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Estado de Minas

Desemprego alto é a maior ameaça a Michel Temer

Economistas admitem que a mudança de governo não terá efeito para conter as demissões, o que tende a elevar o nível de descontentamento da população com a economia. Até o fim do ano mais 2 milhões devem perder o emprego


postado em 16/05/2016 06:00 / atualizado em 16/05/2016 08:56

Brasília - O desemprego será a maior ameaça à estabilidade da gestão Michel Temer. Economistas admitem que a mudança de governo não terá efeito para conter as demissões, o que tende a elevar o nível de descontentamento da população com a economia. As estimativas mais conservadores indicam que pelo menos 2 milhões de pessoas vão se juntar, até o fim do ano, ao recorde de 11,1 milhões de desocupados identificados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até março. Os mais pessimistas falam em 3 milhões de demissões neste ano, independentemente da troca de governo.


Os cortes de vagas tendem a aumentar as pressões sobre Temer, que assumiu a presidência interinamente na semana passada, diante da decisão do Senado de abrir processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, que foi afastada do poder por até 180 dias. Especialistas ouvidos pelo Estado de Minas não veem disposição entre os eleitores de dar tempo ao peemedebista. Portanto, se quiser evitar manifestações mais fortes nas ruas, ele terá de agir rápido para reverter o pessimismo e encorajar os agentes econômicos a retomarem os investimentos o mais rapidamente possível.

Na avaliação do economista Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos, os próximos 60 dias serão cruciais para que o presidente em exercício dê nova direção à economia, indicando a retomada do crescimento, mesmo que num prazo mais longo que o desejado. Caso não consiga pôr em prática medidas que levem à queda mais forte da inflação e à retomada da confiança, Temer terá que lidar com cobranças muito fortes, inclusive do empresariado que o está apoiando. Em média, três pessoas orbitam em torno de um desempregado. Ou seja, 44,4 milhões de brasileiros estão sofrendo com a forte retração da economia, que pode encolher até 4% neste ano.

Para tentar reverter o pessimismo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve anunciar hoje um pacote de medidas a fim de conter o déficit público, abrir espaço para a queda da inflação e reconstruir a credibilidade junto aos agentes econômicos. Não será tarefa fácil. “A economia não aceita mais paliativos”, afirma o economista-chefe da MacroAgro, Carlos Thadeu Filho. Para ele, o país precisa de um plano consistente de recuperação da atividade. Caso o governo Temer seja capaz de pavimentar as pontes, será possível falar em crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma da produção de bens e serviços do país) em 2017. Tudo, porém, são expectativas até agora.

Segundo Thadeu Filho, o empresariado já demonstrou que vai cooperar com o novo governo. O problema é que a população não está disposta a esperar muito tempo. Desde o fim de dezembro de 2014, a taxa de desemprego passou de 6,8% para 10,9% e pode ir a 13% ou 14% ao longo deste ano, dependendo da capacidade de Temer de reconstruir a confiança no país. “A urgência é grande”, assinala o economista.
Para Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimentos, assim que os empresários tiverem certeza de que não haverá sobressaltos mais à frente, poderão desengavetar projetos que tendem a reanimar o PIB.

 
Encruzilhada
10,9%
É a taxa de desemprego medida em março no país


13%
Estimativa de quanto será a taxa de desocupados em dezembro


Taxa menor de juros é esperada

“Essa é a hora de voltarmos aos trilhos do progresso”, diz o economista Alexandre Espírito Santo. Ele acredita que outro pleito dos empresários para voltarem a investir está prestes a se tornar realidade: a queda dos juros.

Para isso, porém, a equipe de Meirelles terá que apresentar um programa fiscal consistente. Segundo o economista da Órama, é pouco provável que o país consiga apresentar superávits primários a curto e a médio prazos. Contudo, será importante indicar, sem malabarismos ou pedaladas fiscais, que, em dois ou três anos, as contas voltarão ao azul.

Esse é o único caminho, na avaliação de Carlos Thadeu Filho, para que as expectativas de inflação convirjam mais rapidamente para o centro da meta, de 4,5%. “A chance de a confiança voltar é grande”, avalia. Para ele, contudo, será necessário muito mais do que promessas. “Precisaremos ver ações claras no sentido de corrigir todas as distorções que foram criadas na economia nos últimos anos”, frisa.

Apenas a mudança de governo já levou bancos e consultorias a revisarem, para cima, as estimativas de crescimento da economia para o próximo ano. O Bank America Merrill Lynch passou a prever alta de 1,5% para o PIB ante incremento de 0,8%.

O Bradesco, por sua vez, reviu as projeções de crescimento de 1,3% para 1,5%. Já o Banco Fibra elevou seus prognósticos de 1,5% para 2,1% e o Credit Suisse, de queda de 1% para alta de 0,5%.


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