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Estado de Minas

Calorão alivia crise em bares da capital

Elevação das temperaturas aumenta o movimento e empresários comemoram chance de vender mais e driblar a recessão


postado em 24/09/2015 06:00 / atualizado em 24/09/2015 09:21

Breno Henriques (E) e Lucas Vianna (D) se reuniram mais cedo com outros seis amigos para as tradicionais horas de refresco da turma(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Breno Henriques (E) e Lucas Vianna (D) se reuniram mais cedo com outros seis amigos para as tradicionais horas de refresco da turma (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Em meio à crise que atinge todos os setores da economia, as altas temperaturas têm sido a salvação de pelo menos parte dos bares e restaurantes em Belo Horizonte. Para escapar do calorão, tomar uma gelada tornou-se uma boa pedida para quem mora na capital brasileira dos butecos. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel) calcula que nos últimos dias houve um crescimento médio de 9% na ocupação dos estabelecimentos – especialmente aqueles que têm área aberta ou mesas na calçada. E o número pode aumentar ainda mais com a chegada do horário de verão, no próximo dia 18.

“As altas temperaturas convidam as pessoas para tomar algo refrescante, para um happy hour. Há uma opção por ficar um pouco mais na rua, em vez de sair do trabalho e ir para casa”, explica o diretor-executivo da Abrasel Lucas Pego. Segundo ele, o calorão deste ano vai incrementar outros fatores que tradicionalmente levam ao crescimento na ocupação dos bares no último trimestre do ano, tais como o número de encontros de fim de ano e as promoções.

É o caso do restaurante e choperia Pinguim, no Sion, na região Centro-sul de Belo Horizonte. Nos últimos dias, a casa registrou um incremento de 15% no público e 20% na venda de chopes. “E a nossa meta é chegar aos 30% nos fins de semana”, planeja o gerente operacional da casa, João Bosco Moreira Rezende. Os números positivos são uma combinação do calor com uma promoção lançada em comemoração dos 80 anos da rede. Entre as 17h e 20h, os clientes participam do “Momento Pinguim”, que oferece um cardápio exclusivo de petiscos e chopes a preços mais baixos.

No Chopp da Fábrica, no Bairro Santa Efigência, a direção contabiliza um aumento de 10% no movimento depois das 18h. “O calor tira o pessoal de casa”, acredita o gerente administrativo Marcos Alexandre. Ele conta ainda que a casa traz um diferencial para seus clientes, importante no período de altas temperaturas, que é um andar totalmente climatizado. Sem falar na área aberta. Promoção o Chopp da Fábrica ainda não lançou, mas segundo Marcos Alexandre, nem precisa. “Apesar da crise, estamos mantendo nossos preços, tentando não repassar os custos para o cliente”, conta.

Ventiladores O calor e o crescimento da clientela nas últimas semanas fez com que o Botequim do Lourdes investisse em mais quatro ventiladores no local, todos instalados na tarde de ontem. “Com o aumento na procura, notamos que o calor no bar estava ficando insuportável. E nem estamos no verão ainda”, afirma o gerente Rodrigo Neves Vaz. O bancário Eduardo Siqueira Batista, de 36 anos, agradece o artefato. Até porque ele tem frequentado o bar três vezes por semana. “Antes era só aos domingos. Depois começamos a sair nas quintas-feiras também. E agora incluímos as quartas”, diz ele, que ontem fez questão de tomar umas cervejas com os amigos Clayton Maia e José Passos.

O administrador de empresas Gustavo Gontijo, de 38 anos, reuniu uma turma de oito amigos para uma gelada. “Sempre saímos às quartas-feiras. E hoje (ontem) viemos mais cedo por causa do calor”, afirmou ele. O grupo fez questão de pegar uma mesa na calçada no Boi Lourdes. Assim como três amigas e vizinhas, que saíram do apartamento e se sentaram em um bar para se refrescar com água gasosa, gelo e limão. “O apartamento é muito quente, e com esse calor estamos saindo três vezes por semana. Às vezes vamos para shoppings, para aproveitar o ar-condicionado”, brinca a fisioterapeuta Fabiana Marcondes, de 39 anos.

Mas nem todo mundo tem razão para comemorar. Proprietária do Restaurante Tip Top, no Lourdes, Cleuza Silva ainda não registrou crescimento de público e consumo – especialmente nos dias de semana. “Não vou conseguir nem bater a meta este mês”, lamenta ela, que espera uma mãozinha do calor na capital para reverter os números nos próximos dias. Para não deixar tudo nas mãos da natureza, ela planeja algum tipo de promoção no cardápio ou atrações para os clientes, como música ao vivo.

Casas fechadas


Conforme mostrou o Estado de Minas no início deste mês, cerca de 500 estabelecimentos fecharam
as portas somente neste ano – entre pequenos bares, lanchonetes, casas de maio porte e restaurantes tradicionais. Na conta do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte (Sindhorb), entram também diversos restaurantes tradicionais, voltados para as classes A e B, em regiões como Centro-Sul, Oeste e Pampulha. A principal justificativa é a crise econômica do país, com aumento do desemprego, encolhimento da renda da população e elevação dos custos desses estabelecimentos, principalmente com relação ao aluguel.

Ajuda da natureza


E os bares da Grande Belo Horizonte vão continuar com motivos para faturar mais. A primavera começou ontem com muito calor em Belo Horizonte e baixa umidade relativa do ar. A capital mineira registrou o terceiro dia mais quente do ano, com 33,6°C. A temperatura foi medida na estação da Avenida Raja Gabaglia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que é usada para a marca histórica, e ficou atrás do dia primeiro deste mês, que teve 33,8°C, e de janeiro, que teve marca de 33,9°C. Na Pampulha, os termômetros marcaram 34,2°C. Porém, o valor não conta para a informação climatológica, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.

Moradores de BH devem conviver com o calor e o tempo seco neste início de primavera, que teve início às 5h20. “Estamos com uma intensa massa de ar quente sobre o Sudeste que pegou intensidade com a atuação do el niño, que está fazendo uma bolha de ar quente que impede a chegada de frentes frias. Por isso, devemos continuar com temperaturas altas até quarta e quinta-feira da semana que vem”, explica o meteorologista Luiz Ladeia, do 5º Distrito de Meteorologia do Inmet.

A massa de ar quente fez aumentar a temperatura em Belo Horizonte ontem. Os termômetros marcaram a terceira temperatura mais alta do ano. Outra preocupação é com a umidade relativa do ar, que ficou em 25%, o que é considerado estado de atenção pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

No interior do estado, a maior temperatura registrada ontem foi em Arinos, na Região Noroeste. O índice se aproximou do mais alto deste ano, que foi em Januária, no Norte do estado, em 5 de setembro onde os termômetros chegaram a 40,1°C. A menor umidade relativa do ar foi em Janaúba, na Grande BH, que ficou em 16%, considerado estado de atenção.

A primavera marca a transição entre os períodos seco e chuvoso. “A chuvas devem começar na segunda quinzena de outubro, mas de maneira escalonadas. Serão pancadas ocasionais com ventos fortes e granizo. Isso deve acontecer por causa da massa de ar quente que está forte e deve ter resistência. As chuvas mais continuadas devem ser em novembro”, diz Luiz Ladeia.


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