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Estado de Minas

Crise derruba saldo comercial de Minas

Exportações mineiras recuam 15% em janeiro com problemas na Europa e importações crescem. Resultado de US$ 1,28 bilhão é 30,4% menor do que no primeiro mês de 2011


postado em 04/02/2012 06:00 / atualizado em 04/02/2012 07:22

Os efeitos da crise nos países da Zona do Euro, que derrubaram em 25% o volume de exportações brasileiras para a União Europeia entre janeiro deste ano e o mesmo período do ano passado, também foram responsáveis pelo golpe sofrido pela balança comercial mineira. Apesar de não ter registrado o mesmo rombo do país no primeiro mês do ano, o saldo entre exportações e importações em Minas Gerais fechou em US$ 1,28 bilhão, queda de 30,4% em relação ao mesmo mês de 2011. Os dados preliminares foram divulgados nessa sexta-feira pela Central Exportaminas com base nos números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Assim como no Brasil, que importou US$ 1,291 bilhão a mais do que remeteu para o exterior, a entrada de produtos no estado contribuiu para o resultado. As importações atingiram a marca de US$ 1 bilhão no período, alta de 17,1% em relação a janeiro de 2011. Na outra ponta, as exportações sofreram queda de 15%, somando US$ 2,3 bilhões no mês passado contra US$ 2,73 bilhões alcançados no mesmo período do ano passado (veja quadro abaixo).

A explicação também passa pelo preço das commodities no mercado internacional, em especial do minério de ferro e café, principais produtos da pauta exportadora do estado. “O comportamento dos preços foi o elemento chave para explicar essa situação. De maneira geral, as commodities tiveram um desempenho fraco no primeiro mês do ano”, avalia Alexandre Brito, consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Segundo Brito, em relação a janeiro do ano passado, a queda nos valores exportados de minério chega a 31% no país. “Em volume a retração foi de 23,8% com preços 10% inferiores”, afirma. No caso do café, a comparação de preço da saca de 60kg realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Esalq/Usp) ainda mostra alta de 16% entre janeiro de 2011 – quando era cotada a R$ 412 – e o último mês, quando abriu valendo R$ 480. Os bons preços, porém, foram ainda melhores durante o último ano, oscilando acima da casa de R$ 500 e atingindo picos de R$ 555, em maio. A queda na remuneração permanece, já que a saca do produto iniciou fevereiro cotada a R$ 462.

Preocupação Para o presidente da federação Olavo Machado Júnior, o resultado é preocupante. “A nossa economia gira muito em torno da produção de commodities e toda a cadeira produtiva desses setores pode sentir os efeitos”, avalia. Ao contrário do empresário, a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck não acredita que os números de janeiro se repitam ao longo de 2012. “Não há preocupação. A queda está associada ao minério de ferrom, que sofreu muito em função dos problemas ocasionados pelas chuvas”, lembra Dorothea ao citar os impactos das tormentas que atingiram o estado no primeiro mês do ano. “A paralisação na Vale chegou a três dias”, acrescenta.

Para a secretária, o crescimento reduzido da economia mundial ao longo de 2012 fatalmente trará impactos às exportações do estado. “Mas não acredito que será uma queda tão forte como a de janeiro”, afirma. Alexandre Brito enxerga comportamento semelhante da balança comercial mineira. “Não será um ano fantástico para as exportações, mas a tendência é que feche semelhante a 2011”, prevê.

Ainda positivo No acumulado dos últimos 12 meses, as exportações mineiras somam US$ 40,98 bilhões, alta de 26,2% ante o período de fevereiro de 2010 a janeiro de 2011. Com o resultado, Minas responde por 15,9% do desempenho nacional. A exportações também mostraram força, ao avançarem 28,6% em 12 meses, subindo para US$ 13,2 bilhões. O desempenho mineiro supera a variação de 23,7% em todo o país. Com saldo comercial de US$ 27,8 bilhões no período, Minas detém a maior contribuição no superávit brasileiro, que soma US$ 28,1 bilhões.

 

Acordo automotivo com
o México vai ser revisto

 

Com o aval das montadoras, o governo brasileiro quer rever o tratado automotivo fechado com o México. A possibilidade de mudanças no termo de compromisso foi acertada nessa sexta-feira em conversa da presidente Dilma Rousseff com o presidente do México, Felipe Calderón. “No momento o acordo é desequilibrado contra o Brasil. O presidente Calderón entendeu as razões que a presidenta expôs. Esse processo começa já na semana que vem. Acreditamos que num prazo curto, dentro de fevereiro, a gente possa produzir uma revisão que seja aceita pelos dois países”, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

São comercializados no Brasil 16 modelos produzidos no México, de seis fábricas (Chevrolet, Dodge, Ford, Honda, Nissan e Volkswagen). São automóveis de diferentes faixas de preço. Do New Fiesta hatch, da Ford, até o Honda CRV, passando por modelos como Fiat 500 e Freemont; Dodge Journey e Ram; Chevrolet Captiva, VW Jetta e Jetta Variant e cinco modelos da Nissan, que seria a principal prejudicada: March, Sentra, Versa, Tiida e Tiida sedã.

Entre as causas de insatisfação do Brasil estão o aumento das importações de veículos do país e a baixa exigência de conteúdo nacional pelos mexicanos em 30%. O acordo garante isenção da taxa de importação de 35% que é cobrada de veículos vindos da Europa, da Ásia e dos EUA. Segundo ele, há “enorme interesse” do México em rever as condições. Em 2011, o resultado foi negativo em US$ 1,55 bilhão – alta de 196% ante 2010.

Pimentel afirmou que não houve ruptura do acordo em vigor. “Sugerimos como uma possibilidade a utilização da cláusula de saída caso não se chegue a um bom termo nesse processo de negociação. Mas tanto o ministro Antônio Patriota quanto eu estamos certos de que vai haver”, completou Pimentel. O ministro citou alguns pontos que o Brasil gostaria de ver revistos no acordo: “Queremos aumentar o conteúdo regional na produção dos veículos, tanto no México como no Brasil e ampliar o escopo do acordo, de forma que não seja apenas para automóveis de passeio, como é hoje. E inclua também caminhões, ônibus, utilitários, o que poderia melhorar o saldo, que hoje é totalmente negativo contra o Brasil”.

Para o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Andrade, o setor é favorável à mudanças no acordo. “O Brasil precisa dar uma demonstração de força independente de ferir os acordos com a OMC”, afirma Andrade. Na análise do presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, o setor aceitaria negociar uma mudança no acordo automotivo com o México. Belini confirmou que, na reunião, o governo disse estar em um processo de reavaliação do acordo. “Isso nos foi confirmado”, resumiu. “Como tem um processo de reavaliação, não tem nada ainda definido. A sugestão da Anfavea é continuar. Aceitamos inclusive estudar outros termos”, prosseguiu.


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