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Estado de Minas

Copom decide Selic sob desconfiança do mercado


postado em 19/10/2011 07:45

A decisão sobre a taxa básica de juros já não é mais o único holofote que recai sobre a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que começou ontem e decide hoje o novo patamar do juro básico, a taxa Selic: a suspeita de vazamento de informações privilegiadas da reunião dos dias 30 e 31 de agosto, quando os analistas foram pegos de surpresa com um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, espalhou-se pelo mercado financeiro e deflagrou uma investigação por parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre movimentações atípicas no mercado de juros.

A CVM não divulgou detalhes da investigação. Enquanto analistas ouvidos pela Agência Estado dizem considerar bastante improvável um vazamento da decisão do Copom pelo BC, vem causando estranhamento já há algum tempo no mercado financeiro, por exemplo, a movimentação por parte dos investidores pessoa física nos contratos futuros negociados na BM? perderam dinheiro aqueles que apostaram na manutenção dos juros, como a maioria dos analistas.

Na opinião do economista e ex-diretor do BC Luís Eduardo de Assis, falar em vazamento de uma decisão que depende de um colegiado, que vota, depois de uma reunião de dois dias, requer imaginação criativa e predisposição para acreditar em teorias conspiratórias. "O que pode, sim, ter ocorrido é que o encaminhamento pelo corte tenha sido solicitado pelo Ministério da Fazenda ou, mais provavelmente, pelo Planalto, o que não tem nada de fundamentalmente errado, já que o Bacen não tem independência nem autonomia nas suas decisões", comentou Assis. "Alguém pode ter comentado esta 'encomenda' e isto pode ter sido o bastante para aumentar as apostas no corte de juros. Mas isto não é, exatamente, um vazamento."

De fato, houve uma escalada das declarações da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, nos dias que antecederam a decisão do Copom, de que já havia espaço para corte na taxa Selic. Em viagem ao Recife, na terça-feira, dia 30 primeiro dia da reunião do Copom, a presidente Dilma fez a seguinte declaração: "A partir deste momento, nós começamos a ver a possibilidade de redução dos juros no Brasil." Na véspera, ao anunciar em entrevista coletiva o aumento da meta de superávit primário do governo central em quase R$ 10 bilhões, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que "na medida em que o governo deixa de aumentar o gasto público, abre espaço para queda de juros, quando o Banco Central entende que é possível".

Esta não é a primeira vez que a lisura do processo de decisão do Copom é posta em questão. Em 1999, em meio à desvalorização do real após o fim do regime de bandas cambiais para oscilação da moeda brasileira frente ao dólar, Francisco Lopes, ex-presidente e ex-diretor de Política Monetária do BC e dono da consultoria Macrométrica, foi investigado sob a suspeita de vender informações privilegiadas. O caso teve como pivô o banqueiro Salvatore Cacciola, que foi condenado em 2005 a 13 anos de prisão por crime contra o sistema financeiro relacionado à operação de socorro irregular do BC ao seu banco, o Marka, que teria causado um prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos. Nada ficou comprovado sobre o suposto vazamento de informações privilegiadas pelo BC.

"O mercado já comenta isso faz tempo, isto é, não é segredo para ninguém que realmente está tendo uma taxa de acerto maior e também uma movimentação maior do investidor pessoa física antes do Copom, mas isso por si só não prova absolutamente nada", disse à Agência Estado o diretor de pesquisa de mercados emergentes para Américas da Nomura Securities, Tony Volpon. Apesar de considerar que o processo de segurança do BC seja bastante rígido e sem espaço para vazamentos, Volpon disse que é muito importante a investigação da CVM sobre as movimentações atípicas no mercado futuro de juros ao redor da reunião do Copom para zelar pela credibilidade do processo.


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