Nos financiamentos do SAC, em que as parcelas são decrescentes, pode ocorrer o contrário, se a TR continuar subindo. Foi o que aconteceu com a servidora Ana Maria (nome fictício), que pediu anonimato. Em novembro, a prestação do apartamento financiado pelo Banco do Brasil passou de R$ 2.342,10 para R$ 2.438,23, aumento de 4,1%. “Me assustei porque achava que a prestação ia cair todo mês, porque contratei o empréstimo pelo SAC. Fui até o gerente e ele me disse que o valor subiu por causa da TR”, conta.
Cautela
Todo cuidado é pouco no caso dos financiamentos com prazos muito longos. A orientação de especialistas é que o consumidor olhe atentamente o contrato para poder reclamar se encontrar algum abuso na cobrança das prestações, principalmente se os valores começarem a subir muito. “Daqui para frente, será comum ver pessoas com as prestações subindo por conta da TR. Os juros estão altos e eles podem voltar a subir, porque a inflação está na casa de 10% e tudo indica que vai demorar para baixar”, alerta o economista Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper.
Para ele, há 30% de chances de a inflação se manter nesse patamar no ano que vem, porque os preços no Brasil custam a baixar, por questões culturais. “Até agora, mesmo com essa crise de crédito e de consumo, não vejo montadoras dando descontos nos preços dos automóveis. No máximo, oferecem financiamento com juro zero, mas pedem uma entrada alta”, comenta, lembrando que, com a inflação elevada, os juros não deverão baixar tão cedo, e, portanto, a TR continuará subindo.
“Quem já contraiu um financiamento vai ter que ajustar as contas para essa nova despesa”, aconselha o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro Oliveira. “O mutuário que estiver vendo a prestação subir por conta da TR vai precisar controlar melhor o orçamento”, orienta.