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Estado de Minas SAÚDE PARA TODES

Mês Violeta: movimento de conscientização sobre saúde das pessoas trans

Iniciativa da Avon, em parceria com a AVUS, viabilizará atendimento médico gratuito para a população trans e não-binária


11/11/2022 10:22 - atualizado 11/11/2022 14:18

Travesti Eva Pires posando com batons da Avon para campanha do Mês Violeta
Avon, em parceria com a AVUS, cria a iniciativa do Mês Violeta para reforçar a importância de dar visibilidade à saúde das pessoas trans (foto: Avon/Divulgação)


Meses de conscientização como o Outubro Rosa, com foco na prevenção do câncer de mama, e o Novembro Azul, voltado para a prevenção do câncer de próstata, são amplamente conhecidos e integram o calendário oficial de diversas empresas. Nessa linha, a Avon propõe a criação do Mês Violeta, para dar visibilidade à saúde das pessoas trans e não-binárias.

“Essa falta de representatividade contribui não somente para perpetuar ideias preconceituosas e distorcidas sobre essa parcela da população, como também mantém pessoas trans em situação de vulnerabilidade social sem acesso a direitos básicos, como emprego, educação e saúde”, afirma Viviane Pepe, diretora de comunicação da Avon Brasil, sobre campanhas voltadas apenas para o público cis.

A proposta do Mês Violeta foi desenvolvida em parceria com a AVUS, plataforma voltada para a democratização da saúde. Será realizadoentre 15 de outubro e 15 de novembro, meses dedicados à saúde do homem e da mulher cis. A cor violeta foi escolhida justamente por representar a mudança da tonalidade do rosa para o azul. 

A empresa viabilizará teleconsultas gratuitas com profissionais de psicologia, cardiologia, dermatologia, ginecologia, ortopedia, otorrinolaringologia, pediatria, psiquiatria, urologia, vascular e clínico geral.
 
Também serão oferecidos atendimentos com fonoaudiólogo e nutricionista com valores mais acessíveis, bem como descontos em medicamentos e um clínico geral disponível 24 horas por dia via vídeo chamada ou chat. Serão disponibilizadas vagas para duas mil pessoas e os interessados podem realizar o cadastro por meio do site Mês Violeta e das redes sociais da própria Avon.

“As pessoas acabavam se automedicando e muitas chegaram a situações extremas por não ter um acompanhamento médico. Essa é a importância de uma iniciativa como o Mês Violeta que a Avon promove, que é trazer atendimento e informação de qualidade”, afirma Eva Pires, travesti e revendedora Avon.

Invisibilizados até na saúde

Eva conta que o processo de transição é particular de cada pessoa. Há aquelas que querem fazer hormonização e aquelas que apenas com a mudança do cabelo e das roupas já se sentem confortáveis com o próprio corpo. Além disso, ela ressalta que o processo de transição não se inicia com a hormonização ou cirurgias, mas com o auto entendimento da identidade. 

“O processo de transição começa quando você entende que você não é uma pessoa cis, quando você não se encaixa nesse lugar de pessoas cisgêneras, que isso não te comtempla. Seja você uma mulher trans, um homem trans, uma travesti ou uma pessoa não binária, você entende que você não está na normatividade, ali começa o processo de transição, não é quando você se hormoniza ou põe silicone”, explica Eva.

Entretanto, o acesso ao processo de transição por hormonização pode ser muito demorado quando é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), devido à alta demanda. Na rede particular há dificuldade de encontrar profissionais capacitados para atender à população trans. 

“Identificamos que a falta de acesso a direitos básicos, como à saúde, é um dos principais problemas para pessoas trans – seja por falta de informação ou devido a condutas discriminatórias e despreparo por parte de profissionais da área – e que a invisibilidade a qual estão suscetíveis colabora para a manutenção dessa situação”, afirma Viviane Pepe.

Viviane ressalta que muitas pessoas trans sofrem com condutas discriminatórias e até mesmo violentas durante atendimentos em serviços de saúde, gerando a desistência da procura por profissionais da área. Além disso, estudos voltados para a saúde e corpos de pessoas trans também se tornam escassos.

Riscos da “medicina paralela”

Com essa falta de acesso a atendimento médico adequado, homens e mulheres trans passam a se automedicar com hormônios, fazem cirurgias com pessoas que não são da área da saúde e especialmente as mulheres trans chegam a fazer implantes com silicone industrial para ter silhueta feminina.  

Eva ressalta que o primeiro passo de toda pessoa trans deveria ser buscar por um atendimento psicológico. “Para as pessoas trans, que sofrem violências e micro agressões, passar por um atendimento psicológico é fundamental. Antes de passar pela sua cabeça tomar um hormônio ou fazer uma cirurgia, o mais importante é entender onde você está, quem é e o que quer”, afirma. 

Quebrando a barreira do binarismo

Viviane afirma que  não é apenas a população cisgênero que está suscetível a desenvolver câncer de mama ou de próstata. De acordo com um estudo realizado em 2019 pela University Medical Center mostra que mulheres trans, por exemplo, possuem 47 vezes mais chances de desenvolver tumores malignos na mama do que homens cis, principalmente devido ao uso de hormônios utilizados durante processos de transição de gênero. 

Eva ainda chama atenção que entre as pessoas trans, é possível que homens trans sejam acometidos por câncer de útero ou uma mulher trans que pode ter câncer de próstata. Desse modo, a discussão sobre a saúde baseada no binarismo não consegue abarcar todas as necessidades da sociedade. 

“Você chegar no Novembro Azul e falar que existem mulheres com próstata, ainda assusta. Então ter intercalado entre esses dois meses o mês violeta é dedicar um período de um mês para as pessoas se conscientizem que é importante cuidar da saúde trans assim como de pessoas cis”, afirma Eva.

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