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Estado de Minas

Revitalização tenta atrair jovens à cidade de Detroit

Diante da falência dos serviços públicos e do agravamento da crise financeira da cidade, a elite empresarial começou a se movimentar e a desenhar seus próprios planos para o futuro


postado em 05/01/2014 12:05 / atualizado em 05/01/2014 12:07

Maior companhia americana de concessão de crédito imobiliário pela internet, a Quicken Loans investiu US$ 1,3 bilhão nos últimos três anos na compra de 45 edifícios no centro de Detroit e lidera um movimento de revitalização que está atraindo outras empreendimentos e jovens dispostos a se aventurar na cidade que foi não apenas a capital mundial do carro, mas também da música negra dos EUA com a gravadora Motown.

Antes da Quicken Loans, a empresa de tecnologia Compuware já havia feito sua aposta no centro de Detroit, onde construiu seu quartel-general e instalou 4 mil funcionários em 2003.

Diante da falência dos serviços públicos e do agravamento da crise financeira da cidade, a elite empresarial começou a se movimentar e a desenhar seus próprios planos para o futuro de Detroit. A Quicken Loans criou uma empresa de venture capital e uma incubadora de startups de tecnologia, com a ambição de transformar esse setor no novo motor de crescimento local.

“Convencemos mais de 90 empresas a virem a Detroit. Agora temos Twitter, Google, Amazon, empresas de publicidade, arquitetos”, diz Matthew Cullen, CEO da Rock Ventures, a holding que congrega a Quicken Loans e outros negócios do bilionário Dan Gilbert, que nasceu em Detroit há 51 anos. Hoje, o grupo tem 12 mil funcionários na região central.

Além do desejo de revitalização, os empresários são atraídos pelo baixo preço dos imóveis e promessa de lucros que virão em um cenário de recuperação. Segundo Cullen, a Rock Ventures/Quicken Loans pagou em torno de US$ 86 o metro quadrado na compra de edifícios em Detroit, entre 10% a 20% do que desembolsaria pelo aluguel de imóveis semelhantes em Nova York.

Muitos dos prédios estavam vazios ou com ocupação reduzida. Construído em 1917, o Madison estava desabitado havia 25 anos. Após restauração de US$ 12 milhões, ele foi reaberto no ano passado sob novo nome e vocação: M@adison, no qual se instalaram quase 30 empresas de tecnologia, entre startups e nomes globais, como Twitter.

O demógrafo Kurt Metzger, que há quase 40 anos analisa estatísticas de Detroit, vê duas cidades em universos distintos. “Há grande entusiasmo com o renascimento do centro e de Midtown (bairro artístico e universitário), mas outras regiões enfrentam criminalidade, falta de emprego e educação de má qualidade.” Cullen reconhece o problema e diz que em algum momento as duas cidades terão de se encontrar. “Uma parte da cidade pode se mover antes da outra? Sim. Ela pode ser sustentável a longo prazo sem a outra? Não.” Mas ele acredita que a expansão irá com o tempo integrar a parcela hoje excluída do renascimento experimentado na região.

Cidade foi a que mais perdeu habitantes


Os brancos foram os primeiros a sair de Detroit. Em 1950, representavam 84% da população. Hoje 83% são negros. Mas eles também estão indo embora: na década encerrada em 2010, 185,4 mil afro-americanos saíram da antiga capital mundial da indústria automobilística. Nesses dez anos, Detroit foi a cidade americana que perdeu o maior número de habitantes, com exceção de Nova Orleans, devastada pelo furacão Katrina.

Kurt Metzger, que há quase quatro décadas se dedica a analisar os dados de Detroit, diz que a hemorragia de habitantes começou após a Segunda Guerra e precedeu a decadência da indústria. Na volta da guerra, os soldados receberam incentivo financeiro para ocupar os subúrbios. Sob a forte segregação, os negros não, e ele ficaram em Detroit.

A saída da população branca acentuou-se a partir de 1967, quando a cidade registrou um dos mais violentos conflitos raciais do país após uma batida policial em um bar para negros. Os choques provocaram a morte de 43 pessoas e deixaram outras 1.189 feridas.


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