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Estado de Minas

Dragão tira vendas do varejo no início do ano

Com preços e endividamento em alta, setor registra queda de 0,4% em fevereiro sobre janeiro e de 0,2% sobre mesmo mês de 2012. Mas com a inflação o valor vendido cresce


postado em 12/04/2013 06:00 / atualizado em 12/04/2013 07:18

Diante de uma inflação em alta e do elevado endividamento das famílias, o comércio perdeu força em fevereiro e as vendas encolheram 0,4% contra janeiro. Na comparação com igual mês do ano passado, o recuo foi de 0,2% — a primeira taxa negativa desde novembro de 2003 nessa base de comparação. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e jogam o BC em uma encruzilhada. Com o baixo crescimento e a carestia pesada, se subir juros a autoridade monetária pode até controlar a inflação e as expectativas, mas, ao mesmo tempo, deixará ameaçado o crescimento do país.


 Ainda segundo os dados do instituto, mesmo com as vendas do setor em baixa, as receitas cresceram 0,6%, avanço que só foi possível em função da alta de preços. No acumulado de 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estourou o teto da meta ao registrar 6,59% em março. Apenas o grupo alimentação, um dos mais importantes para o orçamento dos brasileiros, acumula inflação de 13,49% no período.

Segundo especialistas, essa escalada dos preços explica o aumento das receitas do varejo mesmo com queda do volume de vendas. “O setor de alimentos, que tem um peso muito grande, puxou o índice para baixo por conta da alta de preços muito acima da média neste início de ano”, explicou Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE. Pelos números da pesquisa, o principal impacto negativo nas vendas do varejo veio do setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento que caiu 1% entre janeiro e fevereiro. Na comparação com igual período do ano passado, o recuo foi de 2,1%.

Mesmo segmentos beneficiados com o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sofreram em fevereiro. Móveis e eletrodomésticos registraram perda de 0,2% nas vendas depois de ter amargado retração de 3% em janeiro. Veículos também obtiveram números negativos, 1,7% de queda no mês. Apenas quatro das 10 atividades pesquisadas terem resultado positivo. Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (crescimento de 5,2%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,4%); livros, jornais, revistas e papelaria (0,7%); e material de construção (0,7%).

Falta de confiança

Para Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências, o indicador é preocupante. “Essa queda do varejo é reflexo da queda da confiança do consumidor. O crédito está desacelerando e o mercado de trabalho está perdendo o ímpeto”, alertou. “Isso indica que o primeiro trimestre do ano não deve ser tão bom quanto o governo espera. Quando se olha no detalhe, a produção da indústria cresce num mês e cai no outro, e, portanto, ainda não dá para afirmar que a economia está se estabilizando”, afirmou. Para a economista, o BC vem errando desde 2011 na condução da política monetária. “Ele não devia ter feito aquele movimento agressivo que levou a Selic a 7,25% ao ano. Agora estamos pagando a conta dessa leniência”, criticou.

Segundo analistas, o BC e a equipe econômica levaram o país a uma encruzilhada perigosa, em que tanto a inflação quanto a perda de produtividade e o baixo crescimento se tornaram problemas sérios. “As medidas de proteção, o microgerenciamento de políticas pelo governo, a mudança de regime macroeconômico, a instabilidade regulatória, entre outros problemas, têm levado o país a uma situação de restrição de capacidade de crescimento”, argumentou Ulisses Ruiz de Gamboa, sócio da Pezco Microanalysis.  (Com Rosa Hessel)

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PIB sem fôlego

Depois da queda das vendas do comércio, um recuo de 0,4% em fevereiro, a expectativa dos analistas é de que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) também fique no vermelho e apresente uma retração entre 0,5% e 1%. O indicador tenta prever o comportamento da economia antes da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do período e será divulgado na manhã de hoje. Além do varejo, o IBC-Br foi derrubado pelo resultado da produção industrial, que encolheu 2,5% em função do menor número de vendas de caminhões. Com o resultado do mês, o trimestre deve crescer no máximo 0,6%, segundo a previsão de analistas.

Desempenho em BH é positivo no bimestre


As vendas no comércio em Belo Horizonte subiram 3,79% no primeiro bimestre, superando o índice apurado pelo varejo no Brasil (2,9%) e em Minas Gerais (0,7%) no período, segundo dados divulgados ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do comércio na capital mineira, no confronto entre fevereiro de 2013 e o mesmo mês do exercício passado, também foi positivo: 2,73%. Já o do país e o de Minas ficou negativo em 2,2%. Em relação a janeiro, as vendas no varejo caíram 0,3% em fevereiro.

O presidente da CDL-BH, Bruno Falci, atribuiu o desempenho do setor às baixas taxas de desemprego, à expansão do crédito e ao juro baixo: “O cenário econômico nos meses iniciais de 2013 continua favorável ao aumento do consumo. Tais incentivos, combinados com o aumento da renda e taxa de desemprego em patamares baixos, colaboram para que a população consuma mais”. Na capital, a alta dos preços não reduziu o consumo.

Em relação à taxa de juro, porém, é forte a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a Selic, atualmente em 7,25% ao ano, para 7,5%, já na semana que vem. A alta, na visão de especialistas, é necessária para conter a inflação: o IPCA no acumulado dos últimos 12 meses atingiu 6,59% e estourou o teto da meta do governo.

Os segmentos que mais se destacaram, em BH, na comparação entre o primeiro bimestre de 2013 e o mesmo período de 2012 foram: papelarias e livrarias (7,07%), artigos diversos (4,43%), máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (4,29%), ferragens, material elétrico e de construção (3,07%), tecidos, vestuário, armarinho e calçados (3,01%), supermercados e produtos alimentícios (1,98%).

No estado Em nível estadual, segundo o estudo do IBGE, o varejo acumulou alta de 5,7% em 12 meses, encerrados em fevereiro – a CDL não calcula o desempenho nesse período. O indicador registrado em Minas ficou abaixo do nacional (7,4%). Dos oito itens pesquisados, seis apuraram crescimentos. Os destaques negativos vieram do mercado de livros e papelaria (queda de 0,9%) e do segmento de equipamentos para escritórios (-2,9%).

Já o de móveis e eletrodomésticos, impulsionado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), apurou a maior alta no intervalo: 18,7%. O grupo outros artigos de uso pessoal e doméstico também teve ótimo desempenho, com crescimento de 18,5%.


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