(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Faturamento da indústria sobe, mas não convence

Resultado positivo do setor em maio ainda não compensa déficit do ano, que empresários já consideram "perdido"


postado em 12/07/2012 06:00 / atualizado em 12/07/2012 07:27

Depois de três meses consecutivos de quedas e a certeza de “um ano perdido” para a indústria, o faturamento do setor em maio voltou a crescer, com variação de 4,59% em relação a abril, segundo balanço da atividade industrial divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Na avaliação do setor, no entanto, o dado isolado pode camuflar outros indicadores que confirmam que, mesmo com os incentivos para aquecer a economia, a produção industrial não conseguiu decolar este ano. As variáveis emprego e horas trabalhadas apresentaram perfis bem diferentes, com queda de 0,65% e leve aumento de 0,28%, respectivamente, no comparativo entre maio e abril. Além disso, no acumulado do ano, mesmo o faturamento segue negativo, com -3,86%.

Redução do IPI para automóveis aumentou as vendas, embora ainda não tenha impulsionado a produção(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS - 26/5/12)
Redução do IPI para automóveis aumentou as vendas, embora ainda não tenha impulsionado a produção (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS - 26/5/12)

Diante desse cenário pouco animador, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2012 de 3% para 2,1%, ou seja, evolução ainda menor que a do “pibinho” de 2,7% do ano passado. Enquanto isso, a previsão de expansão da própria indústria recuou de 2% para 1,6%, segundo o informe conjuntural divulgado ontem. O estudo classifica como decepcionante o crescimento da economia no primeiro trimestre e considera que os números são motivo de preocupação, reiterando que, por enquanto, os resultados das medidas do governo para reaquecer o cenário, como a elevação de gastos públicos e as seguidas reduções na taxa de juros, não surtiram efeito.

Se o resultado da indústria nacional é fraco, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) acredita que os resultados mineiros ficarão ainda abaixo desses patamares. Estudos indicam que para o setor ter o mesmo ritmo de produção do ano passado seria necessário que a indústria crescesse 0,5% por mês, enquanto para se obter variação positiva de 1,1% em relação ao ano passado a taxa de crescimento mensal deveria ser de 1%. Segundo o gerente de Estudos Econômicos da Fiemg, Guilherme Leão, a perspectiva é que o ano termine mesmo no vermelho. “A produção industrial está perdida esse ano”, diz o economista, praticamente jogando a toalha.

No comparativo entre abril e maio, o número de vagas no setor extrativo apresentou aumento de 0,93%, enquanto a indústria de transformação reduziu 0,7%. Se o comparativo é feito entre maio deste ano e o de 2011, a situação é ainda pior, com todas as variáveis negativas (faturamento real; horas trabalhadas; emprego e massa salarial real). Para Leão, isso mostra que “as medidas do governo federal não dão sinais claros de efeito”.

Ele exemplifica que a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis ainda não teve reflexos na produção, mas apenas sobre os estoques, e cita que, no comparativo entre abril e maio, houve redução de 0,7% no total de vagas do setor de veículos automotores. No período, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o licenciamento de carros novos teve crescimento de 11,5%. A variação do número de postos de trabalho se repete em outros sete dos 14 setores pesquisados: produtos têxteis (-0,1%); couro e calçados (-0,6%); produtos alimentícios (-1,54%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-0,91%); metalurgia básica (-1%) e produtos de metal (-3,98%). “As empresas conseguiram desovar seus estoques, mas não se pode dizer que a produção está sendo retomada até o momento”, avalia Leão, ressaltando que as dispensa de pessoal não é uma medida sem importância, ainda mais em período de dificuldade de contratação.

No limite
A avaliação de representantes do setor industrial é de que as medidas conjunturais focadas no consumo são limitadas e esse ponto está próximo, dado o alto nível de inadimplência e comprometimento da renda para quitação das dívidas. Segundo o gerente de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o consumo das famílias é o sustentáculo do crescimento neste ano. "A reação da política econômica foi a de reativar o consumo, mas a estratégia está tendo resultados mais limitados agora, com o comprometimento da renda", afirma.

Ganho real para 92% em 2011

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) informou ontem que 92% das 671 negociações salariais (acordos e convenções coletivas) feitas entre janeiro e dezembro do ano passado obtiveram reajustes acima da inflação medida no período pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O aumento real médio ficou em torno de 3%, mas houve trabalhadores que comemoraram percentual positivo de 25%.


O estudo revelou ainda que 1,2% das negociações fecharam no mesmo patamar da inflação, o que significa mera recomposição salarial. Por sua vez, 6,9% das convenções e acordos coletivos ficaram abaixo do índice.

O levantamento mostra que o total de categorias (convenção coletiva) ou empresas (acordo coletivo) que estão presentes tanto no levantamento de 2010 quanto no de 2011 soma 637 unidades de negociação. Nesse caso, por curiosidade de confronto entre os dois períodos, o Dieese concluiu que, “em 2010, 95% dos pisos tiveram aumentos reais, 1% teve reajuste igual à variação do INPC/IBGE e 4% ficaram abaixo desse índice; em 2011, 92% superaram a inflação, 1% ficou igual, e 7% foram menores”.

Apesar de a comparação mostrar que o percentual de negociações reajustadas acima do salário mínimo foi menor em 2011, a economista Regina Camargos, do Dieese, explica que isso se deve ao fato de o país ter crescido mais em 2010. Prova disso, explica, é que o PIB cresceu 7,5% em 2010, enquanto aumentou apenas 2,7% em 2011. “As categorias (profissionais) sabiam que o reajuste do salário mínimo em 2011 seria menor do que o de 2010. Portanto, elas se anteciparam e garantiram boa negociação (em 2010)”, esclareceu. Ainda assim, acrescenta a economista, o percentual de 92% precisa ser comemorado: “Pois mostra que as categorias estão suando a camisa para melhorar o poder aquisitivo diante do salário mínimo, que está tendo reajustes robustos”.

A maioria (30%) dos 671 pisos salariais analisados na pesquisa tinham valor nominal de até R$ 600. Apenas 5% dos contracheques estavam acima de R$ 1 mil.(Paulo Henrique Lobato)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)