
Funcionando há pouco mais de um ano no segundo piso do Restaurante Trindade, no Bairro de Lourdes, a Lojinha Outlet, das sócias Chris Soares e Sophia França, oferece de biquínis a vestidos de festas, com valores a partir de R$ 80. A presença de marcas sofisticadas por um preço menor que o encontrado nas lojas faz com que as vendas cresçam n 10% ao mês. “A indústria prefere transformar os custos para vender as sobras do estoque com desconto e assim conseguimos repassar com um preço muito menor”, explica Sophia.
De acordo com ela, algumas peças chegam à loja com preço real de R$ 1 mil e são vendidas por R$ 150. “Isso ocorre porque em alguns casos o segmento do vestuário trabalha com uma margem de lucro até 2.500%, o que encarece o produto na loja própria, mas nos permite vender mais barato e ainda conseguir ganhar”, justifica Sophia.
Para a designer e cliente da loja Maria Flávia Zech Coelho, esse é um mercado que deve crescer muito nos próximos anos. A justificativa, segundo ela, é o fato de os brasileiros irem para o exterior, encontrarem preços acessíveis e também buscarem isso onde moram. “Todo mundo procura um preço justo”, diz. No entanto, ela reforça que só sobreviverão as lojas que trabalharem com bom gosto e criatividade. “É preciso se diferenciar porque o mineiro é muito desconfiado. Ele quer desconto, mas também qualidade”, acrescenta.
Desde abril do ano passado, a grife Ave Maria optou por investir em um outlet, que funciona em endereço diferente do da loja. A ideia, segundo o gerente Heleno Fontes, era dar saída ao estoque, que ficava parado no fim de cada coleção, e girar o capital. “O comércio ruim é um dos motivos para o surgimento desse modelo de loja. Hoje, muitas pessoas não abrem mão da marca, do conceito, mas querem pagar menos”, lembra. De acordo com ele, a forma de consumir mudou e pressiona o mercado a mudar. “As pessoas compram peças por US$ 50 fora do país e não aceitam pagar R$ 500 por um produto parecido aqui”, lembra.
Prova do bom desempenho do segmento é que o BH Outlet, inaugurado em 2011, prepara uma expansão do empreendimento, com 100 novas lojas. O gerente Aroldo Soraggi explica que o crescimento da operação ocorre de forma natural em função do bom desempenho das 40 lojas já existentes. “Esse é um novo nicho de mercado, que todos os fabricantes brasileiros estão descobrindo agora e a tendência é que cresça ainda mais nos próximos anos”, estima. De acordo com o Ibope Inteligência, que simula o mercado e prevê as vendas desses empreendimentos, serão inaugurados 30 outlets, no formato de shoppings, no país nos próximos seis anos.
