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Estado de Minas

Banco do Brasil pode fechar vagas em Minas

Alerta de demissões com a centralização dos serviços fora do estado é feito no dia em que banco anuncia lucro recorde


postado em 04/11/2011 06:49 / atualizado em 04/11/2011 06:52

Numa ponta, recordes e lucros; na outra, previsões pessimistas quanto ao fechamento de postos de trabalho. No dia que o Banco do Brasil confirmou o fechamento do terceiro trimestre com lucro líquido acima do previsto pelo mercado e superior a dois dígitos em comparação ao ano passado, em Minas, um alerta é aceso: a execução do planejamento estratégico do BB para os próximos anos pode resultar no fechamento de mais de 1 mil vagas no estado. Sob a justificativa de ter “ganhos em escala”, a diretoria do banco planeja centralizar parte dos serviços e a consequência pode ser o encerramento de atividades em Minas, Brasília e Recife.

Em boletim publicado ontem, o Banco do Brasil confirmou ter encerrado o terceiro trimestre com aumento do lucro líquido de 11,2% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, equivalente a lucro de R$ 2,89 bilhões no período. Considerando o período de janeiro a setembro, a instituição registrou lucro recorde de R$ 9,15 bilhões, alta de 18,9%, sendo que, desse total, R$ 2,57 bilhões são referentes apenas ao terceiro trimestre.

Apesar do cenário amplamente favorável, a expectativa é pelo fechamento de unidades – e consequente corte de vagas – para manter o planejamento estratégico. Buscando centralizar seus serviços, o BB deve fechar três das cinco unidades operacionais. Inicialmente, a decisão seria que as preteridas fossem as de Minas, Distrito Federal e Pernambuco, mantendo abertas apenas as regionais de São Paulo e Paraná, apesar de ainda não haver tal confirmação. Com isso, dois prédios ocupados pelo Banco do Brasil em BH seriam desativados, colocando em xeque o emprego de 1 mil empregados, segundo alerta feito ontem pelo Sindicato dos Bancários de BH e Região.

O que causa estranheza aos servidores mineiros é que, segundo avaliação das chefias, nos últimos três trimestres Belo Horizonte foi considerada a melhor região em termos de eficiência. Posicionados em local estratégico, tanto o centro de suporte operacional quanto o de logística atenderiam de forma eficaz também Rio de Janeiro e Espírito Santo. Enquanto isso, há três anos, quando as operações de financiamento de crédito agrícola foram transferidas temporariamente para o Paraná, segundo servidores, o modelo perdeu em eficiência, aumentando a burocracia e morosidade da análise de documentos e outros serviços.

São Paulo O movimento rumo à São Paulo não afeta apenas a superintendência de Minas. Também sofrem com esvaziamento de seus quadros as unidades do Distrito Federal e do Recife. Até 2014, a previsão é que quase metade das diretorias e empregados de áreas que não lidam diretamente com público sejam transferidos de Brasília para a capital paulista. Do ano passado para cá, três importantes gerências – Agronegócio, Crédito e Diretoria Comercial – foram deslocadas para São Paulo, quase dobrando o orçamento da regional paulista, que, aumento seus recursos de R$ 240 milhões para R$ 420 milhões.

Sofrendo influência direta do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), ex-funcionário do Banco do Brasil, o projeto ultrapassaria os limites estratégicos do banco, entrando na seara política. A ideia seria fortalecer os quadros petistas nas eleições municipais do ano que vem. “Somos contra esse formato centralizador e ainda questionamos a decisão de se escolher São Paulo e Paraná. Se é uma decisão estratégica, por que optar por dois estados próximos ao Sul?”, afirma o diretor do Sindicato dos Bancários de BH e Região e representante de Minas na Comissão de Negociação do BB, Wágner Nascimento. O Estado de Minas entrou em contato com o Banco do Brasil, mas, até o fechamento da edição, não obteve resposta.

Indústria mineira perde dinamismo

Enquanto nuvens negras cercam o futuro das economias europeias, não será o mercado interno, tradicionalmente aquecido nos últimos meses do ano, que vai levantar a bola da indústria mineira este ano – e o principal foco do pessimismo vem justamente das grandes empresas. A expectativa dos industriários de Minas indica perda de dinamismo da atividade, conforme a sondagem mensal da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), nas comparações entre setembro e agosto.

O recuo da evolução no nível da atividade, do emprego, da utilização da capacidade instalada e o aumento dos estoques, puxados principalmente pelas grandes indústrias, são indicativo do pessimismo dos empresários. “O fator sazonal favorável do fim do ano vai ser mínimo e localizado em setores como têxtil e talvez alimentos e bebidas. Os principais indicadores pessimistas vêm de grandes empresas, de áreas como o extrativismo, siderurgia, química e automobilística – para elas, o ano já acabou”, diz Guilherme Leão, gerente de economia da Fiemg.

A sondagem, pesquisa qualitativa indicativa da percepção dos industriários, mostrou que a produção em setembro registrou índice de 48,9 pontos, na média. De acordo com a metodologia da pesquisa da Fiemg, o número abaixo de 50 indica evolução negativa. Entre as indústrias de maior porte, o índice despencou quase 20 pontos – de 55,3 em agosto para 35,7. O emprego, nas empresas de maior porte, esteve em 47,8 pontos, abaixo da média, de 48,9. Também foram as grandes empresas as que menos usaram a capacidade instalada (32,9 pontos, ante 47,4 em setembro).“Isso é preocupante, porque em um ou dois meses, os dados se refletam nas pequenas e médias empresas, que muitas vezes atuam como fornecedoras dessas maiores”, aponta Leão.

Segundo ele, grande parte da perda na atividade está relacionada à crise externa. Diante das perspectivas de crescimento reduzidas para Europa e Japão, principais importadores de produtos mineiros, o indicador de condições atuais de negócios recuou 1,9 ponto em outubro, atingindo 45,9 pontos. As condições atuais da economia, do estado, e da própria empresa demonstram pessimismo. O índice de confiança do empresário industrial mineiro caiu 2,2 pontos, batendo os 52,88 – dentre as grandes empresas, chega a 50,1. “Isso é ruim, porque se a empresa perde confiança, adia crescimento, reduz contratações e tende a querer diminuir os estaques antes de investir.”

 


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