Amparados por uma das mais modernas legislações de defesa do direito dos consumidores do mundo, os brasileiros ainda têm que lutar para que os artigos do Código de Defesa do Consumidor (CDC) sejam cumpridos na íntegra. Sem contar as demais leis que entram em vigor e acabam sendo sumariamente desrespeitadas pelas empresas. Entre elas, a responsabilidade solidária, Lei do SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente –, atendimento em 15 minutos na fila dos bancos, clareza na publicidade e Lei do Marketing. Apesar de nessa quinta-feira ter sido comemorado o Dia Mundial dos Consumidores, ainda há muitas conquistas a serem alcançadas.
“O próprio código, em muitos aspectos, é constantemente desrespeitado”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Consumidores (ABC), Danilo Santana, ao citar o artigo 32 do CDC. “As empresas importadoras são obrigadas a manter peças de reposição e assistência técnica para os produtos e, isso, até hoje, não é obedecido”, conta. Em geral, à medida em que a tecnologia é substituída, os fabricantes param de oferecer peças para as assistências técnicas. Com isso, muitas vezes um aparelho torna-se obsoleto diante da falta de componentes no mercado.

A Lei do Marketing (Lei 20.012) , que disciplina o marketing direto e cria lista pública daqueles que não desejam receber propagandas pelo celular, não pegou. “Isso já funciona a todo vapor em São Paulo, mas aqui ainda não saiu do papel”, lamenta o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa. Para chegar às ruas, é preciso um órgão encarregado na gestão do cadastro, o que ainda não foi definido pelo poder executivo. “Nós e o Movimento das Donas de Casa estaríamos aptos a colocar o sistema para funcionar”, afirma.
Já no terceiro ano de vigência, a Lei do SAC ainda não funciona na íntegra. Longos minutos de espera, transferência contínua das ligações, e dificuldade ao acesso no serviço de cancelamento estão entre os principais problemas. “Eles colocam uma musiquinha insuportável para ficarmos ouvindo por minutos e sempre transferem a ligação, o que faz com que tenhamos que explicar o problema várias vezes”, queixa-se a funcionária pública Maria Amélia Corrêa Guimarães que já esperou duas horas.

