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Estado de Minas

Mensalidade escolar vai subir 14,1%, percentual acima da inflação

Justificativa é aumento da folha de pagamento e novos projetos pedagógicos


postado em 08/12/2014 06:00 / atualizado em 18/12/2014 13:08

Com dois filhos no Colégio Santo Antônio, Marcelo diz que já recebeu o aviso do reajuste(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Com dois filhos no Colégio Santo Antônio, Marcelo diz que já recebeu o aviso do reajuste (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

O ano novo já está próximo e os pais devem preparar o bolso para não deixar o orçamento no vermelho. Além de todas as contas, as mensalidades escolares vão aumentar. De acordo com pesquisa do site Mercado Mineiro exclusiva para o Estado de Minas, o preço médio do que é pago às escolas particulares vai sofrer reajuste de até 14,1% em 2015. O percentual é maior que a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registrou alta de 6,21% no acumulado dos últimos 12 meses em Belo Horizonte. Segundo a pesquisa, a mensalidade da 1ª série do ensino fundamental foi a que registrou maior aumento, passando o preço médio de R$ 733,96 para R$ 824,03.

Em seguida no ranking da inflação aparece a mensalidade da 2ª série do ensino fundamental, que até o final deste ano custa, em média, R$ 733,96, e passará a custar R$ 818,17 a partir de janeiro de 2015, registrando aumento de 11,47%. A mensalidade da 3ª série do ensino fundamental aumentou 11,38% e a 5ª série teve reajuste de 13,15%. Entre as séries do ensino médio, a mensalidade do 3º ano, que em 2014 custava cerca de R$ 1.040,50, foi a que apresentou maior aumento. Um acréscimo de 13,02% fez o valor pago mensalmente subir para R$ 1.175,98, em média.

Na avaliação do analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Minas Antônio Braz, o impacto da alta das mensalidades na inflação deve ser sentido a partir do mês de fevereiro, uma vez que os reajustes incorporam nos índices da inflação dos meses anteriores. Segundo ele, o percentual já ultrapassou o teto da meta de 6,5% estabelecido pelo governo para este ano. “Com o aumento da renda da população, cresceu também a demanda por esse tipo de serviço, que há anos vem apresentando índices inflacionários muito acima do índice de outros grupos”, explica. Segundo o analista, além de pesar no bolso no início do ano, o consumidor vai se incomodar ainda mais nos meses seguintes, um vez que os aumentos salariais são mais contidos e não acompanham o peso desse aumento.

Com reajuste de quase 16% anunciado pelo colégio do filho João Paulo, de 13 anos, a fisioterapeuta Márcia Coelho já estipulou: este ano, o presente de Natal será o material escolar e o uniforme. Tudo, calcula ela, deve passar de R$ 1 mil. “Nunca sabemos a justificativa para esse aumento que todos os anos supera a inflação registrada no país. Ao longo do ano, pesa no orçamento, mas é um gasto que não temos como cortar ou reduzir. Afinal, é um investimento na educação do nosso filho. O problema é que nossa renda nunca acompanha esse reajuste”, ressalta Márcia.

Sem ter como fugir dos reajustes, o diretor-executivo do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, afirma que é importante que os pais questionem nas escolas os aumentos e confiram sempre as planilhas de custos que as próprias escolas disponibilizam para consulta. “É um aumento que vai pesar no orçamento da família, principalmente quando se tem mais de um filho no colégio. Para tentar evitar gastos excessivos, aconselhamos que os pais fiquem de olho no que é incluído na planilha de custo da escola e cobrem o que é oferecido para não ter prejuízos”, explica.

MUDANÇA Na família do bancário Marcelo da Fonseca, o impacto será ainda maior. Com dois filhos de 8 e 14 anos na escola particular, ele conta que na última semana recebeu a circular do colégio comunicando um reajuste de cerca de 13% nas mensalidades. A mais nova será matriculada na 3ª série do ensino fundamental e, o mais velho no 1º ano do ensino médio. Além do reajuste imposto pelo colégio nas mensalidades, Marcelo conta que terá um gasto de quase R$ 400 a mais em função da mudança do ensino fundamental para o médio. “Acho que não justifica um aumento tão alto. Eles disponibilizam a planilha de custos da escola para olharmos, mas não dão liberdade de discutir e mudar. Sabemos que pagar a educação dos nossos filhos é um investimento, mas chega uma hora que fica difícil, pois nossos salários não acompanham o reajuste dos gastos básicos da família, principalmente da educação que é sempre acima da média”, afirma.

O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), que já havia divulgado em setembro que as mensalidades seriam reajustadas com índices entre 13% e 16%, justifica o aumento acima da inflação oficial do país com despesas de pessoal, reajuste salarial de professores e funcionários e inclusão de novas tecnologias no processo pedagógico das escolas. De acordo com o presidente do sindicato, Emiro Barbini, além disso, as instituições precisam calcular o reajuste em cima da inflação do próximo ano, já que, por lei, eles devem fixar os preços antes do início das aulas, permanecendo até o final do ano. “As escolas levam em conta o que pode acontecer em 2015. O salário mínimo, por exemplo, vai aumentar 8,8%, em abril temos o dissídio salarial dos professores e ainda tem a inflação em cima dos insumos e despesas básicas como água e luz. Tudo isso impacta no preço, que não pode ser reajustado em qualquer momento do ano, apenas um vez”, explicou.

Márcia estipulou que o presente de João Paulo será o material e o uniforme, mais de R$ 1 mil(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Márcia estipulou que o presente de João Paulo será o material e o uniforme, mais de R$ 1 mil (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Infraestrutura e nota no Enem na justificativa

Entre os colégios que reajustaram a mensalidade, o Pitágoras informou que a alta nos preços das mensalidades foi estipulada em torno de 11%. Segundo o gestor de planejamento estratégico do colégio, Bruno Ramos, o reajuste é justificado pelo aumento do custo da folha de pagamento de pessoal e de novos projetos pedagógicos que serão implementados no próximo ano. “Estamos modificando nosso pedagógico e implementando projetos de monitoria e de reforço para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que não acarretará em nenhum custo adicional aos pais. Tudo estará incluído no novo valor da mensalidade”, ressalta.

No Instituto Pedagógico Valéria Marinho, um dos que registrou o menor valor de mensalidade para o 1º e 2º anos do ensino fundamental, a justificativa para o aumento de 11% segue a mesma linha do Sinep-MG, afirmando custo pessoal e despesas fixas como água e luz.

Na mesma pesquisa foi destacado também a variação de preço encontrada entre os colégios. Segundo o levantamento, a maior variação, 285,13% foi no preço da mensalidade das 1ª e 2º séries. Elas vão de R$ 330 a R$ 1.270,92 (veja na arte todos as variações).

O diretor-executivo do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, afirma que a variação pode ser justificada de acordo com a qualidade de ensino e infraestrutura da unidade. “A metodologia usada, corpo docente, carga horária e até a nota que os alunos conseguem no Enem podem influenciar nos preços cobrados pelos colégios. Os pais devem ficar atentos aos investimentos e verificar se a instituição está oferecendo aquilo que a escola propõe”, afirma o diretor, que aconselha ainda que os pais e os próprios alunos optem por uma instituição que ofereça qualidade no ensino, estrutura e profissionais capacitados, dentro das possibilidades de cada orçamento.


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