Alimentação fora de casa registra alta de 0,93% e impulsiona a inflação em BH

A família do professor Manoel Silva Ribeiro é frequentadora assídua de bares e restaurantes. Ribeiro vai todas as quintas, sábados e domingos a um bar com música ao vivo perto da sua casa. A cada vez gasta cerca de R$ 30. Sua filha, a recepcionista Erika Campos, almoça todos os dias fora de casa. Além disso, sai à noite de quinta a domingo com o namorado, o técnico em eletrônica Ernane de Almeida Donato. A cada vez o casal gasta cerca de R$ 70. “O preço das nossas saídas tem subido. A cerveja, por exemplo, custava R$ 3,10 a garrafa e a agora está R$ 5, afirma Donato. “A alimentação está sendo um rombo no bolso”, completa Erika.

Se fosse para adivinhar qual o item teve o maior alta de preços em Belo Horizonte, a família de Ribeiro teria acertado em cheio: a alimentação fora da residência subiu 0,93% em outubro no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a evolução dos gastos das famílias com renda de um a 40 salários mínimos. No acumulado do ano, o item, composto pela alimentação em restaurante e bebidas em bares e restaurantes teve elevação de 14,60% e foi o destaque dos 11 agregados que compõem o IPCA. “A alimentação fora de casa depende não só do alimento, mas da matéria-prima, energia, salário de funcionários e gás de cozinha”, afirma Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead/UFMG.

Em outubro, a inflação da capital teve variação positiva de 0,29%, ante 0,33% em setembro. No acumulado do ano, o aumento do custo de vida registra elevação de 6,15% e nos últimos 12 meses, de 7,17%. “A inflação neste ano vai ser mais salgada do que a gente previa. Mas não há nenhum descontrole generalizado de preços”, observa Ramalho. A alta do custo das passagens aéreas e das excursões se destacou em outubro, com elevação de 10,31% e 16,90% nos valores, respectivamente. “Pode ser pela influência da demanda de fim de ano. As pessoas compram as passagens com antecedência”, diz Ramalho.