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Estado de Minas

Presentes de países que enfrentam turbulência conquistam varejo e tomam lugar dos chineses


postado em 20/11/2011 07:13 / atualizado em 20/11/2011 07:18



Panelas alemãs, roupas espanholas, relógios franceses, brinquedos americanos. O Natal das lembrancinhas chinesas dá lugar ao de sofisticados produtos estrangeiros, especialmente vindos da Europa e dos Estados Unidos. Os países que atravessam crise econômica focam mercados emergentes, como o Brasil, onde o consumo está a todo o vapor. O resultado é uma oferta maior de importados nas vitrines e prateleiras das lojas da capital mineira. A indústria nacional reclama, mas os consumidores comemoram. “Compro pela qualidade melhor e pela variedade cada vez maior”, diz o empresário Rodrigo Gontijo.

A filha, Carolina, de 6 anos, pediu o presente antecipado e ganhou uma boneca Adora, que custa a partir de R$ 499. “Já tinha visto a boneca em Nova York, mas é a primeira vez que a vejo no Brasil”, afirma o pai. A gerente da Tool Box, Patrícia Cabral, diz que antes a empresa procurava fábricas no exterior para as compras, mas hoje são elas que vêm fechar negócio por aqui. “A cada dia chega uma marca e, assim, conseguimos ofertar uma variedade maior de produtos de alta qualidade e com preços muito bons”, afirma. E, segundo ela, o brasileiro está indo às compras em peso. “Desde julho, o valor médio gasto por cliente cresce ao ritmo de 10% ao mês. As perspectivas para o Natal são as melhores”, diz.

Uma das apostas de vendas de fim de ano da loja – a linha nova das panelas da alemã Silit, que custa a partir de R$ 690 a unidade – já agrada à clientela. É a preferência do engenheiro civil Sérgio Oliveira, em razão da qualidade do aço. “Tenho percebido oferta maior tanto em relação às marcas quanto aos produtos”, disse.

Renda em alta


O número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado foi estimado em 11 milhões de pessoas em setembro, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em seis regiões metropolitanas do país (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Essa projeção apresentou elevação de 6,7%, frente a setembro de 2010, o equivalente a um acréscimo de 691 mil postos de trabalho no período de um ano. O avanço do emprego e da renda contribui para o desenvolvimento do mercado de artigos de luxo no Brasil. Neste ano, o setor deve movimentar R$ 21 bilhões, alta de 33% ante 2010, de acordo com a consultoria GFK.

Este será o primeiro Natal da loja espanhola Adolfo Dominguez em Belo Horizonte. Inaugurada em fevereiro, a expectativa de vendas, em razão das festas de fim de ano, é positiva. “A mulher mineira tem um padrão diferenciado de compras e gosta do corte europeu. Há muita gente que conheceu a loja no exterior e, agora, se identifica com ela aqui”, explicou a gerente Lisa Souza. Embora algumas das roupas sejam fabricadas em países asiáticos, as peças de alta-costura são made in Espanha. Os preços dos vestidos, por exemplo, variam de R$ 415 a R$ 2.900; as bolsas, de R$ 300 a R$ 2 mil. “Em Minas, fizemos ajustes nos preços e flexibilizamos o plano de pagamento.”

Análise da notícia


Por trás do laço de fita

Graziela Reis

Aos pés das árvores de Natal dos mineiros, não serão poucos os presentes importados da Europa e dos Estados Unidos. Com a crise, consumidores italianos, espanhóis ou norte-americanos estão comprando menos. As fábricas desses países têm que vender para que não sofram ainda mais com a recessão que toma corpo. E miram os mercados dos países emergentes. O consumidor daqui fica feliz quando desfaz o laço vermelho e tira o papel colorido de um brinquedo ou adorno sofisticado vindo de outros países. Mas o reflexo futuro pode ser triste. As indústrias brasileiras são as que mais se ressentem com esse cenário. E, se passam a vender menos, perdendo a disputa com os importados, os empregos são ameaçados, assim como a renda. Uma conjuntura assim o país não quer como presente.


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