Brasília – A economia brasileira já sentiu o baque das turbulências que atormentam o mundo. Em junho, pela primeira vez desde o auge da crise 2008, o país pisou no freio e acendeu o sinal de alerta no governo. O indicador de atividade medido pelo Banco Central (IBC-Br) registrou queda de 0,26%, o que reforçou as apostas de que a instituição manterá a taxa básica de juros (Selic) em 12,50% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para o fim deste mês. Pelos cálculos do BC, antes da retração em junho, em dezembro de 2008, com a produção e o consumo no atoleiro, o país havia encolhido – o tombo foi de 4,4%.
A fraqueza econômica registrada pelo BC teve reflexos imediatos sobre o mercado financeiro. As taxas dos contratos de juros futuros (no qual os investidores tentam garantir ganhos com possíveis oscilações da Selic) derreteram, a ponto de indicarem a possibilidade de a autoridade monetária promover cortes nos juros básicos ainda neste ano. Esse sentimento foi reforçado pelas perspectivas de uma atividade global mais fraca, devido às dificuldades dos Estados Unidos e da Europa de se livrarem da ameaça da recessão. As estimativas, agora, são de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro fechará este ano com expansão entre 3% e 3,5% – uma decepção no entender do Palácio do Planalto.
"Há todo um cenário apontando um vigor menor na economia mundial. E, mesmo estando mais forte para enfrentar as turbulências externas, o Brasil não deverá escapar de uma desaceleração caso as coisas lá fora piorem", disse Henrique de la Rocque, operador de renda fixa e de derivativos da Brasif Gestão. "A implicação para a política monetária (do resultado de junho) é direta. O ritmo menor da atividade e os riscos de baixa no crescimento, por causa dos choques globais, elevam a perspectiva de que, na reunião de agosto, o Copom não aumente a taxa de juros", afirmou o economista Paulo Leme, chefe do Departamento de Pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs. Dentro do BC, a percepção é de que, com a economia mais fraca, a inflação convergirá rapidamente para o centro da meta, de 4,5%, em 2012.
Varejo
Na opinião dos especialistas, a retração da atividade em junho decorreu da menor produção industrial, que vem sofrendo com a competição dos importados e do tímido crescimento do varejo. "A leitura fraca (do indicador do BC) aumenta as preocupações de que a economia brasileira pode estar desacelerando mais rápido que o esperado, conforme sinalizado pela queda na produção industrial em junho e pelo modesto salto das vendas do varejo", afirmou Marcelo Salomon, economista do departamento de pesquisas do Barclays Capital.
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Economia do país registra desaceleração
Pela primeira vez desde 2008, PIB do BC encolheu, o que, segundo especialistas, é reflexo da turbulência mundial
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