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Estado de Minas

Anúncio de expropriação da YPF causa tensão e pode ter sido feito para disfarçar crise

Repsol cobra US$ 10,5 bi


postado em 18/04/2012 06:00 / atualizado em 18/04/2012 07:13

Um dia depois de a presidente argentina Cristina Kirchner anunciar o confisco de 57,4% das ações da YPF, de propriedade da espanhola Repsol, apareceram as faturas do que pode se transformar em um grande embate internacional. O presidente da Repsol, Antonio Brufau, disse que cobrará US$ 10,5 bilhões em indenizações. “Esses atos não ficarão impunes”, alertou. Já o vice-ministro argentino da Economia, Axel Kicillof, um dos artífices da reestatização, assegurou que o seu governo só está cobrando uma dívida de US$ 9 bilhões que a companhia espanhola se recusava a pagar.

A disputa que varreu o mundo colocou no centro das atenções dois países que enfrentam crises econômicas gravíssimas e estão com a credibilidade arranhada. A Argentina vê o seu crescimento despencar, dificultando a política populista de Cristina Kirchner. A Espanha mergulhou novamente na recessão, ao tombar 0,3% no primeiro trimestre. No governo do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, teme-se que o golpe imposto à Repsol acabe se estendendo a outras empresas com presença maciça na América Latina.

O temor foi reforçado pelas declarações de Antonio Brufau. Ele contou que, na segunda-feira, as autoridades argentinas entraram de forma truculenta nas instalações da Repsol-YPF “sob amparo de lei da ditadura”. Interventores, liderados por Kicillof e pelo ministro do Planejamento, Julio De Vido, invadiram gabinetes dos sócios na empresa. “Essa atuação não é própria de país moderno”, disse Brufau. As ações da Repsol, colocada sob perspectiva negativa pela agência de classificação de risco Fitch, ontem despencaram 6,49% na Bolsa de Madri e as da YPF, 6,9% em Buenos Aires.

No Brasil, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que a decisão não vai afetar as ações da Petrobras no país vizinho. Apesar da confiança do governo brasileiro, especialistas apontam que os investimentos na Argentina devem ser reavaliados porque tiveram seu risco potencialziado. “A Petrobras é um acionista minoritário da Repsol YPF e também foi expropriada. O país tem um histórico perdedor em episódios similares, que já ocorreram na América Latina, e deveria reavaliar seus investimentos onde o Estado de direito é sitiado”, critica Ricardo Correa, analista-chefe da Ativa Corretora. “A expropriação tira a credibilidade do país em um momento que a Argentina vai precisar do capital estrangeiro para atuar em novos campos”, avalia Alberto Machado, coordenador do MBA em gestão de negócios em petróleo e gás da Fundação Getulio Vargas.

Para justificar a expropriação das ações em poder da empresa espanhola, Cristina Kirchner alegou, no projeto de lei encaminhado ao Congresso, que a operação era de “de utilidade pública”. Ela pediu que a reestatização da YPF, privatizada nos anos 1990 pelo governo de Carlos Menem, seja aprovada até a próxima semana. Apesar da gritaria contrária no exterior, até integrantes da oposição, entre eles Menem, disseram que votarão a favor do governo. Nas ruas, parte da população mostrou apoio à Casa Rosada.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, chegou ontem ao México  e disse que  “a decisão argentina rompe o bom entendimento existente anteriormente entre os dois países”. Para Thomas Helbling, do Fundo Monetário Internacional (FMI), a reestatização da YPF é prejudicial para a estabilidade econômica do país. “A decisão da Argentina é decepcionante”, disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. A postura argentina teve apoio externo declarado só do presidente venezuelano, Hugo Chávez. (Com agências)


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