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Estado de Minas

Cresce procura ao Procon para renegociar dívidas

Após pesquisa mostrar que 52% dos inadimplentes gastam 50% da renda com dívidas, órgão quer negociar com credor


postado em 04/04/2016 06:00 / atualizado em 04/04/2016 07:20

Se antes batia à porta do Procon da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o cidadão com reclamações sobre mercadorias compradas, hoje a crise econômica mudou as queixas. Vem crescendo a passos largos no serviço o número de consumidores endividados e desesperados para dar fim às suas dívidas. A situação chamou a atenção do Procon de Minas, que, em pesquisa inédita com a população, mostrou que 52% dos inadimplentes, isto é, aqueles que não conseguem pagar em dia seus compromissos financeiros, têm mais de 50% de sua renda comprometida com dívidas. Diante disso, o órgão recomenda àqueles nessa situação abandonarem seus cartões de crédito e procurarem o órgão para tentar negociações com os credores.

Foram entrevistadas 260 pessoas entre os dias 1º e 4 de março deste ano em várias regiões da capital. De acordo com a pesquisa, desse total, 137 (53%) se disseram inadimplentes, enquanto os outros 123 garantiram que estão em dia com seus pagamentos. A maior parte dos débitos pendentes se refere a cartões de crédito ou de loja. São 57,66% dos casos. Contas atrasadas de água, luz e telefone representam 30,66% do total.

“Quando a economia estava boa no país, consumidores chegavam até nós para reclamar de uma geladeira que tinham comprado e estava com defeito, ou de uma televisão nova que não funcionava. As coisas mudaram. Hoje, eles chegam desesperados com a crescente dívida e com débito em contas básicas, como por exemplo, a de luz. Por isso, resolvemos fazer a pesquisa e ver se essa mudança era também de outras pessoas que não iam ao Procon e foi o que constatamos: é geral o endividamento”, comenta a coordenadora da pesquisa Preços e Fiscalização Educativas do Procon -MG, Margareth Cintra.

No estudo, o que mais preocupou o Procon é que os devedores recebem, em sua maioria (61%), entre um e dois salários mínimos por mês, e 20,44% estão desempregados. “E isso é o mais triste. São pessoas que recebem, por exemplo, R$ 2 mil e estão com 50% da renda comprometida com dívidas. Nunca vimos uma situação dessas no Procon. O consumidor que vem até nós chega arrebentado, já sem luz em casa. Essas pessoas não estavam preparadas para uma recessão na economia”, diz Margareth. Beatriz Conrado, de 35 anos, por exemplo, trabalha como atendente no comércio e tem uma dívida no valor de R$ 1 mil. Ela diz que se descontrolou com os juros e as parcelas se tornaram uma bola de neve, assim acabou abandonando o pagamento por um tempo, mas não se esqueceu da fatura.

Para quitar o débito, ela conta que gostaria de ter um desconto de 50% e explica: “O que eu devia na verdade era bem menos, é que as taxas de juros são altas demais.” Segundo ela, seu objetivo é se livrar da dívida o quanto antes, limpar o nome e não voltar a consumir no rotativo do cartão. Para pessoas como Beatriz, o Procon tenta negociar as dívidas com o banco. “A primeira coisa que fazemos com esse devedor é uma planilha, em que calculamos se os juros são abusivos. Caso sejam, fazemos uma audiência com a instituição para negociar a cobrança”, explica.

José Leão, de 66, está aos poucos se livrando de suas dívidas e conta que está fugindo dos juros do cartão de crédito, que ultrapassam o impressionante patamar de 400% ao ano. Com débitos em três bancos diferentes, o aposentado explica que a maioria de seus problemas vêm do dinheiro de plástico, que usa especialmente nos supermercados para comprar alimentos. Um dos débitos, no valor de R$ 9 mil, José Leão negociou com o banco e conseguiu trazer a dívida para o patamar de R$ 4.680, valor que ele vai pagar em 36 parcelas de R$ 130 a partir deste mês. Ele agora vai tentar, aos poucos, negociar com os demais bancos. “Minhas dívidas são referentes ao cartão de crédito. Quando atrasamos as parcelas, os juros fazem a dívida crescer demais.”

RESERVA
A pesquisa do Procon-MG mostrou também que 58% dos entrevistados estão com o nome negativado nos serviços de proteção ao crédito. A recomendação do órgão de defesa do consumidor é para quem está endividado quebrar o cartão de crédito. “É isso. Encerrar todos os cartões e negociar as dívidas. A prioridade é para aquelas de primeira necessidade”, afirma Margareth, que recomenda a todas as pessoas que estão sem dívidas a ter uma reserva financeira neste momento da economia brasileira. “Tem que pensar em um possível desemprego”, avisa.

Pagar dívidas é se livrar de um fardo pesado. Foi exatamente assim que se sentiu na última semana o aposentado José de Souza, que em maio completa 70 anos. Ele emprestou seu cartão de crédito para familiares e acabou ficando com o seu nome negativado. Já eram quase três anos de inadimplência, mas na quarta-feira José foi até um feirão promovido pela Serasa para negociação de dívidas e quitou o débito. O aposentado conseguiu um bom desconto, de R$ 1 mil a dívida foi negociada por R$ 259. “Sou evangélico e meu modelo de vida não permite determinadas ações. Se temos uma dívida, temos que pagá-las.” Ele pagou à vista.






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