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Estado de Minas

Fabricantes de calçados de Nova Serrana se reestruturam e voltam a contratar

Na contramão da crise que afeta diversos setores. empresas cortam custos e negociam com os fornecedores


postado em 17/04/2016 13:00 / atualizado em 17/04/2016 13:05

Com maior eficiência, linhas de produção contribuíram no saldo de 1,8 mil empregos criados a mais que as demissões, e anunciam vagas (foto: Marta Vieira/EM/D.A Press )
Com maior eficiência, linhas de produção contribuíram no saldo de 1,8 mil empregos criados a mais que as demissões, e anunciam vagas (foto: Marta Vieira/EM/D.A Press )
Em lugar do lamento diante do tombo de mais de 40% em vendas e produção, o polo calçadista de Nova Serrana, no Centro-Oeste de Minas Gerais, decidiu reagir. Depois de cortar custos, negociar com fornecedores, adotar medidas para aumentar a eficiência das fábricas, e pesquisar as tendências do mercado consumidor, os empresários do setor estão convencidos de que, em pleno auge da crise política e econômica do país, “estão dando a volta por cima”. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Previdência Social, a cidade está no topo dos municípios mineiros que mais têm gerado empregos formais, com saldo positivo (diferença entre contratações e demissões) de 1,8 mil novos postos de trabalho abertos até o fim de fevereiro. Realistas, os fabricantes de calçados afirmam não estar vivendo “o céu da economia”, mas enxergam novos sinais de recuperação da atividade e pretendem admitir mais trabalhadores nos próximos meses.

Conhecida pelo polo industrial, Nova Serrana atravessou o ano passado num cenário de desânimo e dificuldades. Com a recessão de 2015, as empresas sentiram a queda no consumo e reduziram a produção, o que levou à demissão de mais de 2,2 mil trabalhadores do setor, principal empregador da cidade. Cerca de 30 fábricas foram fechadas de um total de 830 unidades no município. “As empresas ficaram apavoradas, mas estamos acostumados com as crises e sabemos que chorar atrás da porta não adianta. É preciso agir”, enfatiza o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva.

O setor mantém cerca de 20 mil empregos diretos na cidade, com produção de 110 milhões de pares por ano. É o terceiro maior polo do segmento no país, atrás do Rio Grande do Sul e de Franca, em São Paulo. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregos e Empregados (Caged), do Ministério do Trabalho, em fevereiro deste ano foram admitidas na cidade 2.391 pessoas, ante 657 demitidas, o que gerou saldo positivo de 1.734 contratações.

A expectativa do Sindinova é de que os empregos com carteira tenham crescido também em março. “Fechamos 2015 em situação muito instável, e receosos. Foram muitas as demissões, as fábricas enxugaram seus custos e a produção”, comenta o empresário Rodrigo Amaral Martins, um dos sócios da fábrica Marina Mello Calçados, há 33 anos no mercado. Ele diz que, no ano passado, o faturamento da empresa chegou a cair 30%, porém, este ano começou aquecido para Nova Serrana.

REAÇÃO Apesar de reconhecer as dificuldades de 2016, a receita dos empresários de Nova Serrana para reagir à turbulência da crise foi não cruzar os braços. “Primeiro, reduzi custos com determinados serviços, negociei com os fornecedores de matéria-prima. Busquei alternativas no mercado e reavaliei meu quadro de funcionários, demiti aqueles de alto custo e fiquei com a mão de obra mais em conta”, revela Rodrigo Amaral Martins, dizendo ainda que reduziu a margem de lucro. E, se antes ele fabricava 1,4 mil pares por dia, hoje são 700 unidades. “Ainda não dá para respirar aliviado, mas a empresa está indo bem. Não podíamos esperar algo acontecer para reagir, então, pesquisei o mercado e busquei alternativas. Eu reagi”, conta. E avisa: “Estamos contratando”.

A realidade de emprego em crescimento para a cidade é confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados em Nova Serrana. De acordo com o diretor financeiro da entidade, Serafim de Souza, o momento é positivo e não tem havido tanto desemprego, como houve em 2015. “Há muitas vagas. Trata-se de um setor para o qual a crise não tem impacto tão forte. Afinal, todo mundo quer andar calçado”, diz. Para o empresário Rodrigo Amaral, Nova Serrana tem ótimos produtos, marcas fortes de nível nacional e é uma cidade sem preguiça para o trabalho.

Segundo o presidente da Sindinova, Pedro Gomes da Silva, que também tem fábrica na cidade, um dos segredos para a reação dos empresários foi não reajustar os preços dos calçados. “Eles diminuíram a produção, ajustaram o que tinham para ajustar e se mantiveram competitivos.” Ele espera que a produção de sapatos na cidade feche o ano com 90 milhões de pares produzidos, 20 milhões a menos do que foram fabricados nos bons tempos do polo calçadista. Ele conta que, para os trabalhadores, foi dado reajuste salarial de 7% – índice abaixo da inflação de 9,39% nos últimos 12 meses, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pedro Gomes diz que também aumentou a produção da empresa que comanda para 550 pares de sapatos por dia e contratou nove funcionários. “Com a crise, produzimos 2,7 mil pares por mês. Atualmente, estou com 3,3 mil. Se há demanda, você vende. Mas, para isso, tem que estar de olho nas tendências do mercado”, diz. A procura pelos produtos da cidade, de acordo com os empresários, é de todos os estados brasileiros e a aposta de aquecimento maior do mercado está para os Dias da Mães, em maio, e o dos namorados, em junho.


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