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Estado de Minas WAKANDA PARA SEMPRE

Apaixonada por Wakanda, advogada levará 400 jovens para ver Pantera Negra

Luísa Helena, de 24 anos, promoveu uma "vaquinha" para custear o transporte, ingressos, pipoca e refrigerante para alunos de escolas públicas e projetos sociais


11/11/2022 11:21 - atualizado 11/11/2022 13:21

A professora Consolação, Luísa Helena, 'Pantera Negra', e o pai Robertson Saraiva fazem o gesto de Wakanda, cruzando os braços
A professora Consolação, Luísa Helena, 'Pantera Negra', e o pai Robertson Saraiva (foto: Arquivo Pessoal)

 
Às 0h de 15 de fevereiro de 2018, Luísa Helena Martins foi com o pai, o professor Robertson Saraiva dos Santos, ao cinema. Uma noite inesquecível, que a jovem, na época com 20 anos, registrou em fotos e na memória.
 
Não foi apenas pela diversão, com direito a pipoca e guaraná, que essa data se tornou memorável. Foi a primeira vez que ela se reconheceu na telona. Ela se viu nas heroínas de Pantera Negra, filme da Marvel com direção de Ryan Coogler: as personagens Shuri, Okoye e Nakia. Algo tão profundo que a experiência não terminou quando subiu o letreiro do filme. 
 
"Fui dormir praticamente chorando, de emoção. Estava positivamente abalada. Pela primeira vez, eu senti que era possível ter um filme só de protagonismo negro, com falas maravilhosas, com com coisas positivas sobre a nossa cor. Então é isso tudo que o Pantera Negra traz. Não é uma só representatividade, protagonismo mesmo e lições de vida muito valiosas", recorda-se.
 
Luísa e o pai na sala de cinema. Ele segura um balde de pipoca escrito 'Pantera Negra'
Luisa foi com o pai assistir a Pantera Negra em 15 de fevereiro de 2018 (foto: Arquivo Pessoal)
 

A experiência foi tão marcante para a jovem, que na época cursava direito, que passados quatro anos, ela quer voltar ao cinema e acompanhada de outros jovens para assistir ao Pantera Negra: Wakanda para sempre. Ao saber da estreia do segundo filme, Luísa mobilizou a rede de contatos para levar outros jovens negros ao cinema.
 
Luísa propôs uma "vaquinha" para arrecadar recursos para bancar os ingressos, pipoca refrigerante e transporte para cerca de 100 jovens de periferia. Lançou a ideia nas redes sociais, que viralizou de imediato, saiu da bolha de amigos da jovem e alcançou um universo inesperado. Ela conseguiu ingresso não para 100 jovens, como queria inicialmente, mas para 400! Fechou duas salas de cinema para sessões especiais na próxima segunda-feira (14/11).Luísa nomeou as salas em que serão realizadas as sessões de Chadwick Boseman (1976-2020), ator que interpretou o Pantera Negra, e Elza Soares (1930-2022)
 
O filme não é apenas uma obra artística para Luísa. Wakanda passou a fazer parte de seu cotidiano, uma filosofia de vida. Por essa razão, ela escolheu o tema como motivo da decoração da festa de aniversário de 21 anos. 
 
Por Wakanda ser um território de reafirmação das culturas africanas, a jovem entende que o filme mostra conteúdo importante para resgatar a autoestima de jovens negros, muitas vezes, solapada pelo racismo. Lançado pela Marvel, Pantera Negra foi o primeiro filme de Hollywood com super-heroi negro, o rei T'challa. 

"O filme traz a negritude e a população indígena com muita leveza. Acredito que é isso que a população negra e os povos indígenas precisam: se ver representados com leveza, se ver representados como protagonistas. Não uma representatividade vazia, mas protagonistas mesmo das histórias de amor, do afeto. Histórias que não têm relação com violência e com a morte, mas sim com vida. O Pantera Negra traz lições de vida muito importantes. Isso é muito forte, principalmente nesse segundo filme."  
Luísa, o irmão, a mãe e o pai na sala de cinema
Luísa foi com a família assistir a Pantera Negra: Wakanda Forever (foto: Arquivo Pessoal )
 

Filha de professores

Luísa de mãos para o alto encostada em um cartaz de Pantera Negra e com um bolo de aniversário rosa à frente
Luísa escolheu o filme Pantera Negra como o tema do aniversário de 21 anos (foto: Arquivo Pessoal)
Luísa e o irmão João Victor Martins Saraiva foram criados por pais professores - Robertson Saraiva e Maria da Consolação Martins Saraiva - que os muniram de armas para enfrentar o racismo. Aos pais coube reforçar as qualidades dos dois filhos, que sempre foram bons alunos e quando chegaram à universidade se destacaram na trajetória acadêmica. Mas mais do que isso, os dois foram criados a partir de referências do movimento negro e da cultura negra.
 
Luísa concluiu a faculdade de direito em 2021 e logo depois resolveu cursar medicina em Buenos Aires na Argentina. E nos dois cursos, ela voltou a formação para entender as questões e demandas da população negra. "Desde que eu entrei na Faculdade de direito assim nos primeiros trabalhos foram sobre negritude."
 
A jovem também se encantou pelo trabalho de doula, área que passou a atuar tendo foco principal o acolhimento e a saúde da mulher negra. "Maior número de violência obstétrica que acontece hoje no país é contra mulheres negras isso mexeu muito comigo 
Criou com uma amiga um escritório de coworking de advocacia para atender pessoas negras e indígenas. Aliou ao seu trabalho de advogada técnicas da terapia holística para garantir "tratamentos humanizados". 

Escolas e projetos que participam

  • Escola Municipal Professora Alcida Torres, do bairro Taquaril;
  • Escola Municipal Florestan Fernandes, do Bairro Solimões;
  • Escola Municipal Pedro Guerra, do Bairro Mantiqueira;
  • Escola Municipal Pedro Aleixo, do Bairro Araguaia;
  • Escola Municipal Francisca Alve, do Bairro Santa Terezinha. 
  • Lá da Favelinha, do Aglomerado da Serra  


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