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Estado de Minas MEMÓRIA

Congados e reinados mostram a identidade negra

Primeiro Fórum Mineiro de Reinados e Congados propõe a criação de propostas voltadas para a manutenção e proteção das festas de congado e reinado no estado


19/01/2022 09:00 - atualizado 19/01/2022 09:56

Congado de Paula Cândido em 2018
Festa do Rosário em Paula Cândido em 2018 (foto: Thaynã Paes)


As celebrações das festas de Reinado e Congado fazem parte da cultura nacional, em especial em Minas, que tem tradições que remontam ao século XVII. Como forma de manter viva essa cultura, será realizado, nos dias 21 e 22 de janeiro, o 1º Fórum Mineiro de Reinados e Congados.

O congado, ou reinado, é uma importante festa afro-brasileira,  que por meio de dança, música e muitas cores, representa passagens históricas em homenagem a São Benedito, Santa Efigênia e especialmente à Nossa Senhora do Rosário. A celebração reúne elementos da cultura cristã e da cultura africana, tendo como origem a coroação de antigos reis africanos.

“É a fé, as promessas e a história do nosso povo. Em todos os cantos de Minas tem congado, moçambique, marujo, catopê e muito mais, essa variedade bonita, tudo no fundo é uma grande irmandade, conheci alguns e quero conhecer muito mais, isso dá sentido as coisas é o que mais dá alegria a nossa gente”, declara Sebastião Ambrósio Jerônimo, conhecido como Zizinho, mestre congadeiro e presidente da Banda de Congo Nossa Senhora do Rosário de Paula Cândido.

Mestre Zizinho e José do Carmo
Mestre Zizinho e José do Carmo na Troca de Saberes da UFV (foto: Raoni Garcia)


Thaynã Fernandes Araújo Paes, integrante do Conselho Estadual de Política Cultural (Consec) e membro da diretoria da Banda de Congo Nossa Senhora do Rosário de Paula Cândido, explica que o congado é símbolo da identidade do município e motivo de orgulho para seus moradores e afirma que a cultura congadeira é fundamental para a economia por fomentar o turismo das cidades do interior.

A festa do Congado de Paula Cândido teve origem em 1853 e é o evento que mais movimenta a cidade, localizada na Zona da Mata, assim como outras diversas cidades de Minas Gerais, e conserva a história no Brasil, da época da colonização. “A própria festa, os próprios reinados são uma forma de combate ao preconceito racial e de valorização da trajetória e da história do povo negro”, declara Thaynã.

O Fórum

O 1º Fórum Mineiro de Reinados e Congados é fruto de um projeto aprovado pelo edital da Lei Aldir Blanc em 2021 na modalidade Seleção de Propostas - Organizações da Sociedade Civil.
 
Parte do investimento capitado foi dedicado à reforma da sede da banda de congado de Paula Candido, na confecção das indumandárias tradicionais da festa e na distribuição de cestas básicas de Natal, blusas, estandartes e bolsas fabricadas por artesãs congadeiras da cidade aos seus integrantes.

Outra parte do investimento foi dedicada à microprojetos, sendo um deles o 1° Prêmio da Cultura Congadeira da Zona da Mata, que selecionou cinco vencedores. Eles receberam R$ 6 mil cada, além de vídeos de divulgação e a montagem de portfólio, para registro, preservação e divulgação das tradições. Os outros dois microprojetos foram o Prêmio Culturas Afromineiras de Paula Cândido e o Fórum Mineiro de Reinados e Congados.

Banda de Congo de Ubá
Congado é importante festa afro-brasileira que ocorre em várias cidades mineiras (foto: André Narciso)


O primeiro dia do Fórum será dedicado à uma mesa de abertura com falas de representantes referência na luta pela preservação das festas, como a Rainha Neli, e contará com representação regional do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan) e a presença do secretário de estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira. 

O segundo dia será dedicado ao desenvolvimento de propostas de manutenção e continuação da tradição por grupos de trabalho. O resultado das propostas será encaminhado para entidades como Iphan, Secretaria de Estado de Cultura e Assembleia Legislativa de Minas Gerais. “Tentar o máximo de propostas para conseguir apoio em vários lugares”, afirma Thaynã. 

Thaynã aponta que ainda faltam investimentos na área de cultura popular em Minas, em especial no interior do estado, para a preservação de festas como o congado. “Que tenha políticas pública simplificadas e mais específicas, que entendam a realidade tanto dos congados quanto dos reinados”. 
 
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Maria Cruz 


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