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Estado de Minas

Preços em queda e estratégias das construtoras provocam vale tudo pela casa própria

Clientes ganham poder para barganhar neste cenário de crise econômica. Empresas estão oferecendo de descontos a carro na garagem


postado em 01/01/2016 06:00 / atualizado em 01/01/2016 08:25

A crise da economia fez despencarem os preços dos imóveis. Construtoras e incorporadoras, que começaram a levantar prédios quando os valores estavam em alta, agora acumulam um grande estoque em carteira. Para manter o fluxo de caixa, a ordem nas empresas é fazer de tudo para negociar as unidades prontas. Elas oferecem de bônus extraordinários a descontos que chegam a 51% e até carro na garagem. Para os especialistas do setor, está na hora de quem tem recursos realizar o sonho da casa própria. Quando o país retomar o rumo do crescimento, os preços vão acompanhar a reação. No momento, o brasileiro que tem dinheiro na mão pode fazer boa compra.

É preciso cautela, no entanto, para não cair em armadilhas. O assédio dos vendedores é grande e, muitas vezes, oportunidades vendidas como únicas, ou imperdíveis, nem sempre correspondem à realidade. É possível que o valor mais em conta de um imóvel incluído numa promoção, por exemplo, reflita apenas o realinhamento de preços do mercado. Neste caso, outros ativos, na região, vão oferecer as mesmas oportunidades. Além disso, antes de bater o martelo da compra é importante fazer detalhadamente os cálculos de quanto será gasto com prestações mensais e intermediárias. Adquirir um imóvel é diferente de comprar um carro. Dependendo das condições na entrega, será preciso ainda desembolsar pelo menos R$ 10 mil em material e serviços. Aquele modelo pronto para morar que o cliente visitou é apenas uma referência.

“Leia atentamente o memorial descritivo da obra. Lá estão todas as informações sobe a construção e em que condições será entregue o imóvel”, aconselha Lucas Vargas, vice-presidente executivo da Construtora Vila Real. De acordo com Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário do escritório Tapai Advogados e presidente do Comitê de Habitação da regional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP), muitas vezes o cliente é enganado ou não recebe todas as informações necessárias.

Tapai fez uma simulação para mostrar que, nessas transações, os cálculos não são tão simples. No exemplo dado por ele, o preço do imóvel é de R$ 300 mil. Como entrada, o comprador paga R$ 20 mil de uma vez e ele terá de arcar com 36 parcelas mensais de R$ 1 mil (total de R$ 56 mil). Com isso, imagina que, no final, terá um saldo a financiar de R$ 244 mil. Não é verdade.

O que o cliente não sabe é que há uma correção mensal pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que não é incluída no início para que o valor caiba no bolso do comprador. Não são cobrados juros durante a construção. Porém, com a revisão do INCC, no fim, ele estará devendo mais de R$ 311 mil.

O advogado Tales Pinheiro Lins, da Comissão de Direito Imobiliário da OAB/DF, ressalta que por isso houve um aumento no volume de ações de revisão contratual. “O consumidor não aguenta pagar ou acha o preço injusto e acaba devolvendo o imóvel”, diz.

Como o mercado se ressente dos efeitos da crise econômica, segundo Olivar Vitale, especialista em direito imobiliário e sócio do Tubino Veloso, Vitale, Bicalho e Dias Advogados, a previsão é de que os estoques de imóveis só cheguem ao fim em dois ou três anos. Alexandre Lafer, diretor da Vitacon Incorporadora e Construtora, considera natural e saudável a desaceleração, depois da euforia dos últimos anos. “O imóvel é uma moeda forte de proteção. O Brasil tem déficit de 7 milhões de moradias. Milhares de pessoas estão formando família. Independentemente da crise, existe demanda”, aponta.


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