uma diminuição da demanda empresarial. Temos feito, principalmente, casamentos. As pessoas não param de se casar. Ainda temos um mercado grande para alcançar. Tentamos no Bravo fazer um serviço de restaurante dentro de uma festa”, explica.
Em janeiro, depois de uma temporada na escola de culinária francesa Le Cordon Bleu, em Paris, a chef pâtisserie Elisa Dayrell, dona da Espetacular Doceria, voltou para BH e ainda não sentiu cheiro de crise. Ela aproveitou a má fase do mercado imobiliário para alugar loja no Bairro Funcionários e não só abandonou a produção na cozinha da casa dos pais como se prepara para expandir o negócio.
Em agosto, Elisa abrirá um café no mesmo endereço de sua cozinha e servirá desde chás, cafés a tortas doces e o tradicional croissant. “Estava com um espaço ocioso e percebi que, de fevereiro a junho, os clientes vinham buscar as encomendas e queriam tomar um café e comer uma torta”, explica a chef, que espera aumentar o faturamento em 30%. “As pessoas não deixam de comemorar aniversário, casamento, 15 anos”, reforça.
Desde 2005, a Minas Flor, produtora e distribuidora de flores, mantém crescimento de 8% a 10% ao ano e já vinha planejando aumentar sua sede há três anos. A crise econômica instalada no país não abalou os planos e a empresa acaba de se mudar para novas instalações, com área três vezes maior, na Região da Pampulha. “Se for olhar a crise, você não faz nada. Temos que ser agressivos. Já almejávamos ampliar nossa sede desde 2013”, diz o diretor comercial da empresa, Wagner Araújo. O investimento ultrapassa os R$ 350 mil.
O bom desempenho, segundo Araújo, se deve também à crescente valorização da floricultura no Brasil. A empresa tem atuação diversificada e atende de decoradores de eventos a pedidos de coroas para celebrações fúnebres. “Às vezes, um segmento está em baixa, mas outro não. Todos os eventos – seja casamento, festa de 15 anos ou empresarial – hoje têm flor. O brasileiro está aprendendo a comprar flor”, afirma. Mas ele reforça que o segmento tem uma característica que favorece: “Trabalhamos com emoções”.
Estratégias para fisgar a clientela
Não é porque a crise não tem batido à porta que é preciso ignorá-la. Os bons ventos que sopram a favor do mercado de eventos ganham força com um trabalho de negociação junto ao cliente e estruturação das firmas. Para não perder vendas, empresários facilitam a forma de pagamento, sugerem opções mais em conta para fazer a festa e investem em gestão e no treinamento de funcionários.
O bufê Bravo Catering está investindo em ferramentas de gestão. “Estamos olhando para dentro da empresa e fazendo todos os ajustes necessários, desde a seleção de equipe a fornecedores para minimizar custos e maximizar resultados”, comenta o chef Paulo Vasconcellos. Segundo ele, o cliente tem negociado mais antes de fechar com a empresa.
A percepção é geral entre os empresários do ramo, que tem cedido aos interesses dos clientes. “As pessoas estão pedindo mais para dividir, que era algo que eu não fazia. Também cogitei trabalhar apenas com a linha de doces gourmet, mas muita gente pede o tradicional para economizar, pois são doces mais baratos”, comenta a chef pâtisserie Elisa Dayrell, da Espetacular Doceria.
Sentar à mesa com o cliente tem sido a estratégia adotada por Fernando Júnior, presidente do Grupo Meet, para não perder a venda. “Uma característica do mineiro é a vontade de negociar e conversar com o dono. Estou negociando mais e dando melhores condições. Baixei meu tíquete médio, mas estou fechando mais contratos”, ressalta.
É a mesma dinâmica adotada na floricultura Minas Flor. “Trago os clientes para dentro das empresas. Ajudamos a fechar os orçamentos dentro das condições financeiras que eles podem. Também damos cursos de arranjos de flores aos clientes. Investimos neles”, reforça o diretor-comercial da empresa, Wagner Araújo. (FA)