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Estado de Minas

Volume de circulação do Real pelo mundo cresce 2.057% nos últimos 6 anos

Divisa agora é forte, mas ainda é do tipo B


postado em 18/06/2014 06:00 / atualizado em 18/06/2014 07:28

Notas do Uruguai e do Brasil em caixa de loja no país vizinho: aceitação maior na América Latina(foto: Paulo H.Carvalho/CB/D.A/Press)
Notas do Uruguai e do Brasil em caixa de loja no país vizinho: aceitação maior na América Latina (foto: Paulo H.Carvalho/CB/D.A/Press)
Brasília – O volume de reais em circulação pelo mundo cresce a passos largos. Dados do Banco Central mostram que o total de cédulas da moeda nacional negociadas no exterior aumentou 2.057% de 2008 para cá, saltando de R$ 6,6 milhões para R$ 142,4 milhões. Muito desse crescimento, no entender dos especialistas, decorre do grande número de turistas viajando para fora do Brasil. Isso tem estimulado as casas de câmbio de países onde os brasileiros aportam a trocarem reais pelas divisas locais.

Boa parte dos reais internacionalizados está circulando pela América Latina. A moeda brasileira é vista como uma divisa forte. Na Argentina, por exemplo, o real é aceito em qualquer lugar, tanto quanto o dólar. Na Europa, casas de câmbio da Turquia e de Portuga fazem a troca sem qualquer problema, assim como nas principais cidades dos Estados Unidos. Até o início da década, era praticamente impossível ver a cotação do real estampada nas vitrines de bancos no exterior.

Para os turistas, a aceitação do real fora do país é um ótimo negócio, pois eles não precisam pagar as taxas e impostos cobrados no Brasil para a troca por dólar ou euro. Somente o governo fica com 0,38% do total transacionado nas casas de câmbio e nos bancos. “Depois que descobri a facilidade de se trocar reais nos países que visitei, sempre levo uma quantia da moeda brasileira quando viajo”, diz o universitário Gustavo Leuzinger, 21 anos. “Fiz isso no Caribe e na Europa e não houve problemas. O único senão é quando a troca é realizada nos aeroportos, pois as cotações são sempre desvantajosas”, ressalta.

O estudante Guilherme Vargas, 22, não abre mão do real. Ela mora desde janeiro em Buenos Aires e recebe, periodicamente, quantias dos pais, que vivem no Brasil. “Assim que os reais chegam faço a troca por peso sem burocracia. Se os recursos viessem por meio de transferências bancárias, teriam uma taxação absurda: tarifa de saque e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), entre outros encargos. Aqui é bem normal o mercado paralelo de câmbio”, conta. Um real, no câmbio oficial, vale $ 3,59 pesos argentinos, enquanto, no mercado paralelo, chega a $ 4,90.

Limitações Na definição usada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a internacionalização de uma moeda se dá por meio da compra de bens, serviços e uso como ativo financeiro em transações entre não residentes. Para especialistas, mesmo que tenha crescido de importância no mundo, a divisa brasileira ainda se encontra numa espécie de segunda divisão no ranking daquelas mais utilizadas no mercado internacional.

O volume disponível no exterior aumentou, mas ainda está longe de atender a toda a demanda. “O real ainda é uma moeda de tipo B, que não é conversível. Isso quer dizer que um cidadão que queira vir ao país precisa, primeiro, trocar seus recursos por dólares ou euros, antes de convertê-los por reais”, explica o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros.

Área comercial é trava


Na avaliação do economista-chefe da gestora de recursos INVX Global, Eduardo Velho, certamente, a internacionalização do real seria maior se a economia brasileira fosse mais aberta. “Quanto maior é a participação do comércio internacional sobre o PIB (Produto Interno Bruto), maior é a procura pela moeda de um determinado país”, afirma. “Nos últimos 10 anos, o Brasil praticamente só negociou com o Mercosul. Enquanto isso, Peru, Chile, Colômbia e México avançam em acordos bilaterais com a Europa. Se fizéssemos o mesmo, a internacionalização do real seria maior”, assegura.

Estudo preparado pela INVX Global Capital mostra que a abertura comercial do Brasil não tem avançado nos últimos anos. Em 2005, as exportações brasileiras representavam 1,13% da pauta mundial. Em 2012, estava em 1,3%. “Quando o assunto é acordos comerciais internacionais, nós estamos muito atrasados. Não por acaso, o real ainda é uma moeda coadjuvante no mercado externo. Para você ter uma ideia, mesmo a Turquia, que tem uma economia bem menor que a brasileira, tem uma moeda, a lira turca, bem mais negociada do que o real”, enfatiza.

Receios Justamente por ainda ser um moeda do time B, a aposentada Marlene dos Santos, 56, prefere não se arriscar quando viaja ao exterior. Ela prefere sempre comprar dólares no Brasil, mesmo com todas as taxas cobradas pelos bancos e pelas casas de câmbio, do que deixar para fazer a troca no país que está visitando. “Acho mais seguro sair de casa com os dólares na carteira”, afirma. Para Samy Dana, professor de Finanças e Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), esse tipo de receio vai diminuir à medida que os brasileiros viajaram mais para o exterior e mais estrangeiros virem para o Brasil.


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