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Estado de Minas

Em MG, 78% das pequenas empresas sobrevivem aos dois primeiros anos


postado em 21/10/2011 06:00 / atualizado em 21/10/2011 07:29

O proprietário do Villa Café, Rafael Duarte, que beneficia e distribui o grão, credita a maior longevidade das empresas à melhor capacitação dos empresários (foto: Rodrigo Clemente/Esp. EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte. O proprietario do Villa Cafe, Rafael Duarte, localizado na avenida Bandeirantes, no bairro Mangabeiras. )
O proprietário do Villa Café, Rafael Duarte, que beneficia e distribui o grão, credita a maior longevidade das empresas à melhor capacitação dos empresários (foto: Rodrigo Clemente/Esp. EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte. O proprietario do Villa Cafe, Rafael Duarte, localizado na avenida Bandeirantes, no bairro Mangabeiras. )

O desejo de expandir um promissor comércio de café gourmet produzido no Sul de Minas Gerais começa a ganhar a realidade no escritório do administrador de empresas Rafael Duarte, de 27 anos, responsável por toda a estrutura de beneficiamento do grão e distribuição da bebida que abastece restaurantes e cafeterias de Belo Horizonte e Brasília. Traçar planos de crescimento é o novo desafio para o pequeno empreendimento iniciado há apenas quatro anos, mas que já pode comemorar o feito de ter vencido período crítico do nascimento das micro e pequenas empresas no Brasil. De cada 100 firmas do segmento no país, 73 sobrevivem depois de completar dois anos em funcionamento, conforme o estudo mais recente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), divulgado nessa quinta-feira pela instituição.

O levantamento revela uma volta por cima dos micro e pequenos empreendimentos: até 2005, 71,9% conseguiam sobreviver aos dois primeiros anos de vida e há uma década esse percentual girava em torno de 50% dos negócios por conta própria, informou o presidente do Sebrae, Luiz Baretto. A taxa de sobrevivência melhorou desde 2005 em 18 estados. Minas Gerais apresentou o maior índice do Sudeste, com 78%, ocupando a segunda posição do ranking nacional, só abaixo de Roraima, Paraíba e Ceará, que compartilharam a primeira colocação, exibindo idêntico percentual de 79%.

A taxa de mortalidade caiu no Brasil, portanto, de 28,1% entre as empresas constituídas em 2005 para 26,9% no meio daquelas que nasceram em 2006. Essa capacidade maior de sobrevivência do negócio próprio é atribuída a um misto de mais investimentos na capacitação dos empreendedores, de efeitos do marco legal criado pelo Supersimples, sistema que reduziu a tributação em cerca de 40% sobre o setor e diminuiu a burocracia, além do crescimento recente da economia brasileira. “Diferentemente dos tempos dos nossos avós, hoje a intuição do empreendedor não basta. É preciso se capacitar e ter conhecimento, acompanhar a s condições de um mercado global e as inovações”, disse o presidente do Sebrae.

Tendo em vista o destaque dos estados do Nordeste na taxa de sobrevivência, Luiz Barretto lembrou que há de se considerar o espaço que eles têm para crescer, diante de posições anteriores mais moderadas no ranking nacional. O estudo divulgado pelo Sebrae usou a base de dados da Receita Federal, que cobre algo em torno de 500 mil empresas no Brasil. As taxas resultaram da comparação do quadro que o Sebrae observava entre as empresas nascidas em 2005 e como se comportaram nos três anos seguintes ao cenário daqueles negócios nascidos em 2006 e que foram acompanhados até 2009.

A importância da performance dos pequenos negócios próprios está refletida na grande participação que eles têm na economia brasileira. As micro e pequenas empresas representam 20% do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços do país) e respondem por 60% dos empregos formais. São 5,6 milhões de empreendimentos, incluindo 1,6 milhão dos chamados empreendedores individuais, que apuram receita de até R$ 60 mil por ano. As micro têm faturamento classificado como tal até R$ 360 mil por ano e os pequenos negócios registram receita de até R$ 3,6 milhões anuais.

Para o empreendedor de Belo Horizonte Rafael Duarte, envolvido agora num projeto de ampliar a carteira de clientes da empresa familiar Villa Café, não há dúvidas de que a qualificação no gerenciamento do negócio é fator decisivo para a longevidade das micro e pequenas empresas brasileiras. “Somos empreendedores sem muito capital e por isso mesmo é preciso aprender a dosar bem os investimentos. Essa luta não mudou, mas a redução da mortalidade das pequenas empresas pode ser reflexo de empresários melhor capacitados”, afirma. Duarte comanda a indústria de beneficiamento e área comercial da empresa nascida no solo fértil das plantações de café da família, em Carmo da Cachoeira, distante 260 quilômetros da capital mineira, ao Sul do estado.

A taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas em Minas cresceu de 76,4% para 77,9%. Os números mostram o bom desempenho do comércio e da indústria, ambos com 80% de sucesso na manutenção do negócios depois dos primeiros dois anos críticos. Na construção civil e no ramo de serviços, os índices ficaram, respectivamente, em 69% e 75%, respectivamente. Todos os indicadores superaram a média nacional, em que a indústria se destacou com taxa de 75% de manutenção a cada 100 empreendimentos.

 

 

Confiança o mercado interno é alta

 

O crescimento menor esperado para a economia brasileira, ante uma inflação mais alta e os respingos da crise financeira na Europa e nos Estados Unidos, ergueu novo obstáculo para as micro e empresas aumentarem a sua longevidade, mas ainda é cedo para imaginar a influência desse ambiente sobre o setor. O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, acredita que o Brasil terá a mesma capacidade que teve em 2009 para minimizar o impacto da turbulência e confia na continuidade da expansão do mercado de consumo interno, principal alvo dos pequenos empreendimentos.

“Temos de ficar atentos, sim. O espaço das micro e pequenas empresas está mais assentado sobre o mercado interno e o que a gente sabe é que o consumo continua crescendo. Há, também, o ingresso de novos consumidores”, afirmou Barretto. Do ponto de vista das políticas do setor público, ele pregou mais medidas de aperfeiçoamento da legislação que rege os pequenos empreendimentos no país e investimentos nos serviços de educação.

A presidente Dilma Rousseff deverá sancionar em breve o aumento do teto para classificação de micro e pequenas – de R$ 240 mil para R$ 360 mil no caso dos microempreendimentos e de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões as pequenas. A estimativa com a mudança é de que cerca de 30 mil firmas que não desfrutavam dos benefícios do Supersimples sejam favorecidas. Outra vantagem para as microempresas é a melhoria no parcelamento de débitos.

Ainda na análise da taxa de sobrevivência das pequenas empresas por setor de atividade, os empreendimentos da construção civil saíram na frente, com uma evolução no Brasil de 62,6% para 66,2%. Segundo Luiz Barretto, o avanço é indicativo do crescimento econômico e da expansão do crédito imobiliário, fenômenos associados ao volume maior das obras públicas.

No que depender do esforço próprio dos empreendedores, o nível de sobrevivência, hoje, está intimamente ligado, de acordo com o Sebrae, à capacidade deles de se conectarem ao mundo global, às novas tecnologias e aos circuitos da internet e das redes sociais, por exemplo, que impactam nos tempos modernos da gestão empresarial. No campo das habilidades pessoais, as recomendações não mudam, capitaneadas pela regra básica de não misturar as finanças pessoais com as da empresa. Ganhar visibilidade de mercado é mais uma receita fundamental, combinada ao controle de estoques e à busca de novos fornecedores do negócio.

*A repórter viajou a convite do Sebrae

 


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