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Estado de Minas

Receita para acelerar o PIB é questionada

Ineficácia das medidas de estímulo adotadas pelo governo derruba projeções e eleva pressão por mudanças de rumos. Dúvidas rondam iniciativas prometidas pelo ministro da Fazenda


postado em 02/12/2012 00:12 / atualizado em 02/12/2012 07:19

Brasília – Apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter se mostrado surpreso com o desempenho pífio da economia no terceiro trimestre — uma expansão de só 0,6% sobre o registrado no trimestre anterior, exatamente a metade da sua aposta — ele terá de apresentar bem mais que otimismo com os próximos resultados do Produto Interno Bruto (PIB). Mas sua promessa de “novas medidas” de estímulo tende a ser a continuidade das já adotadas, como a desoneração de bens de consumo duráveis. Para piorar, a eficácia da política econômica é condenada por especialistas ao mesmo tempo que o cenário de 2013, com riscos inflacionários e fiscais além da grande incerteza global, torna “novas” saídas ainda mais complexas.

“Todas as medidas atenuaram os efeitos da crise externa. Se o governo não tivesse adotado nenhuma, possivelmente teríamos crescimento de 0% a 0,5% no ano”, avaliou Felipe Queiroz, economista da Austin Rating. Entre os instrumentos adotados pelo governo, estão o alívio na carga tributária de setores considerados estratégicos, como o automotivo e o de eletrodomésticos da linha branca, e ações para manter o dólar acima de R$ 2, para melhorar a competitividade externa. O BC também cortou a taxa básica de juros (Selic) para a mínima histórica de 7,25% ao ano, indicando que vai mantê-la assim pelo próximo ano. A esperança de Mantega está na retomada de investimentos com a redução dos estoques industriais.

Para Julio Hegedus Netto, economista-chefe da consultoria Lopes Filho e Associados, a grande dúvida sobre o horizonte da economia está nos limites da política monetária do governo. As pressões para elevar juros poderão ficar mais claras no segundo semestre de 2013, em razão de valorização cambial e o provável reajuste dos combustíveis e os efeitos desses aumentos sobre a inflação. “Se a expectativa de a economia voltar a rodar na casa de 3% a 3,5%, o aperto monetário ficaria inevitável. Vamos ver até quando o governo suporta o tranco”, disse.

Renato Fragelli, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ), acha que o mercado financeiro tem razão em ficar pessimista com os números do PIB porque representam erros na condução da política econômica. “O esforco do governo para reindustrializar o país a qualquer custo não esta dando certo”, afirmou. Ele também lamenta que o comportamento intervencionista em setores como o setor estejam “espantando investimento mais do que necessário no momento de incertezas globais”. Dessa forma, analistas já começam a reduzir as projeções gerais.

Investimento

Ainda que dúvidas rondam as medidas adotadas para melhorar o desempenho do PIB, especialistas acreditam em novo adiamento na retomada do crescimento mais forte da economia, consolidando o pibinho de 2012, que já ameaça os resultados de 2013. O sinal mais terrível disso veio dos números sobre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede o investimento direto, mostrados sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Seu retrocesso de 2% sobre o segundo trimestre do ano e de 5,6%, ante o terceiro trimestre de 2011 deixa claro que o setor produtivo está com menos ânimo para fazer apostas, deixando os rendimentos futuros inevitavelmente comprometidos. O desempenho do Brasil, em expansão do PIB, já ficou consagrado também como o pior entre as maiores economias emergentes, os Brics.


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