O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, preso em Nova York por acusação de abuso sexual, não tem imunidade em processos judiciais, considerando as proteções especiais da instituição reservadas para o cargo, informou hoje o FMI. "As imunidades (do diretor-gerente) são limitadas e não são aplicáveis para este caso", afirmou o porta-voz do FMI, William Murray, em comunicado.
Em algumas circunstâncias, o diretor-gerente do FMI pode pedir imunidade contra processos, quando os casos estiverem ligados a negócios da instituição. O FMI disse repetidas vezes que Strauss-Kahn estava em Nova York por conta de negócios privados e pessoais - e não a pedido da instituição.
O conselho de diretores do FMI se reuniu na segunda-feira para discutir a situação legal de Strauss-Kahn, mas Murray declarou em comunicado que o encontro foi puramente informativo. Os diretores-executivos da instituição não discutiram qualquer ação sobre o futuro do diretor-gerente. Inúmeros funcionários com conhecimento do assunto afirmaram que estavam à espera de mais informações sobre o caso antes de decidir como proceder.
Substituição
Caso precise encontrar um novo diretor-gerente, o FMI deveria mudar o processo seletivo "feudal", tradicionalmente eurocêntrico, usado para preencher suas posições mais importantes, escreveu hoje o executivo-chefe do Pacific Investment Management Co. (Pimco), Mohamed El-Erian, no site do jornal Financial Times.
El-Erian, cujo nome tem sido mencionado como um possível sucessor de Strauss-Kahn, acrescenta que não fará parte do processo para preencher o cargo se ele ficar vago. "É importante que, nas próximas semanas, o conselho executivo do FMI finalize e torne público o processo que será usado, caso Strauss-Kahn seja forçado a renunciar", disse El-Erian. "Especificamente, o cargo de diretor-gerente deveria ser aberto a todas as nacionalidades, com candidatos analisados de forma transparente e levando-se em conta suas qualificações profissionais", acrescentou.