O corte de quase 50% do fluxo de passageiros sob responsabilidade da Infraero tem como resultado imediato a redução do quadro de funcionários e de contratos com empresas que prestavam serviços, como limpeza, manutenção e outros. A expectativa é da inclusão de 30% dos 12,9 mil funcionários em programa de demissão voluntário, além da transferência de parte dos servidores para as concessionárias que vão administrar os aeroportos concedidos. Devido, entre outros, aos altos salários, os novos operadores têm relegado os servidores da Infraero, preferindo renovar o quadro de pessoal.
Durante a cerimônia de assinatura da concessão do aeroporto de Confins, a presidente da República, Dilma Rousseff, endereçou parte do discurso ao presidente do consórcio que vai administrar o aeroporto mineiro. “Queria dizer para o nosso gerente (presidente da concessionária de Confins), que agora vai ser o responsável, que sempre um trabalho de parceria é mais fácil. Então, que o senhor utilize, sim, todos os recursos que a Infraero tem e a experiência que ela tem”, reiterou.
ABSORÇÃO O pedido feito por Dilma, no entanto, não tem sido acatado pelas empresas. O acordo era que 40% dos contratados pela Infraero fossem transferidos para a iniciativa privada. O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) diz que somente 19% deles foram aproveitados. A estatal diz que 230 foram absorvidos. Em Confins, as transferências se iniciam depois da transferência definitiva do aeroporto, prevista para agosto. São 267 servidores.
Pelo plano de incentivo à transferência ou aposentadoria, eles podem remanejar para qualquer unidade da rede com a Infraero arcando com as despesas ou, se for o caso, adiantar a aposentadoria em até cinco anos. Eles devem suprir os terceirizados que foram cortados. Tratativas são feitas também para transferi-los para outros órgãos públicos, segundo a Infraero. “O pessoal tem know-how de aviação para operar e administrar”, afirma, em defesa dos aeroportuários, o diretor regional do Sina, Leandro Pinheiro.
Em parte, a explicação para a baixa absorção é que boa parte dos profissionais da Infraero está perto de se aposentar, logo com salários mais elevados que a média da categoria. Com isso, as concessionárias dão preferência por outros mais novos e com salário menor. Até mesmo para tirar o ranço da Infraero. “A estatal vai ficar inchada, sem ter o que fazer com os funcionários”, afirma o professor do Programa de Produção da Coppe/UFRJ, Elton Fernandes. Ele recorda que até para fazer o plano de aposentadoria a União teve de fazer aporte.
